Apontado por relatório da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) como a principal ameaça à liberdade de imprensa no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro defendeu, nesta quarta-feira (2), a liberdade de imprensa.
A declaração foi dada durante discurso do presidente no Congresso Nacional, durante a solenidade de abertura do ano legislativo.
“Os senhores nunca vão me ver vir aqui neste parlamento pedir a regulação da mídia e da internet. Eu espero que isso não seja regulamentado por qualquer outro Poder. A nossa liberdade acima de tudo”, disse Bolsonaro, que vem atacando instituições que atuam na fiscalização do poder público, entre elas a imprensa.
“A nossa liberdade, a liberdade de imprensa garantida em nossa Constituição não pode ser violada ou arranhada por quem quer que seja nesse país”, completou o mandatário da República.
“Não deixemos que qualquer um de nós […] ouse regular a mídia, não interessa por qual intenção e objeto. A liberdade de imprensa, garantida em nossa Constituição, não pode ser violada ou arranhada por quem quer que seja neste país”, disse ainda o presidente em sua fala.
O Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil, elaborado pela Fenaj, foi divulgado na semana passada com os dados de 2021. Nele, o presidente da República repete 2020 e aparece novamente como o principal agressor de jornalistas, responsável por 147 casos registrados, ou 34,19%.
Bolsonaro: principal agressor de jornalistas
Levantamento feito pela Agência Lupa mostrou que Bolsonaro atacou a imprensa em 86% das transmissões ao vivo em vídeo feitas por ele ao longo de 2021. Em 21 de junho, em entrevista à TV Vanguarda, afiliada da Rede Globo, ele se irritou com uma pergunta e respondeu:
“Cala a boca! Vocês são canalhas! Vocês fazem um jornalismo canalha que não ajuda em nada! Vocês destroem a família brasileira, a religião! Você tinha que ter vergonha na cara e não se prestar a fazer esse serviço porco que você faz na TV Globo”.
Sozinho, Bolsonaro é responsável por 175 dos registros de violência, ou seja, 40,89% do total de 428 casos computados pela Fenaj. Foram 145 ataques genéricos, direcionados a veículos de comunicação e a jornalistas, 26 casos de agressões verbais, um de ameaça direta aos profissionais, uma ameaça à Globo e dois ataques à Fenaj.
Entre diversos ataques a imprensa, Bolsonaro já ameaçou “encher de porrada” a boca de um jornalista, falou que lata de leite condensado “é para enfiar no rabo de vocês da imprensa” e sobre uma reportagem do jornal “Folha de São Paulo”, afirmou que a repórter queria “dar o furo”.
Principal adversário de Jair Bolsonaro nas eleições de outubro, o ex-presidente Lula, que lidera as pesquisas de intenção de votos, tem abordado o assunto nos últimos meses.
Em agosto do ano passado, o petista havia dito que, se eleito em outubro deste ano, iria propor uma mudança na regulamentação da mídia, mas não deu detalhes de qual seria a proposta.
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