Gravidez com diabetes mal controlado eleva as chances de malformação fetal, complicação gestacional e neonatal e aborto. Esse é o alerta da endocrinologista doutora Lorena Amato, que explica ainda que bebês nascidos de mães com diabetes mellitus mal controlado correm o risco de uma variedade de desfechos adversos: hipertensão gestacional (14,6%), parto prematuro (10,9%), recém-nascidos pequenos para a idade gestacional (6,5%) e internações em unidade de terapia intensiva (UTI). Ainda pode ocorrer aumento do índice de cesarianas e distócia por macrossomia.
“As alterações hormonais (aumentos de lactogênio placentário, estrogênio, progesterona) induzem resistência à insulina durante a gravidez e podem revelar defeitos latentes das células beta em mulheres com predisposição. Em geral, o controle glicêmico deve ser mais rigoroso, mas esses detalhes variam para o tipo de diabetes que estamos tratando, seja ela pré-gestacional, tipo 1, 2 ou diabetes gestacional”, explica a doutora.
O diabetes pode apresentar piora com o ganho de peso durante a gestação e, por isso, gestantes diabéticas devem ser orientadas a manter dieta equilibrada e realizar atividade física, se não houver contraindicações, a fim de manter o ganho de peso em torno de 300 a 400 gramas por semana, a partir do segundo trimestre de gravidez.
A endocrinologista explica ainda que, se a mãe tem diabetes, não necessariamente o bebê também terá. Existe o componente genético, que a história familiar de diabetes aumenta o risco do indivíduo de desenvolver diabetes mellitus 1 e 2, porém, não é único fator determinante.
No primeiro dia após o parto, os níveis de glicemia devem ser observados. Orienta-se também a manutenção de uma dieta saudável. “A maioria das mulheres apresenta normalização das glicemias nos primeiros dias após o parto. Caso ocorra hiperglicemia durante esse período, a insulina é o tratamento indicado. Por fim, é preciso evitar a prescrição de dietas hipocalóricas durante o período de amamentação”, disse a especialista.
A partir da sexta semana após o parto, é recomendado reavaliar a tolerância à glicose por meio de glicemia de jejum ou teste oral com 75 g de glicose, dependendo da gravidade do quadro metabólico apresentado na gravidez. “E ressalto a importância de se estimular a amamentação, independentemente do diabetes”, aconselha a médica.