Médicos se revoltam com o Governo Federal que quer reajustar planos de saúde de idosos

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O presidente do Conselho Regional de Medicina(Cremerj), Nelson Nahon, demonstrou indignação ao tomar conhecimento que da informação de que o ministro da Saúde, Ricardo Barros, apoia a proposta de mudar a legislação para que idosos acima de 60 anos também tenham reajustes nos preços cobrados pelos Planos de Saúde: “A pessoa vai ficando mais idosa, […]

POR Redação SRzd08/11/2017|6 min de leitura

Médicos se revoltam com o Governo Federal que quer reajustar planos de saúde de idosos

Ricardo Barros. Foto: José Cruz/Agência Brasil

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O presidente do Conselho Regional de Medicina(Cremerj), Nelson Nahon, demonstrou indignação ao tomar conhecimento que da informação de que o ministro da Saúde, Ricardo Barros, apoia a proposta de mudar a legislação para que idosos acima de 60 anos também tenham reajustes nos preços cobrados pelos Planos de Saúde:

“A pessoa vai ficando mais idosa, vai deixando de trabalhar, diminui seu rendimento e aumenta mais ainda seu custo no plano de saúde. É mais uma medida que vem por parte do Ministério (da Saúde) que não leva em consideração as necessidades da população. É extremamente grave. Eles não têm estudos concretos sobre o impacto disso efetivamente em relação aos planos de saúde. Nós temos técnicos dizendo que não é verdade que é isso que faz com que os planos de saúde sejam deficitários. Além disso, os planos de saúde têm que arcar com todo o sistema. Não pode querer arcar só com o sistema onde mais interessam a eles. Então, a princípio, o Cremerj vê com muita preocupação essa medida. Inclusive, uma reunião em Brasília hoje (quarta-feira, 8), com todos os conselhos regionais de medicina, o Rio de Janeiro está levantando essa discussão porque é mais uma medida que vai inviabilizar o acesso à população aos planos de saúde. Temos que entender que 25% da população tem plano de saúde. Então, se você inviabiliza, seja pelo desemprego, hoje muito grande, seja pelo custo do plano de saúde, que pessoas que saem do plano de saúde, você vai acabar onerando mais ainda o sistema público de saúde, porque essas pessoas vão sair do sistema suplementar e correr para o sistema público. Então, estamos vendo com muita preocupação e somos contrários a uma medida dessa feita de uma forma não estudada, não discutida com a sociedade”.

O ministro Ricardo Barros disse à Folha que ele defende a redução do número de hospitais públicos de 6.000 para 1.500, com o número de 100 leitos. Leia e ouça o que pensa o presidente do Cremerj, Nelson Nahon:

“Essa notícia é uma verdadeira aberração. Não tem nenhum estudo por parte do ministro que ele possa dizer que isso é viável e que vai melhorar ou piorar a situação da saúde. No Rio de Janeiro, temos a maior rede federal de hospitais do Brasil. Tem hoje seis hospitais federais, três institutos – Into, Inca e Instituto Nacional de Cardiologia -, hospitais terciários de ponta que fazem atendimento. Esses hospitais não dão vazão ao movimento que se tem. Eu não consigo imaginar você reduzir mais ainda hospitais para aumentar leitos. Outra coisa, (por exemplo,) eu vou fechar um hospital de um município, vou abrir em outro. Como é que a população se desloca? Como vai ser o atendimento? Neste momento, não tem nenhum estudo por parte do governo de que este é o caminho. Vou te dizer por que: No Rio de Janeiro, temos seis hospitais federais de porte, terciários, que fazem transplante cardíaco, transplante hepático, três institutos, e o ministro está dizendo que está fazendo choque de gestão e está discutindo um novo perfil desses hospitais. Esses hospitais que ele diz estar fazendo perfil, está sendo feito com apoio do (hospital) Sírio e Libanês, de São Paulo. Perguntamos no hospital Cardoso Fontes, que é um dos hospitais da zona oeste do Rio de Janeiro: quantas horas o Sírio-Libanês veio fazer um levantamento desse hospital? Quatro horas. Em quatro horas, ninguém levanta nem como é que funciona o gerador de um hospital. Então, fazer uma proposta dessas, sem nenhum embasamento técnico, como está fazendo no Rio de Janeiro… Ele está propondo mudanças nos hospitais sem reconhecer a realidade dos hospitais. Nem ele, nem a equipe dele. O Cremerj esteve no fórum de saúde do Conselho Nacional de Justiça, onde a juíza Maria Amélia perguntou ao diretor do DGH, que é o órgão que controla os seis hospitais do Rio de Janeiro, ‘vocês estão praticando uma nova gestão, uma nova proposta de perfil. Queremos a proposta, por favor, nos deem para que a gente possa discutir com vocês’. A resposta do diretor do DGH, doutor Marcos Vinicius foi muito simples: ‘Não temos, por enquanto, nada por escrito, mas já estamos implementando mudanças’. Estão brincando com a saúde”.

Vamos procurar o Ministério Público Federal, a Defensoria Pública da União e vamos entrar na Justiça para bloquear esse tipo de coisa

“Os estudos técnicos dos hospitais dizem que o ideal, para que o hospital seja viável do ponto de vista administrativo, de gestão financeira, que ele tenha 200 leitos. Então, ele (ministro) começa errando por aí. Segundo, nós temos diversos hospitais com mais de 100 leitos. Então, vamos pegar um hospital que tem hoje mais de 100 leitos. O hospital da Posse, em Nova Iguaçu, é um hospital regional, tem 300 leitos. Você vai lá e tem gente no corredor, porque está faltando vaga. No hospital do Fundão, que é um hospital universitário que tinham 500 leitos, hoje está com 260, por causa dos recursos que não são repassados. Você vai no hospital Pedro Ernesto, em Vila Isabel, no Rio, que tinham 500 leitos e hoje está com 200 leitos, também por redução de verba. Esses hospitais estão com todos os leitos ocupados, com gente no corredor. Existe uma fila de regulação aqui no Rio de Janeiro, por exemplo, no Into, que é um hospital com mais de 200 leitos, a fila para cirurgia de quase 15 mil pacientes. Então, é um achismo do ministro. Ele acha que isso vai resolver. Ele que apresente um estudo mostrando que hospital com 100 leitos, só 1.500 (hospitais) vão resolver. Não vai conseguir apresentar isso. Nós temos hoje déficit de leitos no Rio de Janeiro, que é a capital que tem maior número de hospitais federais, estaduais e municipais. O que está faltando hoje, primeiro é a questão do subfinanciamento. O governo federal, Congresso aprovou, um congelamento por 20 anos de recursos extras para a saúde. Existe necessidade de melhor gestão, existe. Primeira coisa que tem que fazer é parar de nomear diretor de hospital por indicação política, diretores que não conhecem o hospital, que não tem curso de gestão. E, depois, ele vai discutir outra coisa. O ministro está equivocado na sua proposta”.

Caso seja confirmadas as medidas, o Cremerj já pensa no que fazer. “Se for o caso, Vamos procurar o Ministério Público Federal, a Defensoria Pública da União e vamos entrar na Justiça para bloquear esse tipo de coisa”.

O presidente do Conselho Regional de Medicina(Cremerj), Nelson Nahon, demonstrou indignação ao tomar conhecimento que da informação de que o ministro da Saúde, Ricardo Barros, apoia a proposta de mudar a legislação para que idosos acima de 60 anos também tenham reajustes nos preços cobrados pelos Planos de Saúde:

“A pessoa vai ficando mais idosa, vai deixando de trabalhar, diminui seu rendimento e aumenta mais ainda seu custo no plano de saúde. É mais uma medida que vem por parte do Ministério (da Saúde) que não leva em consideração as necessidades da população. É extremamente grave. Eles não têm estudos concretos sobre o impacto disso efetivamente em relação aos planos de saúde. Nós temos técnicos dizendo que não é verdade que é isso que faz com que os planos de saúde sejam deficitários. Além disso, os planos de saúde têm que arcar com todo o sistema. Não pode querer arcar só com o sistema onde mais interessam a eles. Então, a princípio, o Cremerj vê com muita preocupação essa medida. Inclusive, uma reunião em Brasília hoje (quarta-feira, 8), com todos os conselhos regionais de medicina, o Rio de Janeiro está levantando essa discussão porque é mais uma medida que vai inviabilizar o acesso à população aos planos de saúde. Temos que entender que 25% da população tem plano de saúde. Então, se você inviabiliza, seja pelo desemprego, hoje muito grande, seja pelo custo do plano de saúde, que pessoas que saem do plano de saúde, você vai acabar onerando mais ainda o sistema público de saúde, porque essas pessoas vão sair do sistema suplementar e correr para o sistema público. Então, estamos vendo com muita preocupação e somos contrários a uma medida dessa feita de uma forma não estudada, não discutida com a sociedade”.

O ministro Ricardo Barros disse à Folha que ele defende a redução do número de hospitais públicos de 6.000 para 1.500, com o número de 100 leitos. Leia e ouça o que pensa o presidente do Cremerj, Nelson Nahon:

“Essa notícia é uma verdadeira aberração. Não tem nenhum estudo por parte do ministro que ele possa dizer que isso é viável e que vai melhorar ou piorar a situação da saúde. No Rio de Janeiro, temos a maior rede federal de hospitais do Brasil. Tem hoje seis hospitais federais, três institutos – Into, Inca e Instituto Nacional de Cardiologia -, hospitais terciários de ponta que fazem atendimento. Esses hospitais não dão vazão ao movimento que se tem. Eu não consigo imaginar você reduzir mais ainda hospitais para aumentar leitos. Outra coisa, (por exemplo,) eu vou fechar um hospital de um município, vou abrir em outro. Como é que a população se desloca? Como vai ser o atendimento? Neste momento, não tem nenhum estudo por parte do governo de que este é o caminho. Vou te dizer por que: No Rio de Janeiro, temos seis hospitais federais de porte, terciários, que fazem transplante cardíaco, transplante hepático, três institutos, e o ministro está dizendo que está fazendo choque de gestão e está discutindo um novo perfil desses hospitais. Esses hospitais que ele diz estar fazendo perfil, está sendo feito com apoio do (hospital) Sírio e Libanês, de São Paulo. Perguntamos no hospital Cardoso Fontes, que é um dos hospitais da zona oeste do Rio de Janeiro: quantas horas o Sírio-Libanês veio fazer um levantamento desse hospital? Quatro horas. Em quatro horas, ninguém levanta nem como é que funciona o gerador de um hospital. Então, fazer uma proposta dessas, sem nenhum embasamento técnico, como está fazendo no Rio de Janeiro… Ele está propondo mudanças nos hospitais sem reconhecer a realidade dos hospitais. Nem ele, nem a equipe dele. O Cremerj esteve no fórum de saúde do Conselho Nacional de Justiça, onde a juíza Maria Amélia perguntou ao diretor do DGH, que é o órgão que controla os seis hospitais do Rio de Janeiro, ‘vocês estão praticando uma nova gestão, uma nova proposta de perfil. Queremos a proposta, por favor, nos deem para que a gente possa discutir com vocês’. A resposta do diretor do DGH, doutor Marcos Vinicius foi muito simples: ‘Não temos, por enquanto, nada por escrito, mas já estamos implementando mudanças’. Estão brincando com a saúde”.

Vamos procurar o Ministério Público Federal, a Defensoria Pública da União e vamos entrar na Justiça para bloquear esse tipo de coisa

“Os estudos técnicos dos hospitais dizem que o ideal, para que o hospital seja viável do ponto de vista administrativo, de gestão financeira, que ele tenha 200 leitos. Então, ele (ministro) começa errando por aí. Segundo, nós temos diversos hospitais com mais de 100 leitos. Então, vamos pegar um hospital que tem hoje mais de 100 leitos. O hospital da Posse, em Nova Iguaçu, é um hospital regional, tem 300 leitos. Você vai lá e tem gente no corredor, porque está faltando vaga. No hospital do Fundão, que é um hospital universitário que tinham 500 leitos, hoje está com 260, por causa dos recursos que não são repassados. Você vai no hospital Pedro Ernesto, em Vila Isabel, no Rio, que tinham 500 leitos e hoje está com 200 leitos, também por redução de verba. Esses hospitais estão com todos os leitos ocupados, com gente no corredor. Existe uma fila de regulação aqui no Rio de Janeiro, por exemplo, no Into, que é um hospital com mais de 200 leitos, a fila para cirurgia de quase 15 mil pacientes. Então, é um achismo do ministro. Ele acha que isso vai resolver. Ele que apresente um estudo mostrando que hospital com 100 leitos, só 1.500 (hospitais) vão resolver. Não vai conseguir apresentar isso. Nós temos hoje déficit de leitos no Rio de Janeiro, que é a capital que tem maior número de hospitais federais, estaduais e municipais. O que está faltando hoje, primeiro é a questão do subfinanciamento. O governo federal, Congresso aprovou, um congelamento por 20 anos de recursos extras para a saúde. Existe necessidade de melhor gestão, existe. Primeira coisa que tem que fazer é parar de nomear diretor de hospital por indicação política, diretores que não conhecem o hospital, que não tem curso de gestão. E, depois, ele vai discutir outra coisa. O ministro está equivocado na sua proposta”.

Caso seja confirmadas as medidas, o Cremerj já pensa no que fazer. “Se for o caso, Vamos procurar o Ministério Público Federal, a Defensoria Pública da União e vamos entrar na Justiça para bloquear esse tipo de coisa”.

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