Impacto da Covid-19: realidade ou ficção?

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A pandemia do Covid-19 está forçando todos nós, do cidadão comum à realeza, a quarentena forçada. Num cenário muito conservador prevê-se um mundo à beira de um colapso econômico sem precedentes. Nesse cenário, os matemáticos tentam prever o impacto do imponderável recorrendo aos dados divulgados pelas autoridades de saúde dos vários países afetados. Trata-se aqui de aplicar o […]

POR Redação SRzd03/04/2020|5 min de leitura

Impacto da Covid-19: realidade ou ficção?

Vírus. Foto: Pixabay

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A pandemia do Covid-19 está forçando todos nós, do cidadão comum à realeza, a quarentena forçada. Num cenário muito conservador prevê-se um mundo à beira de um colapso econômico sem precedentes.

Nesse cenário, os matemáticos tentam prever o impacto do imponderável recorrendo aos dados divulgados pelas autoridades de saúde dos vários países afetados. Trata-se aqui de aplicar o rigor científico, para estimar os próximos passos da pandemia, com objetivo de ajudar na tomada de decisão no controle da evolução da doença. No entanto, todo esse esforço pode ser visto como um exercício esquizofrênico e que parece quase fútil.

Na verdade, trabalha-se com dados oficiais da evolução da pandemia que não reproduzem nem de perto a realidade. Se por um lado estes números são resultado da desorganização natural das sociedades ao enfrentar a crise, por outro, os mesmos refletem a impossibilidade de testar o Coronavírus em toda a população. Nessa realidade, devemos perguntar-nos: para quê prever os efeitos da pandemia com modelos matemáticos se as informações utilizadas são a princípio “inúteis”?

A resposta é muito simples. Apesar das possíveis incorreções, os dados divulgados da evolução da pandemia são essenciais para toda a sociedade. A explicação desta certeza deve-se a pelo menos três fatores.

Primeiramente, o número de infectados pode ser interpretado como o número de casos mais graves. Essa definição tem como lógica a ideia de que numa pandemia somente os enfermos com sintomas mais severos se deslocarão ao hospital. Com tantos riscos de contaminação devemos crer que somente quando é extremamente necessário é sensato alguém aproximar-se de onde, com certeza, o risco de contaminação é maior. Trata-se assim de uma opinião balizada, como os anglo-saxônicos dizem um “educated guess”. Entende-se assim, que os números até agora divulgados podem ajudar a prever as necessidades em termos de saúde pública e as possíveis consequências em vidas humanas. Sem dúvida, essa previsão ajudará a salvar vidas!

Em segundo lugar, as consequências, em termos de seus impactos na sociedade, podem também ser previstas com base nos números oficialmente divulgados. Na ausência de qualquer outra estatística mais fiável, não restará aos meios de comunicação senão veicular o que está disponível. Nesse cenário, qualquer medida preventiva que venha a ser tomada só terá o devido apoio e, por via da sua consequência, a adoção da mesma na sociedade, se houver alguma aderência com os riscos publicamente percepcionados.

Por último, não menos importante, o número de infectados pode ser uma boa referência para estimar a mortalidade provocada pelo vírus. Deve-se perceber que o sucesso das ações de combate à doença será medido não só pela redução dos infectados, mas também pelo número de mortos.

Um Governo que se defronte com milhares de óbitos vai perder sustentação política e apoio para lidar com a pandemia. Prever esse evento catastrófico permitirá antecipadamente implementar possíveis medidas de isolamento que, sem dúvida, serão de suma importância para a manutenção da estabilidade de nossa sociedade. É importante, todavia, ressaltar que o sucesso de qualquer política de mitigação dos efeitos da pandemia, depende do consenso nas medidas a serem implantadas pelas diferentes esferas de ação governamental.

A existência de possíveis divergências quanto aos caminhos a serem seguidos tem graves consequências na contenção da evolução da doença, principalmente em termos de vidas e impactos econômicos. Como exemplo ilustrativo podemos tomar o caso brasileiro.

O sistema federativo brasileiro tem como base a independência, ainda que relativa, na tomada de decisão das várias esferas de poder. Nessa realidade, estados e municípios que estabeleçam unilateralmente a necessária quarentena, poderão ter um maior sucesso na redução de casos e os consequentes efeitos nos seus sistemas de saúde.

Ainda assim a queda da atividade econômica decorrente do isolamento social, será diretamente  refletida na arrecadação de impostos locais, agravando em muito uma situação fiscal já combalida. Deve-se entender que o monopólio sobre a emissão da moeda é do governo central. Logo,se existirem divergências profundas, pode-se prever que uma quarentena venha a ter implicações financeiras muito mais severas sobre as populações afetadas.

Para finalizar, fica uma preocupação muito importante. Pode-se negar uma realidade por algum
tempo. Como diz o dito popular: “tapar o sol com a peneira”. No entanto, já se deveria ter entendido que a Covid-19 é imune à conflitualidade do pensamento humano!

Infelizmente o vírus não vai esperar o tão desejado bom senso generalizado. Quanto mais tempo se demorar alcançar consenso sobre a gravidade da presente situação, mais limitadas serão as soluções para a crise pandêmica, potenciando assim as consequências claramente evitáveis. Parafraseando Fernando Pessoa: “Podemos vender nosso tempo, mas não podemos comprá-lo de volta”.

* Artigo escrito por Flavio Ivo Riedlinger








 

A pandemia do Covid-19 está forçando todos nós, do cidadão comum à realeza, a quarentena forçada. Num cenário muito conservador prevê-se um mundo à beira de um colapso econômico sem precedentes.

Nesse cenário, os matemáticos tentam prever o impacto do imponderável recorrendo aos dados divulgados pelas autoridades de saúde dos vários países afetados. Trata-se aqui de aplicar o rigor científico, para estimar os próximos passos da pandemia, com objetivo de ajudar na tomada de decisão no controle da evolução da doença. No entanto, todo esse esforço pode ser visto como um exercício esquizofrênico e que parece quase fútil.

Na verdade, trabalha-se com dados oficiais da evolução da pandemia que não reproduzem nem de perto a realidade. Se por um lado estes números são resultado da desorganização natural das sociedades ao enfrentar a crise, por outro, os mesmos refletem a impossibilidade de testar o Coronavírus em toda a população. Nessa realidade, devemos perguntar-nos: para quê prever os efeitos da pandemia com modelos matemáticos se as informações utilizadas são a princípio “inúteis”?

A resposta é muito simples. Apesar das possíveis incorreções, os dados divulgados da evolução da pandemia são essenciais para toda a sociedade. A explicação desta certeza deve-se a pelo menos três fatores.

Primeiramente, o número de infectados pode ser interpretado como o número de casos mais graves. Essa definição tem como lógica a ideia de que numa pandemia somente os enfermos com sintomas mais severos se deslocarão ao hospital. Com tantos riscos de contaminação devemos crer que somente quando é extremamente necessário é sensato alguém aproximar-se de onde, com certeza, o risco de contaminação é maior. Trata-se assim de uma opinião balizada, como os anglo-saxônicos dizem um “educated guess”. Entende-se assim, que os números até agora divulgados podem ajudar a prever as necessidades em termos de saúde pública e as possíveis consequências em vidas humanas. Sem dúvida, essa previsão ajudará a salvar vidas!

Em segundo lugar, as consequências, em termos de seus impactos na sociedade, podem também ser previstas com base nos números oficialmente divulgados. Na ausência de qualquer outra estatística mais fiável, não restará aos meios de comunicação senão veicular o que está disponível. Nesse cenário, qualquer medida preventiva que venha a ser tomada só terá o devido apoio e, por via da sua consequência, a adoção da mesma na sociedade, se houver alguma aderência com os riscos publicamente percepcionados.

Por último, não menos importante, o número de infectados pode ser uma boa referência para estimar a mortalidade provocada pelo vírus. Deve-se perceber que o sucesso das ações de combate à doença será medido não só pela redução dos infectados, mas também pelo número de mortos.

Um Governo que se defronte com milhares de óbitos vai perder sustentação política e apoio para lidar com a pandemia. Prever esse evento catastrófico permitirá antecipadamente implementar possíveis medidas de isolamento que, sem dúvida, serão de suma importância para a manutenção da estabilidade de nossa sociedade. É importante, todavia, ressaltar que o sucesso de qualquer política de mitigação dos efeitos da pandemia, depende do consenso nas medidas a serem implantadas pelas diferentes esferas de ação governamental.

A existência de possíveis divergências quanto aos caminhos a serem seguidos tem graves consequências na contenção da evolução da doença, principalmente em termos de vidas e impactos econômicos. Como exemplo ilustrativo podemos tomar o caso brasileiro.

O sistema federativo brasileiro tem como base a independência, ainda que relativa, na tomada de decisão das várias esferas de poder. Nessa realidade, estados e municípios que estabeleçam unilateralmente a necessária quarentena, poderão ter um maior sucesso na redução de casos e os consequentes efeitos nos seus sistemas de saúde.

Ainda assim a queda da atividade econômica decorrente do isolamento social, será diretamente  refletida na arrecadação de impostos locais, agravando em muito uma situação fiscal já combalida. Deve-se entender que o monopólio sobre a emissão da moeda é do governo central. Logo,se existirem divergências profundas, pode-se prever que uma quarentena venha a ter implicações financeiras muito mais severas sobre as populações afetadas.

Para finalizar, fica uma preocupação muito importante. Pode-se negar uma realidade por algum
tempo. Como diz o dito popular: “tapar o sol com a peneira”. No entanto, já se deveria ter entendido que a Covid-19 é imune à conflitualidade do pensamento humano!

Infelizmente o vírus não vai esperar o tão desejado bom senso generalizado. Quanto mais tempo se demorar alcançar consenso sobre a gravidade da presente situação, mais limitadas serão as soluções para a crise pandêmica, potenciando assim as consequências claramente evitáveis. Parafraseando Fernando Pessoa: “Podemos vender nosso tempo, mas não podemos comprá-lo de volta”.

* Artigo escrito por Flavio Ivo Riedlinger








 

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