ARTIGO: Flores, trânsito, voto e cidadania

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Leia o novo artigo do jornalista Edmilson Silva

POR Redação SRzd 17/8/2006| 3 min de leitura

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Leia o novo artigo do jornalista Edmilson Silva

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Em crônica recente, Zuenir Ventura fez muito bem em elogiar a qualidade de vida em Brasília. Morando aqui, mesmo há apenas quatro meses, posso constatar o quão o Rio de Janeiro anda distante dos luxos de convivência experimentados na capital do País.

Claro que Brasília e Rio são cidades bem diferentes devido a características peculiares de constituição, história, modos de ocupação, etc. Mas temos de convir que trata-se de verdadeiro luxo urbano a pessoa querer atravessar a rua, encaminhar-se à faixa de pedestres e apenas com o gesto de elevar um pouco o braço à frente do corpo, os carros simplesmente pararem. E o pedestre passa, sem o risco de ser jogado para o alto.

Para quem foi obrigado a se acostumar com a fúria do trânsito carioca, é surpreendente perceber que basta apenas repetir essa convenção gestual para que os carros cedam a vez. O gesto é válido para as faixas de pedestres em que não há o tradicional sinal de trânsito. Nas demais, é preciso esperar o sinal ficar vermelho.

Mesmo sendo poucos, também no Distrito Federal há os motoristas “espertos”, que não se enquadram nas chamadas boas práticas de convivência urbana. Infelizmente. Já vi pelo menos cinco – três homens, sendo um motorista de van do transporte alternativo, e duas mulheres, uma das quais com seu corcel totalmente apagado – ultrapassarem o sinal vermelho em uma via expressa. Felizmente, nessas ocasiões, presenciei a indignação dos pedestres, testemunhas de tais “espertezas”. Mas, sem dúvida, a noção de cidadania no trânsito na capital de nosso País é maior do que no Rio.

Entretanto, nem tudo está perdido: se há entre os 8.600 motorizados alguns que não respeitam o sinal vermelho, Brasília tem os jardins mais bonitos e conservados que já vi no Brasil, exceção feita a Curitiba. Logo ao sair do aeroporto Juscelino Kubitschek, o visitante depara-se com imensa rotatória sempre florida e arborizada. E ao longo das vias expressas e na Esplanada dos Ministérios, os canteiros estão sempre coloridos com dálias, prímulas, cravos e outras flores. E o melhor: ninguém “arranca mudinhas”, prática bastante comum no Rio de Janeiro, executada principalmente por mulheres. Dia desses, por não terem concluído seu trabalho na tarde anterior, os jardineiros deixaram, juntas no próprio canteiro, duas dúzias de mudas plantadas naqueles saquinhos pretos típicos. Pasmen, mas na manhã seguinte, os tais saquinhos com as mudas estavam lá, esperando os jardineiros para a retomada da manutenção do embelezamento da cidade. Duvido se algum saquinho ainda seria encontrado para contar a história na manhã do outro dia, se isto tivesse acontecido no Rio.

Brasília pode não ser uma cidade linda como o Rio de Janeiro, mas não é violenta como este. Um taxista disse-me que trabalha na praça há mais de 20 anos e nunca foi assaltado ou soube da ocorrência desse tipo de crime, que é tão corriqueiro no Rio.

Eu aqui a exaltar aspectos que muitos podem considerar prosaicos do dia-a-dia de Brasília, quando o País está enojado com a corrupção enraizada na Esplanada dos Ministérios. Sei que nem tudo em Brasília são flores. A corrupção é a erva daninha que tisna o campo cidadão da vida social e chega mesmo a entristecer a beleza arquitetada por Oscar Niemeyer, nosso melhor jardineiro na criação de verdadeiras flores de concreto e mármore de ímpar sinuosidade. Mas que jardins bem cuidados dá gosto de ver e cidadania no trânsito é algo bom de experimentar, cá isto é.

E quanto aos corruptos, a Polícia Federal e as eleições estão aí.

Edmilson Silva é jornalista

Em crônica recente, Zuenir Ventura fez muito bem em elogiar a qualidade de vida em Brasília. Morando aqui, mesmo há apenas quatro meses, posso constatar o quão o Rio de Janeiro anda distante dos luxos de convivência experimentados na capital do País.

Claro que Brasília e Rio são cidades bem diferentes devido a características peculiares de constituição, história, modos de ocupação, etc. Mas temos de convir que trata-se de verdadeiro luxo urbano a pessoa querer atravessar a rua, encaminhar-se à faixa de pedestres e apenas com o gesto de elevar um pouco o braço à frente do corpo, os carros simplesmente pararem. E o pedestre passa, sem o risco de ser jogado para o alto.

Para quem foi obrigado a se acostumar com a fúria do trânsito carioca, é surpreendente perceber que basta apenas repetir essa convenção gestual para que os carros cedam a vez. O gesto é válido para as faixas de pedestres em que não há o tradicional sinal de trânsito. Nas demais, é preciso esperar o sinal ficar vermelho.

Mesmo sendo poucos, também no Distrito Federal há os motoristas “espertos”, que não se enquadram nas chamadas boas práticas de convivência urbana. Infelizmente. Já vi pelo menos cinco – três homens, sendo um motorista de van do transporte alternativo, e duas mulheres, uma das quais com seu corcel totalmente apagado – ultrapassarem o sinal vermelho em uma via expressa. Felizmente, nessas ocasiões, presenciei a indignação dos pedestres, testemunhas de tais “espertezas”. Mas, sem dúvida, a noção de cidadania no trânsito na capital de nosso País é maior do que no Rio.

Entretanto, nem tudo está perdido: se há entre os 8.600 motorizados alguns que não respeitam o sinal vermelho, Brasília tem os jardins mais bonitos e conservados que já vi no Brasil, exceção feita a Curitiba. Logo ao sair do aeroporto Juscelino Kubitschek, o visitante depara-se com imensa rotatória sempre florida e arborizada. E ao longo das vias expressas e na Esplanada dos Ministérios, os canteiros estão sempre coloridos com dálias, prímulas, cravos e outras flores. E o melhor: ninguém “arranca mudinhas”, prática bastante comum no Rio de Janeiro, executada principalmente por mulheres. Dia desses, por não terem concluído seu trabalho na tarde anterior, os jardineiros deixaram, juntas no próprio canteiro, duas dúzias de mudas plantadas naqueles saquinhos pretos típicos. Pasmen, mas na manhã seguinte, os tais saquinhos com as mudas estavam lá, esperando os jardineiros para a retomada da manutenção do embelezamento da cidade. Duvido se algum saquinho ainda seria encontrado para contar a história na manhã do outro dia, se isto tivesse acontecido no Rio.

Brasília pode não ser uma cidade linda como o Rio de Janeiro, mas não é violenta como este. Um taxista disse-me que trabalha na praça há mais de 20 anos e nunca foi assaltado ou soube da ocorrência desse tipo de crime, que é tão corriqueiro no Rio.

Eu aqui a exaltar aspectos que muitos podem considerar prosaicos do dia-a-dia de Brasília, quando o País está enojado com a corrupção enraizada na Esplanada dos Ministérios. Sei que nem tudo em Brasília são flores. A corrupção é a erva daninha que tisna o campo cidadão da vida social e chega mesmo a entristecer a beleza arquitetada por Oscar Niemeyer, nosso melhor jardineiro na criação de verdadeiras flores de concreto e mármore de ímpar sinuosidade. Mas que jardins bem cuidados dá gosto de ver e cidadania no trânsito é algo bom de experimentar, cá isto é.

E quanto aos corruptos, a Polícia Federal e as eleições estão aí.

Edmilson Silva é jornalista

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