O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve anunciar uma nova alta da Selic (a taxa básica de juros da economia brasileira, determinada pelo governo). Atualmente em 7,75%, a expectativa do mercado financeiro é de novo acréscimo seja de 1,50 ponto percentual, o que levaria a taxa para 9,25% ao ano.
Ocorre que com a alta os investimentos ligados a essa taxa tendem a aumentar, mas, nem todos, a poupança por mais que chegue a um aumento ela atingirá sua trava e a partir de então não passará a ser tão interessante a outros ligados a Selic.
Para entender melhor e preciso lembrar que no passado o Governo Federal criou uma trava na relação entre a poupança e a Selic, assim, quando a taxa está acima de 8,5% ao ano, a poupança rende 0,5% ao mês mais a taxa referencial (uma taxa calculada diariamente, também pelo governo, tendo como base as taxas cobradas pelas 20 maiores instituições financeiras do país). Ou seja, independentemente da Selic estar em 8,5%, 12% ou 20% o rendimento continuará sendo 0,5%, mais a TR.
Entretanto, os reflexos dessa mudança são em todo o mercado e, infelizmente, no dia a dia da população consumidora esses impactos são na maioria das vezes negativos e sentidos principalmente por aqueles que estão endividados. Ou seja, a maior parte da população.
Isso acontece porque, quando a taxa Selic aumenta, a tendência é que outras taxas de juros também aumentem. Ou seja, quem precisa fazer parcelamentos ou tem que fazer dívidas tendem a pagar juros maiores, pagando consequentemente uma conta maior.
E o resultado dessa alta pode ser ainda mais alto, podendo impactar também nas dívidas já existentes. Assim, imaginem os juros de cheque especial ou de cartão de crédito, por exemplo, que já são exorbitantes? Esses devem aumentar ainda mais.
A alta também impacta na realização de sonhos como o do carro novo e da casa própria, aumentando os juros de crédito da população, como empréstimos e financiamentos, complicando e limitando a capacidade de consumo.
A orientação nessa hora é analisar bem as contas e começar a trabalhar para uma maior estabilidade financeira, não criando complicações futuras.
E esse processo passa por uma mudança de comportamento em relação ao uso e à administração do dinheiro, o que implicará no fim da era do consumo exacerbado e impulsivo.
O momento é de muita cautela e precaução, pois a saúde financeira e a realização dos sonhos das famílias dependerão dessa conscientização. É preciso reestruturar o orçamento financeiro e assumir o controle da situação, antes que se torne insustentável.
Boa hora para investir
Agora, como dito no começo, aos que não estão endividados e, melhor ainda, possuem o costume de poupar para realizar seus objetivos de vida, a alta da Selic é uma boa notícia.
Além da poupança, ficam mais rentáveis as aplicações de renda fixa em que o rendimento é atrelado a essa taxa, como os CDBs pós-fixados, os fundos DI, as Letras Financeiras do Tesouro (LFT) e títulos negociados via Tesouro Direto.
É hora de repensar os investimentos, pois até pouco tempo atrás com a queda da taxa Selic a recomendação era para buscar linhas que não estavam atreladas a essa. Agora essa orientação muda. O que não significa que, quem tem um dinheiro em mãos para investir, deve colocar integralmente nessas modalidades.
Sempre lembro que a aplicação deve ser escolhida de acordo com o prazo do que você quer realizar com esse dinheiro: curto (até um ano), médio (de um a dez anos) e longo prazo (acima de dez anos).
Em uma primeira análise, posso afirmar que, para investimentos de curto prazo, é bastante interessante colocar o seu dinheiro nestas opções. Lembrando que a tendência do juros ainda será de alta nos próximos meses, podendo chegar em um médio período de tempo a 10%.
* Artigo de autoria de Reinaldo Domingos – PhD em Educação Financeira, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin) e da DSOP Educação Financeira. Autor de diversos livros sobre o tema, como o best-seller “Terapia Financeira”.