O jornalista e escritor Bruno Bimbi publicou nesta quarta-feira (14) um artigo no “The New York Times”, onde já trabalhou como correspondente internacional, criticando a escalada autoritária promovida pelo governo de Jair Bolsonaro. Bimbi, que é argentino e viveu quase uma década no Brasil, avalia que há cada vez menos espaço para a oposição e cada vez mais ameaças à liberdade de expressão no país de Bolsonaro.
O texto destaca que o governo tem construído um clima de perseguição e violência, insano para uma democracia, através de notícias falsas, difamação de adversários, ataques a jornalistas, declarações do Planalto que incentivam ódio e reações mais radicalizadas de bolsonaristas mais raivosos. Bimbi ainda destaca que a ideologia de Bolsonaro não é herdada de generais conservadores, mas de torturadores do regime militar, como o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra.
Entre as estratégias usadas por Bolsonaro apontadas pelo jornalista está o uso de robôs e “fake news” nas redes sociais para se promover e destruir adversários. Bimbi destaca a atuação dos bots na defesa de Sérgio Moro e no ataque a Glenn Greenwald devido ao Vaza Jato através de um estudo que indica que cerca de 220 mil tuítes pró-Moro e anti-Glenn partiram de contas automáticas do Irã.
O ataque à imprensa não se limita a Glenn e ao “The Intercept”, segundo o escritor, mas também avança para a mídia tradicional, como mostram episódios contra a “Folha de S. Paulo”, “Valor Econômico” e as jornalistas Míriam Leitão e Isadora Peron. Assim como ameaças avançam forte sobre parlamentares eleitos pela oposição, como Jean Wyllys, que deixou o país antes de assumir o terceiro mandato como deputado federal, e a deputada Talíria Petrone, alvo recorrente de seguidores de Bolsonaro na internet.
“Nosso continente viveu épocas obscuras de ditaduras que usaram o medo, o silêncio e a morte como armas e deixaram feridas que nossos países ainda não se recuperaram. A comunidade internacional deve permanecer atenta perante os incessantes ataques aos críticos de Bolsonaro e aos jornalistas que fazem seu trabalho. Só assim que se poderá impedir que o Brasil passe de uma ditadura sutil a uma ditadura plena”, finaliza o jornalista.