As reportagens do jornal The New York Times e da revista New Yorker abalaram as estruturas de Hollywood por colocarem um de seus executivos mais poderosos na berlinda. Investigado nos Estados Unidos e na Inglaterra por assédio sexual, Harvey Weinstein é o que pode ser chamado de representante da velha Hollywood no século XXI, incorrendo […]
POR Ana Carolina Garcia17/10/2017|4 min de leitura
As reportagens do jornal The New York Times e da revista New Yorker abalaram as estruturas de Hollywood por colocarem um de seus executivos mais poderosos na berlinda. Investigado nos Estados Unidos e na Inglaterra por assédio sexual, Harvey Weinstein é o que pode ser chamado de representante da velha Hollywood no século XXI, incorrendo em práticas que não eram combatidas nem mesmo questionadas com a devida seriedade no passado.
Os relatos de assédio sexual envolvendo Weinstein circulam há pelo menos duas décadas, mas ninguém, nem mesmo ele, poderia prever o terremoto que o levaria do topo direto para o limbo da indústria do entretenimento. Entre as consequências enfrentadas pelo produtor de “Pulp Fiction – Tempo de Violência” (Pulp Fiction – 1994), “Gangues de Nova York” (Gangs of New York – 2002) e “Shakespeare Apaixonado” (Shakespeare in Love – 1998), que lhe rendeu o Oscar de melhor filme, estão: a demissão de sua própria empresa, a The Weinstein Company; a abertura de um processo de expulsão do Sindicato dos Produtores (Producers Guild of America – PGA) na última segunda-feira, dia 16, que deu ao executivo um prazo de defesa até 06 de novembro; e a expulsão da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood (Academy of Motion Picture Arts and Sciences – AMPAS).
No último sábado, dia 14, o conselho diretor da AMPAS realizou uma reunião de emergência em sua sede em Los Angeles para discutir o futuro de Weinstein. A decisão de expulsá-lo contou com mais de dois terços dos votos do conselho formado por 54 profissionais respeitados pela indústria – entre seus membros estão Steven Spielberg, Tom Hanks, Whoopi Goldberg, Laura Dern e Kathleen Kennedy.
A expulsão da AMPAS tem um significado que vai além do apoio às vítimas de Harvey Weinstein e acontece num momento em que a Academia necessita manter a sua imagem longe de situações embaraçosas que possam lhe render críticas negativas. Isso ainda é um reflexo do Oscar 2016, o chamado “#OscarSoWhite”, que colocou a instituição no olho do furacão e obrigou sua então presidente, Cheryl Boone Isaacs, a explicar o porquê da falta de diversidade dentre indicados e membros. Mas e o efeito dessa expulsão?!
Considerando a forte atuação de Harvey Weinstein no período de premiações, a expulsão da AMPAS terá um efeito devastador sobre as produções da The Weinstein Company em termos de prêmios. Isso porque Weinstein perdeu o seu poder de fogo dentro de uma indústria que sempre sobreviveu da boa imagem de seus profissionais por um motivo óbvio: ninguém quer ser associado a um nome envolvido num escândalo de grandes proporções, como esse, por medo da retaliação do público, sobretudo numa época em que redes sociais possibilitam discussões acaloradas acerca de quaisquer temas, por vezes ditando regras e promovendo boicotes.
Numa situação delicada e correndo o risco de fechar as portas por causa das atitudes de um de seus fundadores, a The Weinstein Company anunciou nesta segunda-feira, dia 16, o adiamento da estreia de sua maior aposta para o Oscar 2018, “A Guerra das Correntes” (The Current War), inicialmente previsto para novembro no mercado americano. Dirigido por Alfonso Gomez-Rejon, o longa estrelado por Tom Holland, Benedict Cumberbatch e Michael Shannon é uma das primeiras produções afetadas pelo escândalo e não teve nova data de lançamento divulgada. Além do filme, a série dirigida por David O. Russell e estrelada por Robert De Niro e Julianne Moore foi cancelada pela Amazon Prime, que não quer seu nome associado à empresa dos irmãos Bob e Harvey Weinstein.
Esse é o efeito em curto prazo de um escândalo que terá novos desdobramentos no decorrer das investigações, mas será sentido de fato pela indústria nos próximos meses porque mesmo que seja inocentado, Harvey Weinstein não terá mais como exercer a influência de outrora. E a sua queda permitirá aos outros estúdios e distribuidoras uma disputa mais equilibrada em termos de campanhas, inclusive na próxima temporada de premiações, sobretudo no jogo dos bastidores. Jogo esse que Weinstein dominava com maestria.
As reportagens do jornal The New York Times e da revista New Yorker abalaram as estruturas de Hollywood por colocarem um de seus executivos mais poderosos na berlinda. Investigado nos Estados Unidos e na Inglaterra por assédio sexual, Harvey Weinstein é o que pode ser chamado de representante da velha Hollywood no século XXI, incorrendo em práticas que não eram combatidas nem mesmo questionadas com a devida seriedade no passado.
Os relatos de assédio sexual envolvendo Weinstein circulam há pelo menos duas décadas, mas ninguém, nem mesmo ele, poderia prever o terremoto que o levaria do topo direto para o limbo da indústria do entretenimento. Entre as consequências enfrentadas pelo produtor de “Pulp Fiction – Tempo de Violência” (Pulp Fiction – 1994), “Gangues de Nova York” (Gangs of New York – 2002) e “Shakespeare Apaixonado” (Shakespeare in Love – 1998), que lhe rendeu o Oscar de melhor filme, estão: a demissão de sua própria empresa, a The Weinstein Company; a abertura de um processo de expulsão do Sindicato dos Produtores (Producers Guild of America – PGA) na última segunda-feira, dia 16, que deu ao executivo um prazo de defesa até 06 de novembro; e a expulsão da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood (Academy of Motion Picture Arts and Sciences – AMPAS).
No último sábado, dia 14, o conselho diretor da AMPAS realizou uma reunião de emergência em sua sede em Los Angeles para discutir o futuro de Weinstein. A decisão de expulsá-lo contou com mais de dois terços dos votos do conselho formado por 54 profissionais respeitados pela indústria – entre seus membros estão Steven Spielberg, Tom Hanks, Whoopi Goldberg, Laura Dern e Kathleen Kennedy.
A expulsão da AMPAS tem um significado que vai além do apoio às vítimas de Harvey Weinstein e acontece num momento em que a Academia necessita manter a sua imagem longe de situações embaraçosas que possam lhe render críticas negativas. Isso ainda é um reflexo do Oscar 2016, o chamado “#OscarSoWhite”, que colocou a instituição no olho do furacão e obrigou sua então presidente, Cheryl Boone Isaacs, a explicar o porquê da falta de diversidade dentre indicados e membros. Mas e o efeito dessa expulsão?!
Considerando a forte atuação de Harvey Weinstein no período de premiações, a expulsão da AMPAS terá um efeito devastador sobre as produções da The Weinstein Company em termos de prêmios. Isso porque Weinstein perdeu o seu poder de fogo dentro de uma indústria que sempre sobreviveu da boa imagem de seus profissionais por um motivo óbvio: ninguém quer ser associado a um nome envolvido num escândalo de grandes proporções, como esse, por medo da retaliação do público, sobretudo numa época em que redes sociais possibilitam discussões acaloradas acerca de quaisquer temas, por vezes ditando regras e promovendo boicotes.
Numa situação delicada e correndo o risco de fechar as portas por causa das atitudes de um de seus fundadores, a The Weinstein Company anunciou nesta segunda-feira, dia 16, o adiamento da estreia de sua maior aposta para o Oscar 2018, “A Guerra das Correntes” (The Current War), inicialmente previsto para novembro no mercado americano. Dirigido por Alfonso Gomez-Rejon, o longa estrelado por Tom Holland, Benedict Cumberbatch e Michael Shannon é uma das primeiras produções afetadas pelo escândalo e não teve nova data de lançamento divulgada. Além do filme, a série dirigida por David O. Russell e estrelada por Robert De Niro e Julianne Moore foi cancelada pela Amazon Prime, que não quer seu nome associado à empresa dos irmãos Bob e Harvey Weinstein.
Esse é o efeito em curto prazo de um escândalo que terá novos desdobramentos no decorrer das investigações, mas será sentido de fato pela indústria nos próximos meses porque mesmo que seja inocentado, Harvey Weinstein não terá mais como exercer a influência de outrora. E a sua queda permitirá aos outros estúdios e distribuidoras uma disputa mais equilibrada em termos de campanhas, inclusive na próxima temporada de premiações, sobretudo no jogo dos bastidores. Jogo esse que Weinstein dominava com maestria.