Campeã! Portela rompe 32 anos sem título e Madureira está em festa
Cinco meses após a morte de seu presidente, Marcos Falcon, a Portela reencontra o caminho da vitória numa disputa apertada com a Mocidade. A escola é a maior campeã do carnaval carioca – com o deste ano, a agremiação acumula 22 títulos. O seu último campeonato tinha sido conquistado em 1984. Muita gente temia que a escola […]
POR Sidney Rezende01/03/2017|10 min de leitura
Cinco meses após a morte de seu presidente, Marcos Falcon, a Portela reencontra o caminho da vitória numa disputa apertada com a Mocidade. A escola é a maior campeã do carnaval carioca – com o deste ano, a agremiação acumula 22 títulos. O seu último campeonato tinha sido conquistado em 1984.
Muita gente temia que a escola perdesse e, se isso acontecesse, ela completaria 33 anos de jejum. Mas isto não aconteceu!
A Portela, que também conquistou o PrêmioSRzd Carnaval de 2017, é só emoção, lágrimas e gratidão ao talento do mais polêmico carnavalesco da história recente, Paulo Barros.
Na apuração o que se viu foi torcedores da Mocidade e da Portela roendo as unhas. Veja as fotos dos portelenses.
A reportagem do SRzd já havia pressentido o título e narrou assim o desfile histórico. Leia o texto de Rodrigo Trindade:
“Quem nunca sentiu o corpo arrepiar ao ver este rio passar?”. Cantando este enredo, a Portela brilhou na Marquês de Sapucaí na madrugada desta terça-feira (28), sendo a penúltima escola a desfilar: se destacou em vários quesitos, mostrou emoção, chão forte e plástica de muita qualidade. Não foi nota 10 apenas em efeitos especiais. Fez, com folga, o melhor desfile destes dois dias do Grupo Especial do Rio de Janeiro.
Foto: Juliana Dias
Alegorias bem acabadas e fantasias volumosas
Nas alegorias, acabamento impecável e soluções com a assinatura do carnavalesco Paulo Barros. Nas fantasias, muito volume e bom gosto; junto neste pacote, evolução tranquila e sem achatar seus componentes, que brincaram Carnaval e contribuíram para o sucesso desta apresentação.
Carro de som e bateria também se destacam
Sabe-se que um bom enredo dá bom samba. Na Portela, isso aconteceu e com louvor. O intérprete Gilsinho cumpriu seu papel com maestria, com ajuda de seu carro de som e ainda de mestre Nilo Sérgio. Sapucaí cantou, desfilantes retribuíram. Foi sensacional.
Houve catarse em vários outros momentos do desfile. A começar pela comissão de frente, assinada por Leo Senna e Kelly Siqueira: representou a piracema, fenômeno que se dá quando peixes nadam contra a correnteza. Um enorme elemento alegórico complementou a performance dos 15 componentes-peixes.
Dando continuidade à sua narrativa sobre vários aspectos que envolvem rios, Paulo Barros trouxe também questões religiosas. Viu-se, por exemplo, no primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Alex Marcelino e Danielle Nascimento, as fantasias “Oxum e Oxóssi”.
No abre-alas, veio a “Fonte da Vida”, curiosamente em tons dourados e com belo efeito de luz. Teria nascido aí, segundo a concepção da escola, o rio azul e branco portelense. Logo após, um setor representou mitos relacionados à água de rios.
O segundo carro, também muito impactante, mostrou o Egito e o Rio Nilo. Efeitos especiais faziam barquinhos irem de um lado a outro. Na saia, várias esfinges também imprimiram bom gosto e primoroso acabamento.
O setor seguinte mostrou os rios e os aspectos naturais, mais uma vez, de “encher as medidas”. Alas representavam animais como crocodilos, além de mananciais, e até mesmo lendas indígenas como o “Boto Cor-de-Rosa”. A terceira alegoria, de nome “Boiuna”, complementou a narrativa: a enorme cobra, fruto da lenda amazonense que impera entre os ribeirinhos, veio circundada com mais um efeito especial: jangadas nas laterais arrancaram aplausos do público.
Se até este momento o desfile da Portela era emocionante, outro setor potencializaria ainda mais este sentimento: a quarta alegoria, “Um rio que era doce”, fez alusão ao absurdo desastre sofrido por Mariana, cidade mineira, e outros locais afetados pela negligência dos responsáveis. Com cópia quase que fiel às imagens horríveis divulgadas pela mídia, teve um ponto alto: um rapaz, caracterizado de morador, veio “chorando” .
Deixando para traz a tristeza, a Portela abordou no quinto carro “A Canção do Rio dos Pássaros”, menção à poesia do cancioneiro paraguaio Aníbal Sampayo, com direito à performance com “pássaros voadores”. Com destaque ao tom azul do elemento e as multicores dos bichos.
A Portela encerrou a narrativa com um setor em sua exaltação: “Meu coração se deixou levar” relembrou figuras que marcaram seus 94 anos. Na última alegoria, acoplada, veio o “Altar do Carnaval”, e junto a ele personalidades portelenses, além de uma homenagem a Oxum.
Cinco meses após a morte de seu presidente, Marcos Falcon, a Portela reencontra o caminho da vitória numa disputa apertada com a Mocidade. A escola é a maior campeã do carnaval carioca – com o deste ano, a agremiação acumula 22 títulos. O seu último campeonato tinha sido conquistado em 1984.
Muita gente temia que a escola perdesse e, se isso acontecesse, ela completaria 33 anos de jejum. Mas isto não aconteceu!
A Portela, que também conquistou o PrêmioSRzd Carnaval de 2017, é só emoção, lágrimas e gratidão ao talento do mais polêmico carnavalesco da história recente, Paulo Barros.
Na apuração o que se viu foi torcedores da Mocidade e da Portela roendo as unhas. Veja as fotos dos portelenses.
A reportagem do SRzd já havia pressentido o título e narrou assim o desfile histórico. Leia o texto de Rodrigo Trindade:
“Quem nunca sentiu o corpo arrepiar ao ver este rio passar?”. Cantando este enredo, a Portela brilhou na Marquês de Sapucaí na madrugada desta terça-feira (28), sendo a penúltima escola a desfilar: se destacou em vários quesitos, mostrou emoção, chão forte e plástica de muita qualidade. Não foi nota 10 apenas em efeitos especiais. Fez, com folga, o melhor desfile destes dois dias do Grupo Especial do Rio de Janeiro.
Foto: Juliana Dias
Alegorias bem acabadas e fantasias volumosas
Nas alegorias, acabamento impecável e soluções com a assinatura do carnavalesco Paulo Barros. Nas fantasias, muito volume e bom gosto; junto neste pacote, evolução tranquila e sem achatar seus componentes, que brincaram Carnaval e contribuíram para o sucesso desta apresentação.
Carro de som e bateria também se destacam
Sabe-se que um bom enredo dá bom samba. Na Portela, isso aconteceu e com louvor. O intérprete Gilsinho cumpriu seu papel com maestria, com ajuda de seu carro de som e ainda de mestre Nilo Sérgio. Sapucaí cantou, desfilantes retribuíram. Foi sensacional.
Houve catarse em vários outros momentos do desfile. A começar pela comissão de frente, assinada por Leo Senna e Kelly Siqueira: representou a piracema, fenômeno que se dá quando peixes nadam contra a correnteza. Um enorme elemento alegórico complementou a performance dos 15 componentes-peixes.
Dando continuidade à sua narrativa sobre vários aspectos que envolvem rios, Paulo Barros trouxe também questões religiosas. Viu-se, por exemplo, no primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Alex Marcelino e Danielle Nascimento, as fantasias “Oxum e Oxóssi”.
No abre-alas, veio a “Fonte da Vida”, curiosamente em tons dourados e com belo efeito de luz. Teria nascido aí, segundo a concepção da escola, o rio azul e branco portelense. Logo após, um setor representou mitos relacionados à água de rios.
O segundo carro, também muito impactante, mostrou o Egito e o Rio Nilo. Efeitos especiais faziam barquinhos irem de um lado a outro. Na saia, várias esfinges também imprimiram bom gosto e primoroso acabamento.
O setor seguinte mostrou os rios e os aspectos naturais, mais uma vez, de “encher as medidas”. Alas representavam animais como crocodilos, além de mananciais, e até mesmo lendas indígenas como o “Boto Cor-de-Rosa”. A terceira alegoria, de nome “Boiuna”, complementou a narrativa: a enorme cobra, fruto da lenda amazonense que impera entre os ribeirinhos, veio circundada com mais um efeito especial: jangadas nas laterais arrancaram aplausos do público.
Se até este momento o desfile da Portela era emocionante, outro setor potencializaria ainda mais este sentimento: a quarta alegoria, “Um rio que era doce”, fez alusão ao absurdo desastre sofrido por Mariana, cidade mineira, e outros locais afetados pela negligência dos responsáveis. Com cópia quase que fiel às imagens horríveis divulgadas pela mídia, teve um ponto alto: um rapaz, caracterizado de morador, veio “chorando” .
Deixando para traz a tristeza, a Portela abordou no quinto carro “A Canção do Rio dos Pássaros”, menção à poesia do cancioneiro paraguaio Aníbal Sampayo, com direito à performance com “pássaros voadores”. Com destaque ao tom azul do elemento e as multicores dos bichos.
A Portela encerrou a narrativa com um setor em sua exaltação: “Meu coração se deixou levar” relembrou figuras que marcaram seus 94 anos. Na última alegoria, acoplada, veio o “Altar do Carnaval”, e junto a ele personalidades portelenses, além de uma homenagem a Oxum.