A lenta recuperação econômica frustra o Palácio do Planalto. A condução da administração financeira está parecendo mais complexa do que o presidente Michel Temer esperava. Os últimos dados referentes à atividade varejista e de serviços mostraram continuidade do fraco desempenho desses setores em setembro e no terceiro trimestre como um todo.
O enfraquecimento do mercado de trabalho no período, juntamente com o avanço modesto do componente de situação atual da confiança dos consumidores, contribuiu para os resultados negativos. Diante disso, o mercado estimam queda de 0,8% do consumo das famílias no terceiro trimestre, ante os três meses anteriores, ligeiramente abaixo do observado no trimestre findo em junho.
Chama atenção o descolamento do comportamento das vendas do varejo restrito e da massa salarial real, que vem ocorrendo desde o início de 2015. A atividade varejista tem mostrado retrações mais intensas que as da massa salarial, sinalizando que parte do seu recuo é decorrente de um comportamento precaucional, à medida que as famílias têm ajustado seus gastos diante das incertezas ainda presentes e dos riscos relacionados ao mercado de trabalho.
Desta forma, a recuperação defasada do mercado de trabalho em relação à atividade implicará um ritmo de crescimento mais gradual do consumo das famílias ao longo do próximo ano. Além disso, o baixo patamar do índice de situação atual da confiança dos consumidores ainda aponta para continuidade do fraco desempenho à frente.