Em declaração à imprensa após encontro com o presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, o presidente Lula afirmou que os países-membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas devem defender a paz, e não fomentar a guerra.
“Deveríamos estar falando no aumento da produção de alimentos para o mundo, de crescimento econômico, distribuição de renda, geração de empregos, [mas] nós estamos falando em guerras. Guerras que muitas vezes são tomadas da forma mais insana possível. Temos a guerra entre a Rússia e a Ucrânia que, por mais que eu procure explicação, eu não encontro. Uma explicação do porquê a ONU não tem força suficiente para evitar que essas guerras aconteçam, antecipando qualquer ventura, porque a guerra não traz benefício a ninguém. E também pela guerra na Faixa de Gaza”, destacou.
Lula ressaltou que “o Brasil foi um país que condenou de forma veemente a posição do Hamas no ataque a Israel e no sequestro de centenas de pessoas. Nós condenamos e chamamos o ato de ato terrorista. Mas não tem nenhuma explicação o comportamento de Israel, a pretexto de derrotar o Hamas, de estar matando mulheres e crianças, coisa jamais vista em qualquer guerra”.
Reforma no Conselho de Segurança da ONU
Em sua fala, o presidente brasileiro também defendeu mudanças nos organismos multilaterais e a reforma do Conselho de Segurança da ONU.
“O Brasil está empenhado, e esperamos contar com o apoio do Egito, para que possamos fazer as mudanças necessárias nos órgãos de governança global. É preciso que o Conselho de Segurança da ONU tenha outros países participando. Outros países da África, da América Latina. É preciso que tenha uma nova geopolítica na ONU. É preciso acabar com o direito de veto dos países. E é preciso que os membros do Conselho de Segurança sejam atores pacifistas, e não atores que fomentam as guerras”, afirmou.
“As últimas guerras que tivemos, a invasão ao Iraque não passou pelo Conselho da ONU, a invasão à Líbia, a Rússia não passou pelo Conselho para fazer a guerra na Ucrânia e o Conselho não pode fazer nada sobre a guerra na Faixa de Gaza. Ou seja, a única coisa que se pode fazer é pedir paz pela imprensa, mas me parece que Israel tem a primazia de não cumprir nenhuma decisão emanada pela direção das Nações Unidas”, observou mais à frente.
Lula defendeu cessar-fogo
Ainda segundo Lula, “de qualquer ângulo que se olhe, a escala da violência cometida entre os dois milhões de palestinos em Gaza não encontra justificativa”.
Lula também defendeu um cessar-fogo definitivo e a entrada de ajuda humanitária no enclave palestino. “É urgente estabelecer um cessar-fogo definitivo, que permita a prestação de ajuda humanitária sustentável e desimpedida e a imediata liberação de reféns. O Brasil é terminantemente contrário à tentativa de deslocamento forçado do povo palestino. Por este motivo, entre outros, o Brasil se manifestou em apoio ao processo instaurado na Corte Internacional de Justiça pela África do Sul”.
“Não haverá paz sem um Estado palestino convivendo lado a lado com Israel, dentro de fronteiras mutuamente acordas e internacionalmente reconhecidas”, destacou.
O Egito faz fronteira com a Faixa de Gaza – e foi, até o momento, a principal rota de evacuação de estrangeiros atingidos pelo conflito, incluídos brasileiros. A mesma rota é, também, a principal via de acesso terrestre para ajuda humanitária às vítimas da guerra.