Grata surpresa. Domingo. Feira-livre da Rua Araripe Júnior, no Andaraí.
POR Redação SRzd31/07/2006|4 min de leitura
Grata surpresa. Domingo. Feira-livre da Rua Araripe Júnior, no Andaraí.
POR Redação SRzd31/07/2006|4 min de leitura
Grata surpresa. Domingo. Feira livre da Rua Araripe Júnior, no Andaraí. Frutas e verduras arrumadas em cima das barracas e não apenas amontoadas em caixotes, como de costume, a atrapalhar a passagem dos fregueses. Todas as barracas “vestidas” com lonas listradas de vermelho e branco e o corredor central da feira completa e estranhamente livre. Minha mulher logo percebeu que a arrumação era fruto do trabalho da fiscalização. E era. Três integrantes da Coordenação de Licenciamento e Fiscalização da Prefeitura caminhavam pela feira, enquanto, cariocamente, conversavam com os feirantes, de forma bem-humorada, sobre a nova situação.
“Dá mais trabalho pra gente, mas fica mais organizada e também mais bonita. E a freguesia gosta”, disse a portuguesa vendedora de tomates. Tem razão a feirante, pois mesmo a feira sendo livre, é indispensável que se tenha alguma ordem. Caso contrário, impera o caos.
Tomara que os demais feirantes concordem com a vendedora de tomates e mantenham a organização, pois o trabalho dos fiscais da Prefeitura é grande, haja visto que são 182 as feiras-livres a funcionar durante a semana na cidade do Rio de Janeiro. Copacabana, Tijuca e Cavalcante são os primeiros bairros a passarem pela mudança, disse um dos fiscais.
Esperamos que essa investida da Prefeitura não se transforme em repasses muito significativos nos preços das mercadorias, visto que os feirantes tiveram que comprar a lona para tapar o vão das barracas. Em comércio, sabemos como as coisas funcionam: qualquer investimento do dono da mercadoria acaba resultando em desculpa para subir o preço dos produtos à venda.
Com repasse do valor das lonas para os consumidores ou não, ao ver a feira organizada, não houve como não pensar no quanto uma medida como esta, que pode ser considerada menor por muitos, torna-se necessária, no que ela tem de simbólico para a vida em sociedade.
Evidentemente que não se pode comparar a tentativa de organização do funcionamento de uma feira-livre com o desejo de que as casas parlamentares entrem na linha. Embora as situações guardem considerável distância uma da outra, não adianta querer fazer vista grossa para os pequenos desrespeitos praticados no dia-a-dia de uma cidade, e ficarmos indignados apenas com as maracutaias perpetradas pelos políticos.
Também é óbvio que a rua da feira estar livre e as barracas “vestidas” não é suficiente. Espera-se, por exemplo, que os ciclistas deixem suas bicicletas em casa, quando decidirem ir à feira comprar tiririca para o curió de estimação ou então uma pescadinha perna-de-moça para o almoço. Ou que pais zelosos não resolvam levar os gêmeos em carrinhos conjugados para terem os primeiros contatos com a diversidade de formas e cores dos produtos hortifrutigranjeiros. Também os rapazes que fazem carreto deveriam aguardar os possíveis usuários deste serviço nas entradas das feiras.
Levado pelo otimismo provocado por essa grata surpresa, visto que sou baiano, e feira-livre no meu estado, como se diz em bom carioquês, é qualquer coisa, exalto a mudança nos aspectos estético e espacial, mas rogo aos fiscais da Prefeitura que dediquem atenção às balanças dos feirantes, pois a malandragem grassa nessa área. E falo isso com a autoridade de quem, na adolescência, trabalhou em açougue e sabe a razão de um dos dois pratos nas velhas balanças com fiel estar sempre com alguns pesos.
Resta verificar se o fato de o corredor central da feira estar livre e as barracas “vestidas” não era apenas temporário, conseqüência da presença dos fiscais. Domingo que vem, voltarei lá para conferir.
Em tempo: as feiras-livres existem desde o Período Colonial; em 1771, o Marquês de Lavradio, terceiro Vice-Rei do Brasil, autorizou os mercados de alimentos nas ruas do Rio.
Grata surpresa. Domingo. Feira livre da Rua Araripe Júnior, no Andaraí. Frutas e verduras arrumadas em cima das barracas e não apenas amontoadas em caixotes, como de costume, a atrapalhar a passagem dos fregueses. Todas as barracas “vestidas” com lonas listradas de vermelho e branco e o corredor central da feira completa e estranhamente livre. Minha mulher logo percebeu que a arrumação era fruto do trabalho da fiscalização. E era. Três integrantes da Coordenação de Licenciamento e Fiscalização da Prefeitura caminhavam pela feira, enquanto, cariocamente, conversavam com os feirantes, de forma bem-humorada, sobre a nova situação.
“Dá mais trabalho pra gente, mas fica mais organizada e também mais bonita. E a freguesia gosta”, disse a portuguesa vendedora de tomates. Tem razão a feirante, pois mesmo a feira sendo livre, é indispensável que se tenha alguma ordem. Caso contrário, impera o caos.
Tomara que os demais feirantes concordem com a vendedora de tomates e mantenham a organização, pois o trabalho dos fiscais da Prefeitura é grande, haja visto que são 182 as feiras-livres a funcionar durante a semana na cidade do Rio de Janeiro. Copacabana, Tijuca e Cavalcante são os primeiros bairros a passarem pela mudança, disse um dos fiscais.
Esperamos que essa investida da Prefeitura não se transforme em repasses muito significativos nos preços das mercadorias, visto que os feirantes tiveram que comprar a lona para tapar o vão das barracas. Em comércio, sabemos como as coisas funcionam: qualquer investimento do dono da mercadoria acaba resultando em desculpa para subir o preço dos produtos à venda.
Com repasse do valor das lonas para os consumidores ou não, ao ver a feira organizada, não houve como não pensar no quanto uma medida como esta, que pode ser considerada menor por muitos, torna-se necessária, no que ela tem de simbólico para a vida em sociedade.
Evidentemente que não se pode comparar a tentativa de organização do funcionamento de uma feira-livre com o desejo de que as casas parlamentares entrem na linha. Embora as situações guardem considerável distância uma da outra, não adianta querer fazer vista grossa para os pequenos desrespeitos praticados no dia-a-dia de uma cidade, e ficarmos indignados apenas com as maracutaias perpetradas pelos políticos.
Também é óbvio que a rua da feira estar livre e as barracas “vestidas” não é suficiente. Espera-se, por exemplo, que os ciclistas deixem suas bicicletas em casa, quando decidirem ir à feira comprar tiririca para o curió de estimação ou então uma pescadinha perna-de-moça para o almoço. Ou que pais zelosos não resolvam levar os gêmeos em carrinhos conjugados para terem os primeiros contatos com a diversidade de formas e cores dos produtos hortifrutigranjeiros. Também os rapazes que fazem carreto deveriam aguardar os possíveis usuários deste serviço nas entradas das feiras.
Levado pelo otimismo provocado por essa grata surpresa, visto que sou baiano, e feira-livre no meu estado, como se diz em bom carioquês, é qualquer coisa, exalto a mudança nos aspectos estético e espacial, mas rogo aos fiscais da Prefeitura que dediquem atenção às balanças dos feirantes, pois a malandragem grassa nessa área. E falo isso com a autoridade de quem, na adolescência, trabalhou em açougue e sabe a razão de um dos dois pratos nas velhas balanças com fiel estar sempre com alguns pesos.
Resta verificar se o fato de o corredor central da feira estar livre e as barracas “vestidas” não era apenas temporário, conseqüência da presença dos fiscais. Domingo que vem, voltarei lá para conferir.
Em tempo: as feiras-livres existem desde o Período Colonial; em 1771, o Marquês de Lavradio, terceiro Vice-Rei do Brasil, autorizou os mercados de alimentos nas ruas do Rio.
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