O candidato à reeleição ao Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro (PL), conseguiu reunir um grande número de apoiadores nos três principais atos chamados por ele mesmo e aliados, há meses, neste 7 de setembro, mostrando a capacidade de mobilização de sua base.
Em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília os eleitores do atual presidente juntaram-se para atacar adversários políticos, o Supremo Tribunal Federal e boa parte da imprensa, mantendo a retórica bolsonarista já conhecida. Do Bicentenário da Independência, se viu pouco.
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O discurso em Brasília, logo pela manhã, é passível de impeachment. Essa é a opinião do jurista e colunista do portal UOL Wálter Maierovitch. Ele afirma que o presidente descumpriu os artigos 242 e 243 do Código Eleitoral. Bolsonaro puxou um coro de “imbrochável”, após beijar a primeira-dama Michelle Bolsonaro.
“Ele comete abuso de poder político, que é crime tipificado na Constituição e que pode ser objeto de impeachment. Evidentemente ele não se preocupa com impeachment e nem com o crime de abuso porque ele tem a cobertura do Lira. Abusou da propaganda política, basta olhar nos artigos 242 e 243 do Código Eleitoral. Ali estão os crimes que ele praticou, ou seja, isso está proibido no 242 e ele levou a estados emocionais e passionais naquele seu discurso com falta de compostura na questão do ‘imbrochável’, e faz o jogo político e abusivo dele”, explicou.
“Bolsonaro subiu ao palanque oficial para a abertura da festa com dois trajes. O traje de chefe de Estado e chefe de Governo e o traje de candidato à reeleição. Naquele palanque ele só podia ter subido com um traje, que era o traje de chefe de estado porque a comemoração e festividade era do bicentenário da Independência. O evento não pode ser fracionado conforme desejam aqueles que participam da propaganda política, é um evento único e uma coisa única. O presidente como chefe de Estado, dentro de um evento oficial, não vai dizer ‘olha agora estou falando como presidente e agora como candidato’. Ele não pode, o evento é único”, analisou.
Dois ex-ministros do TSE, o Tribunal Superior Eleitoral, acreditam que há elementos para se pedir uma investigação judicial eleitoral. O evento do Rio, do qual Bolsonaro também participou presencialmente, já está na mira da Procuradoria Regional Eleitoral fluminense por contar com a participação de candidatos estaduais, como o governador Cláudio Castro (PL).
“O abuso está caracterizado. Já o sucesso desse tipo de ação dependerá das provas que produzirem. Basta lembrar o caso dos disparos de whatsapp de 2018. Todos concordaram que havia irregularidade, mas julgaram a ação improcedente por falta de prova”, frisa um ex-ministro do TSE.
O advogado Renato Ribeiro de Almeida, também destacou a incidência de possíveis crimes: “Houve abuso de poder político. Lamentavelmente, os atos que deveriam ser cívico-militares estão sendo usados pelo presidente da República como atos políticos. Há clara confusão entre um ato cívico-militar, institucional, de Estado, com a campanha à reeleição”.
Rio de Janeiro
Após a chegada ao palco montando na orla de Copacabana, depois de uma “motociata” que passou do Aterro do Flamengo, Bolsonaro discursou para apoiadores, disse não ser ladrão e defendeu empresários que foram alvos de busca e apreensão.
“Não vamos voltar à cena do crime, esse tipo de gente tem que ser extirpado da vida pública. Não tente convencer um esquerdista, fale para eles te convencer. Não ter argumentos, são cabeças vazias, pessoas que não tem nada. Hoje estive com os empresários acusados de golpistas. Estamos ao lado dessas pessoas que nada mais tiveram do que sua privacidade violada. Nós queremos que vocês tenham cada vez mais liberdade. Nesse momento de decisão e vocês sabem que somos escravos das nossas decisões devem ver a vida pregressa”, discursou.
São Paulo
Os manifestantes pró-Bolsonaro se reuniram na Avenida Paulista, no centro da cidade de São Paulo. O protesto também foi utilizado como campanha eleitoral para candidatos de direita no estado.
No começo da tarde, os manifestantes fizeram a oração do Pai Nosso e o locutor Buffallo Bill foi interrompido pela organização quando pediu vaia para a jornalista Amanda Klein, atacada pelo presidente após questionar sobre rachadinha e compra de imóveis com dinheiro vivo nesta semana na rádio Jovem Pan.
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A atriz Regina Duarte, o ex-ministro Ricardo Salles (PL), o deputado Federal Marco Feliciano (PL) e os candidatos ao senado e ao governo paulista, Marcos Pontes e Tarcísio de Freitas, respectivamente, também participaram do ato que lotou quase dez quarteirões do principal endereço da cidade.