Em depoimento à polícia, um ex-fiscal do supermercado Carrefour onde João Alberto Silveira Freitas foi espancando até a morte, disse que a gerência da unidade na Zona Norte de Porto Alegre autorizava o “emprego de violência” em clientes que “estavam causando problemas”. A fala reforça a responsabilidade da multinacional na morte de João Alberto.
O UOL teve acesso ao depoimento em que o ex-fiscal diz que o uso da violência ocorria também para que suspeitos confessassem “furto ou confusão ocorrida no interior do estabelecimento”.
O ex-funcionário disse ainda que nesta unidade do Carrefour há uma sala sem câmeras de segurança próxima de onde Beto, como era conhecida a vítima, foi agredido. Ele disse que é “usual a prática dos seguranças do local de imobilizar suspeitos e levar até a referida sala para que nada fosse gravado pelo sistema de segurança”.
O homem disse a polícia que “era comum, ao desconfiarem de algum furto de bens, serem tomadas providências sob a orientação da gerência da segurança e da líder da loja que na época que o declarante trabalhava era a Sra. Adriana”.
As providências consistiam em “constrangimento dos clientes suspeitos através de acompanhamento dentro da loja por fiscais e mensagens de rádio em volume alto para que todos que estivessem próximos ouvissem e a pessoa se sentisse desconfortável a ponto de devolver eventual mercadoria furtada”.
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