O ministro da Justiça, Sergio Moro, pediu à Procuradoria-Geral da República (PGR) que investigue o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, por suposto crime de calúnia.
Santa Cruz criticou a postura de Moro na operação que prendeu acusados de hackear celulares de autoridades.
“Moro usa o cargo, aniquila a independência da Polícia Federal e ainda banca o chefe de quadrilha ao dizer que sabe das conversas de autoridades que não são investigadas”, disse o advogado.
“Atribuir falsamente ao Ministro da Justiça e Segurança Pública a condição de chefe de quadrilha configura em tese o crime de calúnia do art. 138 do Código Penal”, disse Moro na representação enviada à procuradora Raquel Dodge.
Santa Cruz se referiu as informação de que Moro telefonou para autoridades para avisar que as provas apreendidas com os hackers de Araraquara pela Polícia Federal seriam destruídas.
Moro teria tratado do assunto com várias pessoas, entre elas o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio de Noronha, que confirmou a informação.
O ministro disse ainda que não é verdade que teve acesso ao conteúdo de mensagens registradas nos aparelhos eletrônicos apreendidos pela PF no inquérito sobre os supostos hackers, conforme teria dito Santa Cruz.
O pedido de Moro é mais uma ação do governo Jair Bolsonaro em represália a Santa Cruz. Nesta semana, a Petrobras rompeu um contrato de trabalho com o presidente da OAB.
O embate começou com um ataque de Bolsonaro à memória de Fernando Santa Cruz, pai de Felipe e desaparecido político do regime de 1964. Numa entrevista, Bolsonaro disse que se Santa Cruz quisesse, ele contaria como o pai do advogado foi morto durante a ditadura.
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