Decidiu falar. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, quebrou o silêncio e abordou, pela primeira vez na TV, o caso de assédio sexual que ela relatou ter sofrido por parte do ex-ministro Silvio Almeida.
Ela foi uma das vítimas que vieram à tona, depois que a ONG MeToo confirmou as denúncias contra o ex-ministro dos Direitos Humanos.
Em entrevista ao “Fantástico”, neste domingo (6), Anielle reiterou a acusação e fez um desabafo sobre a violência à qual as mulheres estão expostas.
“É preciso parar de normalizar o assédio quando uma mulher falar”, destacou ela. “O assédio precisa ser denunciado, independente de quem comete”, frisou Anielle, que na semana passada, depôs na Polícia Federal sobre o caso.
“Mulher nenhuma deveria passar”
Segundo a ministra, os atos de assédio de Almeida começaram em 2022, no início do governo Lula. No início, eram sutis, mas foram se tornando mais constantes.
“No primeiro momento, eu optei pelo silêncio. A exposição indevida faz com que a gente repense, pense. Então, tem uns estágios ali que fazem você se sentir culpada, insegura, vulnerável. A maioria das mulheres nunca denuncia o estupro ou a violência sexual que sofreu. Mas quando uma mulher rompe o silêncio e levanta sua voz com
muita coragem e com um altíssimo custo, em especial para ela, ela inspira muitas mulheres a fazê-lo”, completou.
A reportagem mostrou ainda duas outras supostas vítimas do ex-ministro, que afirma que todas as denúncias são “mentiras” e “ilações absurdas” sem provas.
“Ao mesmo tempo em que eu me senti invadida, vulnerável, exposta, eu também sinto uma gana danada de lutar por um lugar mais justo para mim e para você. Eu, Anielle, não permitirei que a minha história seja resumida à violência”, ressaltou Anielle.
Almeida foi demitido do cargo pelo presidente Lula, após o governo federal considerar “insustentável” a permanência dele na pasta. O ex-ministro nega todas as acusações.