Marcelo Crivella: Um prefeito entre verdades e mentiras
O prefeito do Rio, Marcelo Crivella, está diante de uma pressão política e midiática diferente da que sofreram seus antecessores, antes mesmo de completar 100 dias de governo. Desde a posse de Leonel Brizola, na década de 80, não se via esta profusão de notícias e, também, de “factóides” – expressão difundida pelo ex-prefeito César […]
POR Sidney Rezende20/03/2017|9 min de leitura
O prefeito do Rio, Marcelo Crivella, está diante de uma pressão política e midiática diferente da que sofreram seus antecessores, antes mesmo de completar 100 dias de governo. Desde a posse de Leonel Brizola, na década de 80, não se via esta profusão de notícias e, também, de “factóides” – expressão difundida pelo ex-prefeito César Maia -, que quer dizer um fato gerado para a imprensa propositadamente para chamar atenção.
A bateria de certa mídia pinça assuntos embaraçosos e os estampa na TV. A resposta ao exposto nunca tem a mesma força, além de só acontecer algum tempo depois. Colunistas, por sua vez, lançam notas que, tanto o prefeito pelo seu Facebook, como sua assessoria se apressam em desmentir. Frequentemente, tarde demais.
A imagem de Crivella está sendo desconstruída paulatinamente e por meios sofisticados de comunicação. Algumas das “denúncias” têm fundamento. Outras, não.
Não é usual em menos de 2 meses e meio de governo que se lancem tantas notícias delicadas e se tenha em mesmo período tantos desmentidos. Costuma ser um tempo de acomodação, mas não desta vez. Há um sentimento de apuro pela verdade e há também encorajamento diante de um prefeito evangélico e oriundo de setores que até então não tinham chegado ao Executivo. É mais encorajador – e fácil -, enfrentar Crivella, com apoio da Record, do que Eduardo Paes, com beneplácito do Grupo Globo.
A coleção de polêmicas é de perder a conta.
Um dos casos mais rumorosos da semana envolve a demissão do combativo repórter de O Dia, e que já foi Chefe de Reportagem do SRzd, Caio Barbosa. A versão mais difundida nas redes sociais dá conta que jornalista teria sido demitido a pedido do prefeito Marcelo Crivella. Isto teria acontecido após o alcaíde tomar conhecimento de uma reportagem que tratava da pouca quantidade de vacina que previne febre amarela e narrar a existência de longas filas nos postos de saúde.
É mais fácil enfrentar Crivella, com apoio da Record, do que Eduardo Paes, com beneplácito do Grupo Globo.
Caio disse ao SRzd ter ficado perplexo: “o meu texto é ordinário, comum, normal… não havia motivo para pedir minha demissão”. O postagem foi retirada do ar pela versão online de “O Dia”.
Cid Benjamin, irmão do secretário municipal de Educação, Cesar Benjamin, foi o primeiro a tomar conhecimento do desligamento de Caio após uma conversa entre eles. E também foi o que se mostrou mais indignado. E postou em sua página na internet o seu descontentamento.
Depois disso, como rastro de pólvora, a informação ganhou vulto, e Caio recebeu a solidariedade de colegas jornalistas inconformados com a “caça às bruxas”. E, também, de políticos tarimbados como o ex-governador Anthony Garotinho, ex-prefeito Eduardo Paes e dos candidatos derrotados Pedro Paulo e Marcelo Freixo.
O prefeito reagiu através de uma nota oficial:
“É falsa a informação divulgada nas redes sociais atribuindo a mim o pedido de demissão do jornalista Caio Barbosa do Jornal O Dia. Jamais faria isso. Declaro de forma veemente que respeito os profissionais de comunicação e a liberdade de imprensa.
Repudio, tenho desprezo e nojo a perseguições políticas, e no meu primeiro discurso depois de eleito, roguei a Deus que nos livrasse da praga maldita da vingança. Aliás, apenas para desmascarar essa descabelada infâmia, lembro que o irmão do deputado Marcelo Freixo, Guilherme Freixo, encontra-se no quadro de funcionários da Prefeitura. Termino afirmando que jornalistas de todos os veículos são atendidos por mim e por minha assessoria de forma isenta e respeitosa”
Sobre a nota do prefeito, Caio Barbosa se pronunciou assim:
O Sindicato dos Jornalistas também se posicionou diante da demissão de Caio Barbosa:
Em conversa com o SRzd, foi perguntado para Caio Barbosa se ele tinha certeza que o prefeito Marcelo Crivella realmente tinha “pedido sua cabeça” . Ele respondeu: “Ou foi ele ou um preposto. Não importa. O que importa é que a nota dele é falsa; toda falsa”.
O jornal “O Dia” demorou a esclarecer se realmente o prefeito Marcelo Crivella havia ou não feito o pedido que gerou a indignação geral. O editorial do jornal afirma que não teria ocorrido interferência externa. Leia abaixo o texto completo.
Procuramos a reportagem que redundou em celeuma nas páginas de O Dia online, e não a achamos. A leitora Daniela Feldman, na página de Caio Barbosa, fez uma afirmação intrigante:
Tanto é mentira do Bispo e do dono do jornal, que a matéria do Caio Barbosa foi APAGADA. Se ele não tivesse sido demitido por causa da matéria que desagradou o Bispo, por que apagariam ela?
Esta polêmica já poderia ser suficiente para mostrar a tensão que deve estar sendo sentida no Governo. Ocorre que um dado novo traz uma certa nuvem no céu. Foi dado conhecimento público hoje que Crivella foi diagnosticado com um câncer na próstata. A possibilidade de cura é alta, dizem os médicos.
Mas tem mais…
No fim de semana também foi veiculada a informação pelo colunista Lauro Jardim, de “O Globo”, que o prefeito Crivella pretendia erguer um muro ao custo de R$ 1,6 mi que separasse o Palácio da Cidade, onde iria morar com a família, da favela Dona Marta, contígua ao terreno. Crivella, reunido com secretários, desmentiu. Veja o vídeo.
Outro desgaste se deu pela ausência de Crivella na cerimônia de abertura do Carnaval. Falou-se que a prefeitura pretendia não realizar a festa em 2018. Informação também negada pela Prefeitura.
Quem se der ao trabalho de pesquisar quantas notícias mereceram reprimendas, como fez o SRzd, se surpreenderá com a quantidade. Veja algumas:
Resposta: Exoneração das pessoas e decreto do prefeito, do dia primeiro de fevereiro, que tornou obrigatória a apresentação de certidões negativas na Justiça Eleitoral, Estadual e Federal e dos Tribunais de Contas da União, Estado e Município para nomeações.
Resposta: Assim que saiu a liminar do STF, Marcelo Hodge Crivella foi afastado. E ocorreu a nomeação de Ailton Cardoso da Silva que, atualmente, responde pela Casa Civil.
Resposta: Nomeação não foi um equívoco. O assessor efetivamente começou a trabalhar na Riotur em janeiro, mas devido à burocracia no governo, o processo de nomeação de assessores para vários cargos de confiança foi bastante demorado.
Resposta: A redução de gastos é resultado da renegociação de contratos, principalmente nos serviços de apoio administrativo. O orçamento projetado para 2017 não levou em consideração, por exemplo, a expansão da rede de saúde. A renegociação se faz necessária para que os serviços não sejam paralisados. Os cortes no custeio representarão um significativa economia para que a contas se equilibrem e novos investimentos possam ser realizados. Desde que assumiu a prefeitura do Rio, o prefeito Crivella vem expondo à opinião pública a verdadeira situação que encontrou a prefeitura. A dívida, apenas na Saúde, chega a R$ 400 milhões. A partir desse diagnóstico, está sendo feito um enorme um esforço fiscal no sentido de cortar cargos, rever contratos e administrar as receitas com mais austeridade. O Gabinete do prefeito tem hoje em sua estrutura a Subsecretaria de Bem Estar Animal, a Coordenadoria da Diversidade Sexual e a Subsecretaria para pessoas com deficiência, órgãos que anteriormente estavam em outras pastas da prefeitura.
Resposta: Diferente do que sugere a manchete do jornal, a redução da alíquota do ISS de 2% para 0,01% aos consórcios foi objeto da Lei Municipal 5.223, no ano de 2010, na gestão do ex-prefeito Eduardo Paes; A Secretaria Municipal de Transportes está analisando a questão. Tão logo o estudo esteja concluído ele será apresentado ao prefeito Marcelo Crivella. Mas vale ressaltar que, por se tratar de uma lei, qualquer alteração ou extinção deve passar pela Câmara dos Vereadores; A lei é uma medida compensatória que viabilizou a implantação da tarifa única do Bilhete Carioca, além de propiciar a política de integração tarifária vigente. Em outras palavras, ela proporcionou que os usuários utilizem mais de um modal pagando apenas uma passagem.
Resposta: Guilherme Ribeiro Freixo foi designado em março de 2013 como Assessor III na Secretaria Especial de Abastecimento e Segurança Alimentar e posteriormente ocupou cargo de assessor na Casa Civil. Em meio à reestruturação das secretarias implementada pela nova administração, ele foi nomeado para um cargo indisponível na mesma pasta. O que tornou a medida sem efeito. Guilherme Freixo será renomeado em um cargo disponível e continuará fazendo parte do quadro de funcionários comissionados;
Resposta: ao contrário do que está noticiado na nota do jornalista Lauro Jardim sobre a construção de um muro no Palácio da Cidade assinada pelo jornalista Lauro Jardim, de O Globo, NÃO há nenhum projeto nesse sentido. Existe de fato um muro no Palácio, construído em 1993 pelo então prefeito Cesar Maia. Mas nessa administração não há e nunca houve projeto nesse sentido.
O prefeito do Rio, Marcelo Crivella, está diante de uma pressão política e midiática diferente da que sofreram seus antecessores, antes mesmo de completar 100 dias de governo. Desde a posse de Leonel Brizola, na década de 80, não se via esta profusão de notícias e, também, de “factóides” – expressão difundida pelo ex-prefeito César Maia -, que quer dizer um fato gerado para a imprensa propositadamente para chamar atenção.
A bateria de certa mídia pinça assuntos embaraçosos e os estampa na TV. A resposta ao exposto nunca tem a mesma força, além de só acontecer algum tempo depois. Colunistas, por sua vez, lançam notas que, tanto o prefeito pelo seu Facebook, como sua assessoria se apressam em desmentir. Frequentemente, tarde demais.
A imagem de Crivella está sendo desconstruída paulatinamente e por meios sofisticados de comunicação. Algumas das “denúncias” têm fundamento. Outras, não.
Não é usual em menos de 2 meses e meio de governo que se lancem tantas notícias delicadas e se tenha em mesmo período tantos desmentidos. Costuma ser um tempo de acomodação, mas não desta vez. Há um sentimento de apuro pela verdade e há também encorajamento diante de um prefeito evangélico e oriundo de setores que até então não tinham chegado ao Executivo. É mais encorajador – e fácil -, enfrentar Crivella, com apoio da Record, do que Eduardo Paes, com beneplácito do Grupo Globo.
A coleção de polêmicas é de perder a conta.
Um dos casos mais rumorosos da semana envolve a demissão do combativo repórter de O Dia, e que já foi Chefe de Reportagem do SRzd, Caio Barbosa. A versão mais difundida nas redes sociais dá conta que jornalista teria sido demitido a pedido do prefeito Marcelo Crivella. Isto teria acontecido após o alcaíde tomar conhecimento de uma reportagem que tratava da pouca quantidade de vacina que previne febre amarela e narrar a existência de longas filas nos postos de saúde.
É mais fácil enfrentar Crivella, com apoio da Record, do que Eduardo Paes, com beneplácito do Grupo Globo.
Caio disse ao SRzd ter ficado perplexo: “o meu texto é ordinário, comum, normal… não havia motivo para pedir minha demissão”. O postagem foi retirada do ar pela versão online de “O Dia”.
Cid Benjamin, irmão do secretário municipal de Educação, Cesar Benjamin, foi o primeiro a tomar conhecimento do desligamento de Caio após uma conversa entre eles. E também foi o que se mostrou mais indignado. E postou em sua página na internet o seu descontentamento.
Depois disso, como rastro de pólvora, a informação ganhou vulto, e Caio recebeu a solidariedade de colegas jornalistas inconformados com a “caça às bruxas”. E, também, de políticos tarimbados como o ex-governador Anthony Garotinho, ex-prefeito Eduardo Paes e dos candidatos derrotados Pedro Paulo e Marcelo Freixo.
O prefeito reagiu através de uma nota oficial:
“É falsa a informação divulgada nas redes sociais atribuindo a mim o pedido de demissão do jornalista Caio Barbosa do Jornal O Dia. Jamais faria isso. Declaro de forma veemente que respeito os profissionais de comunicação e a liberdade de imprensa.
Repudio, tenho desprezo e nojo a perseguições políticas, e no meu primeiro discurso depois de eleito, roguei a Deus que nos livrasse da praga maldita da vingança. Aliás, apenas para desmascarar essa descabelada infâmia, lembro que o irmão do deputado Marcelo Freixo, Guilherme Freixo, encontra-se no quadro de funcionários da Prefeitura. Termino afirmando que jornalistas de todos os veículos são atendidos por mim e por minha assessoria de forma isenta e respeitosa”
Sobre a nota do prefeito, Caio Barbosa se pronunciou assim:
O Sindicato dos Jornalistas também se posicionou diante da demissão de Caio Barbosa:
Em conversa com o SRzd, foi perguntado para Caio Barbosa se ele tinha certeza que o prefeito Marcelo Crivella realmente tinha “pedido sua cabeça” . Ele respondeu: “Ou foi ele ou um preposto. Não importa. O que importa é que a nota dele é falsa; toda falsa”.
O jornal “O Dia” demorou a esclarecer se realmente o prefeito Marcelo Crivella havia ou não feito o pedido que gerou a indignação geral. O editorial do jornal afirma que não teria ocorrido interferência externa. Leia abaixo o texto completo.
Procuramos a reportagem que redundou em celeuma nas páginas de O Dia online, e não a achamos. A leitora Daniela Feldman, na página de Caio Barbosa, fez uma afirmação intrigante:
Tanto é mentira do Bispo e do dono do jornal, que a matéria do Caio Barbosa foi APAGADA. Se ele não tivesse sido demitido por causa da matéria que desagradou o Bispo, por que apagariam ela?
Esta polêmica já poderia ser suficiente para mostrar a tensão que deve estar sendo sentida no Governo. Ocorre que um dado novo traz uma certa nuvem no céu. Foi dado conhecimento público hoje que Crivella foi diagnosticado com um câncer na próstata. A possibilidade de cura é alta, dizem os médicos.
Mas tem mais…
No fim de semana também foi veiculada a informação pelo colunista Lauro Jardim, de “O Globo”, que o prefeito Crivella pretendia erguer um muro ao custo de R$ 1,6 mi que separasse o Palácio da Cidade, onde iria morar com a família, da favela Dona Marta, contígua ao terreno. Crivella, reunido com secretários, desmentiu. Veja o vídeo.
Outro desgaste se deu pela ausência de Crivella na cerimônia de abertura do Carnaval. Falou-se que a prefeitura pretendia não realizar a festa em 2018. Informação também negada pela Prefeitura.
Quem se der ao trabalho de pesquisar quantas notícias mereceram reprimendas, como fez o SRzd, se surpreenderá com a quantidade. Veja algumas:
Resposta: Exoneração das pessoas e decreto do prefeito, do dia primeiro de fevereiro, que tornou obrigatória a apresentação de certidões negativas na Justiça Eleitoral, Estadual e Federal e dos Tribunais de Contas da União, Estado e Município para nomeações.
Resposta: Assim que saiu a liminar do STF, Marcelo Hodge Crivella foi afastado. E ocorreu a nomeação de Ailton Cardoso da Silva que, atualmente, responde pela Casa Civil.
Resposta: Nomeação não foi um equívoco. O assessor efetivamente começou a trabalhar na Riotur em janeiro, mas devido à burocracia no governo, o processo de nomeação de assessores para vários cargos de confiança foi bastante demorado.
Resposta: A redução de gastos é resultado da renegociação de contratos, principalmente nos serviços de apoio administrativo. O orçamento projetado para 2017 não levou em consideração, por exemplo, a expansão da rede de saúde. A renegociação se faz necessária para que os serviços não sejam paralisados. Os cortes no custeio representarão um significativa economia para que a contas se equilibrem e novos investimentos possam ser realizados. Desde que assumiu a prefeitura do Rio, o prefeito Crivella vem expondo à opinião pública a verdadeira situação que encontrou a prefeitura. A dívida, apenas na Saúde, chega a R$ 400 milhões. A partir desse diagnóstico, está sendo feito um enorme um esforço fiscal no sentido de cortar cargos, rever contratos e administrar as receitas com mais austeridade. O Gabinete do prefeito tem hoje em sua estrutura a Subsecretaria de Bem Estar Animal, a Coordenadoria da Diversidade Sexual e a Subsecretaria para pessoas com deficiência, órgãos que anteriormente estavam em outras pastas da prefeitura.
Resposta: Diferente do que sugere a manchete do jornal, a redução da alíquota do ISS de 2% para 0,01% aos consórcios foi objeto da Lei Municipal 5.223, no ano de 2010, na gestão do ex-prefeito Eduardo Paes; A Secretaria Municipal de Transportes está analisando a questão. Tão logo o estudo esteja concluído ele será apresentado ao prefeito Marcelo Crivella. Mas vale ressaltar que, por se tratar de uma lei, qualquer alteração ou extinção deve passar pela Câmara dos Vereadores; A lei é uma medida compensatória que viabilizou a implantação da tarifa única do Bilhete Carioca, além de propiciar a política de integração tarifária vigente. Em outras palavras, ela proporcionou que os usuários utilizem mais de um modal pagando apenas uma passagem.
Resposta: Guilherme Ribeiro Freixo foi designado em março de 2013 como Assessor III na Secretaria Especial de Abastecimento e Segurança Alimentar e posteriormente ocupou cargo de assessor na Casa Civil. Em meio à reestruturação das secretarias implementada pela nova administração, ele foi nomeado para um cargo indisponível na mesma pasta. O que tornou a medida sem efeito. Guilherme Freixo será renomeado em um cargo disponível e continuará fazendo parte do quadro de funcionários comissionados;
Resposta: ao contrário do que está noticiado na nota do jornalista Lauro Jardim sobre a construção de um muro no Palácio da Cidade assinada pelo jornalista Lauro Jardim, de O Globo, NÃO há nenhum projeto nesse sentido. Existe de fato um muro no Palácio, construído em 1993 pelo então prefeito Cesar Maia. Mas nessa administração não há e nunca houve projeto nesse sentido.