No próximo domingo, dia 04, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood (Academy of Motion Picture Arts and Sciences – AMPAS) realizará a 90ª cerimônia de entrega do Oscar. E assim como nos anos anteriores, considerando que é o prêmio mais importante do cinema mundial, preparei um especial com análises das categorias principais (melhor filme, direção, ator, atriz, ator coadjuvante e atriz coadjuvante) e um pequeno perfil de seus indicados, começando nesta segunda-feira, dia 26, pela categoria de melhor atriz coadjuvante.

 

Precisando fugir de polêmicas para recuperar o prestígio e a audiência de outrora, a AMPAS se encontra novamente numa posição delicada devido aos recentes acontecimentos que abalaram as estruturas de Hollywood, sobretudo o escândalo envolvendo o produtor Harvey Weinstein, que desencadeou uma série de acusações de assédio e abuso sexual contra diversos profissionais. Algumas comprovadas, outras não.

 

Devido ao escândalo, a AMPAS expulsou Weinstein, colocando-o completamente fora do jogo de bastidores desta edição. Jogo este que o produtor dominava com maestria, inclusive influenciando resultados. Desde então, a Academia estabeleceu regras de conduta e tem sido pressionada a se posicionar contra outros membros que receberam acusações semelhantes. E parte desta pressão vem de movimentos como “Time’s Up” e o “#MeToo”, que lutam não apenas contra abuso e assédio sexual, mas também a favor de igualdade em termos de espaço e salário. Tudo isto começou poucos meses após a troca de gestão da instituição, agora presidida por John Bailey, diretor de fotografia conhecido por trabalhos em filmes como “Gigolô Americano” (American Gigolo – 1980) e “Silverado” (Idem – 1985).

 

Assim como em edições anteriores, pode-se dizer que o Oscar deste ano contará com manifestações tanto no tapete vermelho quanto no palco do Dolby Theatre. E não apenas em relação aos escândalos sexuais, pois a cerimônia também serve como cenário para protestos de cunho político, alguns deles até em tom de deboche.

 

 

Ao longo dos meses que antecedem a cerimônia do Oscar é possível analisar as tendências da temporada de premiações e apontar os prováveis vencedores da tão cobiçada estatueta. Considerado uma prévia do prêmio da AMPAS e a segunda maior festa do cinema americano, o Globo de Ouro, concedido pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood (Hollywood Foreign Press Association – HFPA), impulsiona a campanha dos indicados ao Golden Boy, mas não exerce nenhuma influência sobre o resultado. Isto porque os membros da HFPA não integram a AMPAS, que tem nas premiações dos sindicatos seus verdadeiros termômetros.

 

Desta forma, pode-se dizer que os agraciados pelo SAG Awards, DGA Awards e PGA Awards, por exemplo, têm mais chances de vitória nas categorias de atores, direção e filme, respectivamente. Seus resultados nos permitem fazer alguma predição, mas de vez em quando embolam a disputa. Foi o que aconteceu novamente este ano em relação à categoria de melhor filme, que tem como maiores indicativos o PGA Awards e o Actor de melhor elenco, concedido pelo SAG Awards.

 

Nas últimas semanas, muito se falou acerca da originalidade da trama de um dos favoritos ao prêmio e líder de indicações, 13 ao todo, “A Forma da Água” (The Shape of Water – 2017), vencedor do PGA Awards. E parte do falatório não foi apenas pela inegável qualidade da obra de Guillermo del Toro, inspirada no clássico “O Monstro da Lagoa Negra” (Creature from the Black Lagoon – 1954), de Jack Arnold, mas também por causa da acusação de plágio contra o diretor e a Fox. Arquivada pelo Tribunal Federal de Los Angeles na última quarta-feira, dia 21, a acusação é vista pelo estúdio e pela equipe do longa como uma maneira de enfraquecê-lo na disputa pelo Oscar, cuja votação final teve início na última terça-feira, dia 20, e será encerrada nesta terça-feira, dia 27.

 

O outro favorito é “Três Anúncios Para um Crime” (Three Billboards Outside Ebbing, Missouri – 2017), de Martin McDonagh, que venceu o SAG Award de melhor elenco. Contudo, é imprescindível ressaltar que a fantasia de Guillermo del Toro não concorreu ao Actor desta categoria. Os dois filmes, assim como os indicados em geral, têm como principal ameaça “Lady Bird – A Hora de Voar” (Lady Bird – 2017). A ameaça, digamos assim, não se deve à qualidade do longa de Greta Gerwig, pois trata-se do título mais fraco da disputa, mas ao fato de ser uma obra realizada por uma mulher, apesar de Bailey ter afirmado com veemência há alguns meses que não haverá na Academia um sistema de cotas, como alguns membros e parte da imprensa especializada supunham.

 

A 90ª cerimônia de entrega do Oscar será realizada no próximo domingo, dia 04, no Dolby Theatre em Los Angeles. Apresentada por Jimmy Kimmel, a maior festa do cinema mundial será transmitida ao vivo pelo canal por assinatura TNT.

 

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