Os dois primeiros colocados da disputa ao Palácio do Planalto neste ano, segundo todos os institutos de pesquisa, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), se colocam em campos opostos no debate político e ideológico.
Porém, ambos têm algo em comum: as críticas ao jornalismo da principal emissora do país, a TV Globo. Lula carrega rusgas antigas com as organizações Globo, desde sua primeira campanha presidencial, em 1989.
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Naquela ocasião, uma edição tendenciosa do debate, exibida no dia seguinte no Jornal Nacional e montada para prejudicar o petista e favorecer o então candidato Fernando Collor de Mello, no segundo turno às vésperas da votação, ainda povoa o acervo afetivo lulista. Collor venceu.
Lula e o PT ainda reclamam o fato de nenhum programa global o ter entrevistado, desde que deixou o poder, em 2010, nem a ex-presidente Dilma Rousseff, após seu impeachment, no ano de 2016.
Mas as queixas não são, nem têm uma única via; direita ou esquerda. Bolsonaro e seus aliados também são ferozes aos avaliar os conteúdos da Globo. São constantes os ataques, de toda ordem, não só a programação jornalística, mas também aos profissionais e suas posições pessoais para além da política, inclusive.
Nesta semana, a partir de segunda-feira (22), o Jornal Nacional dá início às sabatinas com candidatos à presidência da República. Os apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos vão conduzir as entrevistas, ao vivo, direto dos estúdios, no Rio.
A conversa com cada candidato será transmitida por TV Globo, Globoplay e portal G1. As íntegras de todas as entrevistas ficarão disponíveis no Globoplay e no G1.
Foram convidados os quatro candidatos mais bem colocados na pesquisa de intenção de voto divulgada pelo Instituto Datafolha em 28 de julho: Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB).
Para Lula, será o momento de voltar a aparecer para o grande público na televisão aberta após deixar a sede da Polícia Federal, onde esteve preso por 580 dias, condenado pela Operação Lava Jato no caso envolvendo um apartamento Triplex, na cidade do Guarujá, no litoral paulista.
No caso de Bolsonaro, este momento será o primeiro dele na Globo após conquistar a presidência em 2018. Além disso, durante os quase quatro anos de mandato, foram raras as entrevistas ou declarações do candidato à reeleição em ambientes chamados não controlados, onde será, fatalmente, confrontado como nunca antes desde a posse.
A presença dos presidenciáveis ao vivo no jornal de maior audiência e repercussão do país, sobretudo dos dois, deve mobilizar as atenções dos eleitores. Deve consolidar-se num dos marcos desta campanha para a decisão final daqueles que ainda estão indecisos, além de gerar muito conteúdo para os seguidores de cada candidatura e servir de instrumento de propaganda para as duas “torcidas”.