Em nome de Jesus: Na CPI, reverendo chora e diz que errou
A CPI da Covid-19 no Senado Federal retomou seus trabalhos nesta terça-feira (3), após um recesso de duas semanas. + veja a cobertura completa da CPI da Covid-19 no Senado Federal O primeiro convidado foi o reverendo Amilton Gomes de Paula, apontado por representantes da empresa Davati Medical Supply como intermediário entre o governo brasileiro e empresas […]
POR Redação SRzd03/08/2021|7 min de leitura
A CPI da Covid-19 no Senado Federal retomou seus trabalhos nesta terça-feira (3), após um recesso de duas semanas.
O primeiro convidado foi o reverendo Amilton Gomes de Paula, apontado por representantes da empresa Davati Medical Supply como intermediário entre o governo brasileiro e empresas que ofereceram vacinas para a Covid-19.
Reverendo Amilton, como é conhecido, foi o responsável por abrir as portas do Ministério da Saúde para os representantes da Davati que usaram a oportunidade para fazer uma proposta bilionária de vendas do imunizante da AstraZeneca.
+ ‘Eu queria vacina para o Brasil’:
O reverendo negociou a venda de 400 milhões de doses de vacina para o governo, e chorou durante depoimento.
“Eu creio que o maior erro que fiz foi abrir as portas da minha casa aqui em Brasília. Sou de Brasília. Eu abri a porta da minha casa num momento que eu estava enfrentando a perda de um ente querido da minha família. E eu queria vacina para o Brasil. Eu tenho culpa sim. Eu hoje de madrugada, antes de vir pra cá, eu dobrei os meus joelhos, orei, e aí peço desculpa ao Brasil. E o que eu cometi não agradou, primeiramente, aos olhos de Deus. Fomos usados de maneira ardilosa, para fins espúrios. Vimos um trabalho de mais de 22 anos de uma ONG ser jogado na lama, trazendo prejuízo à sua dignidade”.
Gomes é fundador de uma entidade privada chamada Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários, a Senah. Ele e a Senah receberam aval do então diretor de imunização do Ministério da Saúde, Laurício Monteiro Cruz, para negociar doses da AstraZeneca. Ele sinalizou que a Senah receberia doações da Davati, caso a venda de doses pela empresa ao governo se concretizasse.
O negócio não teve andamento, após discordância do policial Luiz Paulo Dominghetti, diante da suposta cobrança de propina de US$ 1 por dose, pelo então diretor de Logística da Pasta, Roberto Dias. O reverendo negou qualquer pedido de propina.
O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede), questionou a diferença de valores ofertados pela Senah em comparação com a proposta oficial da Davati Medical Supply. Segundo o reverendo, a primeira proposta da empresa norte-americana era de US$ 3,50 e, posteriormente, passou para US$ 17,50. Por fim, a companhia teria ofertado as doses de vacina por US$ 11.
O reverendo disse ter conhecido Dominghetti, cabo da Polícia Militar de Minas Gerais, em 16 de fevereiro deste ano e que ele falou em 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca “disponíveis para pronta-entrega” em até oito dias, por US$ 3,97 a dose.
O reverendo afirmou, então, ter solicitado uma reunião para tratar da oferta com representantes do Ministério da Saúde no dia 22 de fevereiro e que foi atendido no mesmo dia, por Laurício Monteiro.
+ ‘Nunca vi’, disse sobre o presidente Bolsonaro:
Gomes garantiu não conhecer “ninguém do governo Federal” ou que seja próximo ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). A fala foi vista com descrédito pelos integrantes da Comissão.
+ Prefeituras
E-mails obtidos pelo canal pago CNN, divulgados no final da tarde desta terça, indicam que Amilton Gomes e integrantes da entidade dirigida por ele tentaram vender vacinas a diversos municípios brasileiros. No depoimento, ele negou que tenha feito estas tratativas.
Em nota enviada para a CNN, a Davati informou: “A Davati Medical Supply informa que Cristiano Carvalho agiu de forma independente fazendo ofertas como a da Associação de Municípios do Acre (AMAC). No dia 30 de março, ao verificar grande quantidade de cartas de interesse recebidas, o CEO da empresa, Herman Cardenas, respondeu ao representante autônomo que não poderia manter oferta a diferentes municípios pois ainda aguardava retorno da proposta apresentada ao Ministério da Saúde”.
+ Discussão marcou início da sessão no Senado:
Entre os 135 itens na pauta deste primeiro dia na retomada dos trabalhado da CPI, os parlamentares incluíram a transferência de dados telefônicos, fiscais, bancários e telemáticos de Dominguetti e de Cristiano Alberto Hossri Carvalho, procurador da Davati no Brasil.
Ainda ouve discussão entre o presidente da Comissão Omar Aziz (PSD) e o senador Marcos Rogério (DEM), em torno do requerimento que pedia quebra de sigilo da rádio Jovem Pan de São Paulo, feito pelo relator Renan Calheiros (MDB), mas retirado pelo próprio parlamentar alagoano:
Nesta quarta-feita a CPI recebe o ex-assessor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, o coronel da reserva Marcelo Blanco da Costa. Ele já negou que o ex-diretor da Pasta, Roberto Dias, tenha exigido propina para a compra de vacinas em um jantar com o PM Luiz Paulo Dominguetti, em Brasília.
O primeiro convidado foi o reverendo Amilton Gomes de Paula, apontado por representantes da empresa Davati Medical Supply como intermediário entre o governo brasileiro e empresas que ofereceram vacinas para a Covid-19.
Reverendo Amilton, como é conhecido, foi o responsável por abrir as portas do Ministério da Saúde para os representantes da Davati que usaram a oportunidade para fazer uma proposta bilionária de vendas do imunizante da AstraZeneca.
+ ‘Eu queria vacina para o Brasil’:
O reverendo negociou a venda de 400 milhões de doses de vacina para o governo, e chorou durante depoimento.
“Eu creio que o maior erro que fiz foi abrir as portas da minha casa aqui em Brasília. Sou de Brasília. Eu abri a porta da minha casa num momento que eu estava enfrentando a perda de um ente querido da minha família. E eu queria vacina para o Brasil. Eu tenho culpa sim. Eu hoje de madrugada, antes de vir pra cá, eu dobrei os meus joelhos, orei, e aí peço desculpa ao Brasil. E o que eu cometi não agradou, primeiramente, aos olhos de Deus. Fomos usados de maneira ardilosa, para fins espúrios. Vimos um trabalho de mais de 22 anos de uma ONG ser jogado na lama, trazendo prejuízo à sua dignidade”.
Gomes é fundador de uma entidade privada chamada Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários, a Senah. Ele e a Senah receberam aval do então diretor de imunização do Ministério da Saúde, Laurício Monteiro Cruz, para negociar doses da AstraZeneca. Ele sinalizou que a Senah receberia doações da Davati, caso a venda de doses pela empresa ao governo se concretizasse.
O negócio não teve andamento, após discordância do policial Luiz Paulo Dominghetti, diante da suposta cobrança de propina de US$ 1 por dose, pelo então diretor de Logística da Pasta, Roberto Dias. O reverendo negou qualquer pedido de propina.
O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede), questionou a diferença de valores ofertados pela Senah em comparação com a proposta oficial da Davati Medical Supply. Segundo o reverendo, a primeira proposta da empresa norte-americana era de US$ 3,50 e, posteriormente, passou para US$ 17,50. Por fim, a companhia teria ofertado as doses de vacina por US$ 11.
O reverendo disse ter conhecido Dominghetti, cabo da Polícia Militar de Minas Gerais, em 16 de fevereiro deste ano e que ele falou em 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca “disponíveis para pronta-entrega” em até oito dias, por US$ 3,97 a dose.
O reverendo afirmou, então, ter solicitado uma reunião para tratar da oferta com representantes do Ministério da Saúde no dia 22 de fevereiro e que foi atendido no mesmo dia, por Laurício Monteiro.
+ ‘Nunca vi’, disse sobre o presidente Bolsonaro:
Gomes garantiu não conhecer “ninguém do governo Federal” ou que seja próximo ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). A fala foi vista com descrédito pelos integrantes da Comissão.
+ Prefeituras
E-mails obtidos pelo canal pago CNN, divulgados no final da tarde desta terça, indicam que Amilton Gomes e integrantes da entidade dirigida por ele tentaram vender vacinas a diversos municípios brasileiros. No depoimento, ele negou que tenha feito estas tratativas.
Em nota enviada para a CNN, a Davati informou: “A Davati Medical Supply informa que Cristiano Carvalho agiu de forma independente fazendo ofertas como a da Associação de Municípios do Acre (AMAC). No dia 30 de março, ao verificar grande quantidade de cartas de interesse recebidas, o CEO da empresa, Herman Cardenas, respondeu ao representante autônomo que não poderia manter oferta a diferentes municípios pois ainda aguardava retorno da proposta apresentada ao Ministério da Saúde”.
+ Discussão marcou início da sessão no Senado:
Entre os 135 itens na pauta deste primeiro dia na retomada dos trabalhado da CPI, os parlamentares incluíram a transferência de dados telefônicos, fiscais, bancários e telemáticos de Dominguetti e de Cristiano Alberto Hossri Carvalho, procurador da Davati no Brasil.
Ainda ouve discussão entre o presidente da Comissão Omar Aziz (PSD) e o senador Marcos Rogério (DEM), em torno do requerimento que pedia quebra de sigilo da rádio Jovem Pan de São Paulo, feito pelo relator Renan Calheiros (MDB), mas retirado pelo próprio parlamentar alagoano:
Nesta quarta-feita a CPI recebe o ex-assessor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, o coronel da reserva Marcelo Blanco da Costa. Ele já negou que o ex-diretor da Pasta, Roberto Dias, tenha exigido propina para a compra de vacinas em um jantar com o PM Luiz Paulo Dominguetti, em Brasília.