Gestão Laerte Rímoli na EBC pratica censura, demissões e abusos, diz ex-Diretora

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Leia o texto assinado pela jornalista Tereza Cruvinel, que já foi diretora da Empresa Brasil de Comunicação. O artigo foi publicado originalmente no site Brasil 247. Guardo, numa pasta amarela abarrotada, cópias das centenas de matérias que, ao longo dos quatro anos em que presidi a EBC, a grande mídia publicou com implacável determinação de […]

POR Redação SRzd08/04/2017|5 min de leitura

Gestão Laerte Rímoli na EBC pratica censura, demissões e abusos, diz ex-Diretora

Laerte Rimoli e a
Diretoria-geral Christiane Samarco (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

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Leia o texto assinado pela jornalista Tereza Cruvinel, que já foi diretora da Empresa Brasil de Comunicação. O artigo foi publicado originalmente no site Brasil 247.

Guardo, numa pasta amarela abarrotada, cópias das centenas de matérias que, ao longo dos quatro anos em que presidi a EBC, a grande mídia publicou com implacável determinação de inviabilizar o projeto de implantação das comunicação pública entre nós. Qualquer espirro na EBC ganhava manchetes negativas. Pergunto-me como é possível que agora não saia uma linha sobre os fatos graves que se passam na empresa, que incluem a censura a jornalistas e a autocensura defensiva diante de uma diretoria que transformou os canais públicos em aparelhos políticos de conteúdo chapa-branca.

Em assembleia realizada no último dia 31 os funcionários da EBC denunciaram a censura e outros abusos e decidiram permanecer em estado de greve, dispostos a participar da greve geral contra as reformas previdenciária e trabalhista marcada para o próximo dia 28;

“Temos enfrentado, de forma cotidiana e generalizada, ingerência no trabalho jornalístico. Um exemplo simbólico aconteceu no dia 15 de março, Dia Nacional de Paralisações contra a reforma da Previdência e trabalhista, no qual, diferente da tradição estabelecida na EBC, os jornalistas receberam a ordem de focar sua cobertura nas consequências sobre o trânsito”, relataram os funcionários. A censura atinge textos da Agência Brasil, matérias e imagens da TV Brasil e conteúdos das rádios EBC.

Acabou também de ser demitido o coordenador de jornalismo da Agência Brasil, jornalista André Muniz, por ter programado a cobertura do ato do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), realizado no último dia 2 contra as reformas de Temer.

Durante o carnaval, a direção da EBC também impediu que a TV Brasil colocasse no ar qualquer imagem de blocos ou foliões protestando contra o governo ou pregando o Fora Temer. Tais manifestações ocorreram em todo o Brasil e foram mostradas por TVs comerciais, inclusive pela Globonews.

No tempo em que presidi a EBC, e nos mandatos de meus sucessores, posso assegurar: a mídia tentou insistentemente provar que a TV Pública estava a serviço do PT, alcunhando-a de “TV do Lula”. A gestão foi vasculhada (sem que se encontrasse qualquer irregularidade, tanto que tive minhas contas toda aprovadas pelo TCU) e o programação era examinada a lupa em busca de “oficialismos”. Os “vigilantes” da EBC nunca encontraram um elemento que lhes permitisse apontar a ocorrência de censura. Tanto que nunca os servidores da EBC se reuniram, como agora, para discutir cerceamento da liberdade de imprensa na empresa. No governo Temer, o aparelhamento está escancarado e não se vê o menor interesse da grande mídia pelo que ocorre na EBC. Alô, Folha de São Paulo, por que perdeu seu grande interesse pela EBC? E o Estadão, que tinha setorista para o assunto nos anos 2007-2011, por que desistiu agora? Onde andam vocês, coleguinhas que se dispuseram a produzir matérias forçando a barra para desgastar e desmoralizar a experiência de comunicação pública que estava sendo implantada?

Segue na íntegra a Carta Aberta dos trabalhadores da EBC:

A assembleia nacional dos trabalhadores da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) vem a público denunciar a prática de censura interna nos veículos da empresa.

Temos enfrentado, de forma cotidiana e generalizada, ingerência no trabalho jornalístico. Um exemplo simbólico aconteceu no dia 15 de março, Dia Nacional de Paralisações contra a reforma da Previdência e trabalhista, no qual, diferente da tradição estabelecida na EBC, os jornalistas receberam a ordem de focar sua cobertura nas consequências sobre o trânsito. É a linha adotada na cobertura de outras manifestações dos movimentos sociais, o que limita o direito à informação do cidadão brasileiro.

A nova prática de censura dentro da EBC envolve o assédio a jornalistas e radialistas, proibição aos cinegrafistas e editores de imagem de usar determinadas imagens, e chegou inclusive a envolver demissão. São vários os casos denunciados à Comissão de Empregados e aos Sindicatos nos últimos meses.

Sabemos que tudo isso tem um motivo político principal, o de impedir a cobertura de manifestações da sociedade contrárias ao governo, dessa forma desrespeitando a própria razão de ser da EBC, expressa na sua criação, com o princípio de “autonomia em relação ao governo federal para definir produção, programação e distribuição de conteúdo no sistema público de radiodifusão”. Este fato tem relação com a Medida Provisória (MP) do governo Temer que retirou dispositivos que garantiam esta autonomia.

Nesta assembleia, em que os radialistas e jornalistas reafirmam sua posição contrária à retirada de direitos por parte do governo federal e indicam a participação na Greve Geral, também vimos a público dizer que temos a disposição de enfrentar a censura dentro da EBC e exercer plenamente a liberdade de imprensa dentro da comunicação pública.

Leia o texto assinado pela jornalista Tereza Cruvinel, que já foi diretora da Empresa Brasil de Comunicação. O artigo foi publicado originalmente no site Brasil 247.

Guardo, numa pasta amarela abarrotada, cópias das centenas de matérias que, ao longo dos quatro anos em que presidi a EBC, a grande mídia publicou com implacável determinação de inviabilizar o projeto de implantação das comunicação pública entre nós. Qualquer espirro na EBC ganhava manchetes negativas. Pergunto-me como é possível que agora não saia uma linha sobre os fatos graves que se passam na empresa, que incluem a censura a jornalistas e a autocensura defensiva diante de uma diretoria que transformou os canais públicos em aparelhos políticos de conteúdo chapa-branca.

Em assembleia realizada no último dia 31 os funcionários da EBC denunciaram a censura e outros abusos e decidiram permanecer em estado de greve, dispostos a participar da greve geral contra as reformas previdenciária e trabalhista marcada para o próximo dia 28;

“Temos enfrentado, de forma cotidiana e generalizada, ingerência no trabalho jornalístico. Um exemplo simbólico aconteceu no dia 15 de março, Dia Nacional de Paralisações contra a reforma da Previdência e trabalhista, no qual, diferente da tradição estabelecida na EBC, os jornalistas receberam a ordem de focar sua cobertura nas consequências sobre o trânsito”, relataram os funcionários. A censura atinge textos da Agência Brasil, matérias e imagens da TV Brasil e conteúdos das rádios EBC.

Acabou também de ser demitido o coordenador de jornalismo da Agência Brasil, jornalista André Muniz, por ter programado a cobertura do ato do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), realizado no último dia 2 contra as reformas de Temer.

Durante o carnaval, a direção da EBC também impediu que a TV Brasil colocasse no ar qualquer imagem de blocos ou foliões protestando contra o governo ou pregando o Fora Temer. Tais manifestações ocorreram em todo o Brasil e foram mostradas por TVs comerciais, inclusive pela Globonews.

No tempo em que presidi a EBC, e nos mandatos de meus sucessores, posso assegurar: a mídia tentou insistentemente provar que a TV Pública estava a serviço do PT, alcunhando-a de “TV do Lula”. A gestão foi vasculhada (sem que se encontrasse qualquer irregularidade, tanto que tive minhas contas toda aprovadas pelo TCU) e o programação era examinada a lupa em busca de “oficialismos”. Os “vigilantes” da EBC nunca encontraram um elemento que lhes permitisse apontar a ocorrência de censura. Tanto que nunca os servidores da EBC se reuniram, como agora, para discutir cerceamento da liberdade de imprensa na empresa. No governo Temer, o aparelhamento está escancarado e não se vê o menor interesse da grande mídia pelo que ocorre na EBC. Alô, Folha de São Paulo, por que perdeu seu grande interesse pela EBC? E o Estadão, que tinha setorista para o assunto nos anos 2007-2011, por que desistiu agora? Onde andam vocês, coleguinhas que se dispuseram a produzir matérias forçando a barra para desgastar e desmoralizar a experiência de comunicação pública que estava sendo implantada?

Segue na íntegra a Carta Aberta dos trabalhadores da EBC:

A assembleia nacional dos trabalhadores da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) vem a público denunciar a prática de censura interna nos veículos da empresa.

Temos enfrentado, de forma cotidiana e generalizada, ingerência no trabalho jornalístico. Um exemplo simbólico aconteceu no dia 15 de março, Dia Nacional de Paralisações contra a reforma da Previdência e trabalhista, no qual, diferente da tradição estabelecida na EBC, os jornalistas receberam a ordem de focar sua cobertura nas consequências sobre o trânsito. É a linha adotada na cobertura de outras manifestações dos movimentos sociais, o que limita o direito à informação do cidadão brasileiro.

A nova prática de censura dentro da EBC envolve o assédio a jornalistas e radialistas, proibição aos cinegrafistas e editores de imagem de usar determinadas imagens, e chegou inclusive a envolver demissão. São vários os casos denunciados à Comissão de Empregados e aos Sindicatos nos últimos meses.

Sabemos que tudo isso tem um motivo político principal, o de impedir a cobertura de manifestações da sociedade contrárias ao governo, dessa forma desrespeitando a própria razão de ser da EBC, expressa na sua criação, com o princípio de “autonomia em relação ao governo federal para definir produção, programação e distribuição de conteúdo no sistema público de radiodifusão”. Este fato tem relação com a Medida Provisória (MP) do governo Temer que retirou dispositivos que garantiam esta autonomia.

Nesta assembleia, em que os radialistas e jornalistas reafirmam sua posição contrária à retirada de direitos por parte do governo federal e indicam a participação na Greve Geral, também vimos a público dizer que temos a disposição de enfrentar a censura dentro da EBC e exercer plenamente a liberdade de imprensa dentro da comunicação pública.

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