O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, negou que ter discutido com o presidente Jair Bolsonaro detalhes sobre o andamento da operação da Polícia Federal (PF) que resultou na prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro pela suspeita de corrupção e tráfico de influência.
“Diante de tanta especulação sobre minha viagem com o presidente Bolsonaro para os EUA, asseguro categoricamente que, em momento algum, tratamos de operações da PF. Absolutamente nada disso foi pauta de qualquer conversa nossa, na referida viagem”, escreveu no Twitter neste domingo (26). Vale lembrar que a Polícia Federal é vinculada ao Ministério da Justiça.
Torres se referiu a viagem que fez com Bolsonaro quando o presidente supostamente alertou Milton Ribeiro, à época Ministro da Educação, sobre um “pressentimento” sobre possíveis ações contra ele.
Divulgação de gravação
A possibilidade de que houve um vazamento de informação feito por Jair Bolsonaro veio à tona após a divulgação do áudio de uma conversa telefônica, autorizada pela Justiça, entre Ribeiro e sua filha.
Na conversa, Ribeiro disse ter recebido uma ligação do atual ocupante do Palácio do Planalto afirmando que havia tido “um pressentimento” de que ele seria alvo de mandados de busca e apreensão.
No diálogo com a filha, Milton, que foi preso pela PF no último dia 22 e solto um dia depois, disse que havia conversado com Bolsonaro naquele dia. “Hoje o presidente me ligou. Ele tá com pressentimento novamente de que eles podem querer atingi-lo através de mim”, afirmou o ex-ministro, de acordo com as apurações policiais.
A conversa aconteceu no dia 9 de junho, um dia após Torres e outros integrantes do governo viajarem para os Estados Unidos. No mesmo dia, a comitiva participou da reunião da Cúpula das Américas, realizada em Los Angeles.
Em outra conversa telefônica interceptada pelos investigadores com autorização da Justiça, a esposa de Milton Ribeiro, Myrian Ribeiro, disse a um interlocutor que o ex-ministro “tava sabendo” com antecedência da realização de uma operação contra ele.
A posição de Bolsonaro
Sobre o caso, o advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef, disse ter sido autorizado pelo presidente a dizer à imprensa que ele “não interferiu na PF” e que não tem “nada a ver com essas gravações”.
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