Os homicídios caíram 12% em 2018 no Brasil, com 57.956 assassinatos, mas essa queda não beneficiou de forma igual toda a população.
Dados do Atlas de Violência 2020 , divulgado nesta quinta-feira (27), mostram que 75,7% das vítimas são negras, o que representa uma taxa de 37,8 mortes por 100 mil habitantes. Entre os não negros (brancos, amarelos e indígenas) a taxa foi bem mais baixa, de 13,9. Isso significa que, para cada não negro assassinado em 2018, foram mortos 2,7 negros.
O mesmo acontece quando se observa o assassinato de mulheres em 2018 – uma morte a cada duas horas. Das 4.519 mulheres mortas, 68% eram negras . Enquanto a taxa de homicídio das mulheres não negras foi de 2,8 por 100 mil habitantes, entre as negras a taxa chegou a 5,2 por 100 mil – quase o dobro.
Em estados do Nordeste essa diferença é ainda mais acentuada. No Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba as taxas de homicídios de mulheres negras foram quase quatro vezes maiores. Em alagoas, os assassinatos foram quase sete vezes maiores entre as negras.
Nos últimos 10 anos, a taxa de homicídio de mulheres negras cresceu 12,4%, enquanto a taxa de homicídio de não negras caiu 11,7% no mesmo período.
Na avaliação dos especialistas, negros são muito mais vulneráveis à violência e vivem realidades diferentes dentro de seus estados. No Rio de Janeiro, enquanto a taxa de homicídios de negros chega a 50,6 por 100 mil habitantes, a de não negros é de 20,6 – 2,5 vezes mais.
Em Alagoas, que registra a maior diferença do país, a taxa de homicídio de negros é 17,2 vezes maior do que a de não negros. O mesmo se repete em todos os estados. Na Paraíba, chega a 8,8 vezes. Em Sergipe, a 5,1.
O Atlas da Violência é uma parceria do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e o Instituto de Econômica Aplicada (Ipea), com base nos dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde.