Em meio à crise das queimadas na Amazônia, o presidente Emmanuel Macron afirmou nesta sexta-feira (23), que Jair Bolsonaro “mentiu” sobre seus compromissos com o meio ambiente na cúpula do G20 e anunciou que, sob essas condições, a França se opõe ao tratado de livre-comércio UE-Mercosul.
“Dada a atitude do Brasil nas últimas semanas, o presidente da República [francesa] só pode constatar que o presidente Bolsonaro mentiu para ele na cúpula [do G20] em Osaka”, declarou o Palácio do Eliseu, sede do governo francês, em nota.
“Nessas circunstâncias, a França se opõe ao acordo com o Mercosul”, conclui o comunicado, lembrando que o Parlamento da França ainda precisa ratificar o acordo comercial.
Na quinta-feira (22), Macron já havia sugerido que as queimadas e o desmatamento da Amazônia brasileira deveriam ser tema de reuniões na cúpula do G7, que ocorre a partir desta sexta-feira em Biarritz, no sudoeste da França. A proposta foi apoiada pela chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel.
A pressão internacional sobre o Brasil aumentou após a divulgação de informações sobre o aumento das queimadas na Amazônia. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), as queimadas tiveram um acréscimo de 82% de janeiro a agosto de 2019 ante o mesmo período do ano passado. Esta é a maior alta no índice em sete anos.
Segundo especialistas, a alta de incêndios está relacionada ao desmatamento promovido para a criação de pastagens e lavouras, uma vez que neste ano não houve um período de seca tão intenso como nos anos anteriores.
Na quarta-feira (21), Jair Bolsonaro chegou a insinuar que os incêndios na Amazônia têm sido provocados por ONGs com o intuito de prejudicá-lo.