Leia a entrevista com o economista da USP Geraldo Barros.
POR Redação SRzd22/06/2006|4 min de leitura
Leia a entrevista com o economista da USP Geraldo Barros.
POR Redação SRzd22/06/2006|4 min de leitura
O mercado está se rendendo à turbulência econômica internacional depois que o Federal Reserve (ou FED, o Banco Central americano), anunciou alta na taxa de juros dos Estados Unidos e já espera que o dólar encerre o ano um pouco mais valorizado frente ao real. Segundo a pesquisa “Focus”, do Banco Central brasileiro, divulgada esta semana, os especialistas calculam que a moeda americana fechará 2006 a R$2,24, acima dos R$2,20 previstos por 13 semanas consecutivas. Para 2007, eles mantêm as expectativas de o dólar chegar a dezembro em R$2,35.
Esta semana, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou que as oscilações pelas quais passou a taxa de câmbio nas últimas semanas, por causa do comportamento dos mercados internacionais, estão “absolutamente dentro de parâmetros aceitáveis”, indicando que não está preocupado, pelo menos por enquanto, com o fortalecimento do dólar frente ao real. Leia o que diz Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros, coordenador científico do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (USP).
SRZD: O senhor concorda que os índices são aceitáveis?
As oscilações do real durante o mês de maio são aceitáveis considerando-se os padrões brasileiros, isto é, baseando-se na nossa prévia experiência. Entretanto, comparando com demais países emergentes como Chile (que desvalorizou 4%), Índia (3%) etc, nossas oscilações foram muito exageradas (chegando a 15%) a partir de 10 de maio, quando o FED anunciou a nova taxa de juros dos EUA. Ao mesmo tempo, o iene desvalorizou-se perto de 2% e o euro permaneceu quase estável em relação ao dólar.
SRZD: O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, também afirmou que não há uma crise cambial neste momento. Qual é a sua avaliação?
De fato, não há uma crise cambial, mesmo porque em nosso regime flexível, o grosso dos ajustes de mercado se dá na taxa de câmbio, atenuando a fuga de divisas. Além disso, a saúde econômica do Brasil melhorou muito nos últimos oito anos, não se justificando expectativas de crise. Entretanto, ainda há fragilidades suficientes na economia brasileira para gerar turbulências como as observadas em maio último.
SRZD: Quais as perspectivas para um futuro próximo no Brasil em relação aos movimentos cambiais? O senhor prevê maior valorização do dólar?
Embora no longo prazo o que se deva esperar seja uma queda significativa do dólar, a curto prazo valorizações do dólar em relação ao real deverão ocorrer sempre que o FED elevar sua taxa de juros para conter a inflação americana. A experiência de maio nos faz esperar que, nessas situações, o real venha a se desvalorizar de forma mais acentuada e volátil que outras moedas de países emergentes, com exceção da Turquia e alguns outros países tão ou mais frágeis do que o Brasil.
SRZD: Que efeitos esses movimentos econômicos podem ter para o consumidor? O que mudaria?
Essas desvalorizações – desde que dentro dos limites até agora observados – tendem a melhorar as condições momentâneas de nossos exportadores. Entretanto, não podem ser usadas para projeções visando decisões de mais longo prazo, cujo cenário permanece obscuro. Essa tendência de desvalorização tende a elevar um pouco a expectativa de inflação para algo mais próximo da meta do Banco Central, com algum reflexo na política de juros, que ficaria pouco mais conservadora. Esta tendência pode se agravar à medida que bancos centrais do mundo desenvolvido sigam o FED no aumento dos juros.
O mercado está se rendendo à turbulência econômica internacional depois que o Federal Reserve (ou FED, o Banco Central americano), anunciou alta na taxa de juros dos Estados Unidos e já espera que o dólar encerre o ano um pouco mais valorizado frente ao real. Segundo a pesquisa “Focus”, do Banco Central brasileiro, divulgada esta semana, os especialistas calculam que a moeda americana fechará 2006 a R$2,24, acima dos R$2,20 previstos por 13 semanas consecutivas. Para 2007, eles mantêm as expectativas de o dólar chegar a dezembro em R$2,35.
Esta semana, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou que as oscilações pelas quais passou a taxa de câmbio nas últimas semanas, por causa do comportamento dos mercados internacionais, estão “absolutamente dentro de parâmetros aceitáveis”, indicando que não está preocupado, pelo menos por enquanto, com o fortalecimento do dólar frente ao real. Leia o que diz Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros, coordenador científico do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (USP).
SRZD: O senhor concorda que os índices são aceitáveis?
As oscilações do real durante o mês de maio são aceitáveis considerando-se os padrões brasileiros, isto é, baseando-se na nossa prévia experiência. Entretanto, comparando com demais países emergentes como Chile (que desvalorizou 4%), Índia (3%) etc, nossas oscilações foram muito exageradas (chegando a 15%) a partir de 10 de maio, quando o FED anunciou a nova taxa de juros dos EUA. Ao mesmo tempo, o iene desvalorizou-se perto de 2% e o euro permaneceu quase estável em relação ao dólar.
SRZD: O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, também afirmou que não há uma crise cambial neste momento. Qual é a sua avaliação?
De fato, não há uma crise cambial, mesmo porque em nosso regime flexível, o grosso dos ajustes de mercado se dá na taxa de câmbio, atenuando a fuga de divisas. Além disso, a saúde econômica do Brasil melhorou muito nos últimos oito anos, não se justificando expectativas de crise. Entretanto, ainda há fragilidades suficientes na economia brasileira para gerar turbulências como as observadas em maio último.
SRZD: Quais as perspectivas para um futuro próximo no Brasil em relação aos movimentos cambiais? O senhor prevê maior valorização do dólar?
Embora no longo prazo o que se deva esperar seja uma queda significativa do dólar, a curto prazo valorizações do dólar em relação ao real deverão ocorrer sempre que o FED elevar sua taxa de juros para conter a inflação americana. A experiência de maio nos faz esperar que, nessas situações, o real venha a se desvalorizar de forma mais acentuada e volátil que outras moedas de países emergentes, com exceção da Turquia e alguns outros países tão ou mais frágeis do que o Brasil.
SRZD: Que efeitos esses movimentos econômicos podem ter para o consumidor? O que mudaria?
Essas desvalorizações – desde que dentro dos limites até agora observados – tendem a melhorar as condições momentâneas de nossos exportadores. Entretanto, não podem ser usadas para projeções visando decisões de mais longo prazo, cujo cenário permanece obscuro. Essa tendência de desvalorização tende a elevar um pouco a expectativa de inflação para algo mais próximo da meta do Banco Central, com algum reflexo na política de juros, que ficaria pouco mais conservadora. Esta tendência pode se agravar à medida que bancos centrais do mundo desenvolvido sigam o FED no aumento dos juros.
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