Jair Bolsonaro voltou a criticar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O presidente e Barroso têm divergido em torno do voto impresso, ao qual o ministro é frontalmente contrário.
Na manhã desta segunda-feira (2), ao deixar o Palácio da Alvorada, o mandatário da República afirmou que Barroso “se acha o máximo”, mas sua atuação tem limites.
“Entre outras coisas, ele [Barroso] defende o aborto, a liberação de drogas, ele defende um montão de coisa que não presta. Ele se acha o máximo. Agora, ele tem os limites dele, eu tenho os meus e ele tem os deles. E ele tá abusando não é de hoje”, disse a apoiadores.
“Quem quer eleição suja e não democrática é o ministro Barroso. Esse cara se intitula como se não pudesse ser criticado. Ele foi para dentro do Parlamento fazer lobby”, disparou Bolsonaro. Nas últimas semanas, o ministro Barroso se reuniu com deputados e senadores de várias siglas a fim de tratar da defesa da urna eletrônica.
Como resultado, 11 siglas se colocaram contra o voto impresso, e a votação da proposta de emenda à Constituição (PEC) do voto impresso acabou adiada, por falta de votos favoráveis.
“O que ele ofereceu para o Parlamento? No dia seguinte, vários líderes trocaram integrantes da comissão. O que ele ofereceu? O que que esse homem tem de atraente?”, questionou o titular do Planalto.
Na conversa que teve mais de 40 minutos com apoiadores, Bolsonaro ainda atacou o ministro Luís Roberto Barroso usando um trocadilho de cunho homofóbico.
“O Barroso disse que as urnas são impenetráveis”., disse Bolsonaro, em claro tom de ironia, após atacar o sistema eleitoral por mais de 25 minutos.
A declaração arrancou gargalhadas dos apoiadores. “Igual ele”, disse um dos presentes, sob risos do presidente.
“Será? É só o senhor que é imbrochável, imorrível e intocável. Isso não é para qualquer um, não”, rebateu outro apoiador, citando uma dos chavões de Bolsonaro.
Bolsonaro xinga Lula
O chefe do Executivo nacional ainda afirmou que querem “impor uma ditadura no Brasil usando as armas da democracia”. Ele disse que os mesmos ministros que tornaram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva elegível serão os que irão contar os votos.
“Querem dar a direção ao Brasil para um corrupto, cachaceiro, que arrebentou as estatais, loteava tudo aqui e vendeu até a mãe para ficar no poder, aparelhou tudo… Querem fazer igual a Argentina? As consequência vêm aí”, disse o presidente após dizer que Barroso é “sujo”.
“O Barroso ajuda a botar o cara pra fora da cadeira e o torna elegível e o Barroso vai contar os votos dele lá, quais as consequências disso? Se as eleições tiverem problema, dizem ‘recorra à Justiça’. Qual Justiça? O Supremo, que colocou o Lula para fora e o tornou elegível?”, argumentou Bolsonaro na conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada.
Os ataques acontecem no mesmo dia em que o Judiciário retoma os trabalhos após o recesso e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, prepara um duro discurso para rebater as acusações, sem provas, feitas pelo ex-capitão sobre a existência de fraudes eleitorais.
Presidente diz que ter votos suficientes para aprovar voto impresso
O presidente também afirmou que há votos suficientes na Câmara dos Deputados para aprovar o voto impresso. A comissão especial se reúne na próxima quinta-feira (5) para analisar o parecer do relator da matéria, deputado Filipe Barros, do PSL, favorável à impressão do voto.
Ex-presidentes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), além do atual presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, do vice-presidente, ministro Luiz Edson Fachin, e do futuro presidente, Alexandre de Moraes, divulgaram uma nota, nesta segunda-feira (2), em defesa das urnas eletrônicas.
Os magistrados destacam que a contagem pública manual de cerca de 150 milhões de votos significará a volta ao tempo das mesas apuradoras, cenário das fraudes generalizadas que marcaram a história do Brasil.
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