Marcelo Calero: ‘Servidor público tem que ser leal, mas não pode ser cúmplice’

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O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero contou, em entrevista ao “Fantástico” deste domingo (27), que gravou a conversa telefônica com o presidente Michel Temer e seu conteúdo foi “burocrático” e “protocolar”. “Entre essas gravações [telefônicas] existe uma gravação com o presidente Temer, mas uma conversa absolutamente burocrática”, declarou Calero. “Eu ainda fiz questão essa conversa […]

POR Redação SRzd28/11/2016|3 min de leitura

Marcelo Calero: ‘Servidor público tem que ser leal, mas não pode ser cúmplice’
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O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero contou, em entrevista ao “Fantástico” deste domingo (27), que gravou a conversa telefônica com o presidente Michel Temer e seu conteúdo foi “burocrático” e “protocolar”. “Entre essas gravações [telefônicas] existe uma gravação com o presidente Temer, mas uma conversa absolutamente burocrática”, declarou Calero. “Eu ainda fiz questão essa conversa fosse muito protocolar, que é conversa da minha demissão. Eu tive a preocupação de não induzir o presidente a criar prova contra si”. Segundo o ex-ministro, essa foi a única gravação que tem de Temer.

“Três conversas presenciais que tive com presidente Temer a respeito desse tema”. Calero disse que se sentiu “muito satisfeito” com o respaldo de Temer na primeira conversa. Depois, Calero conta que foi chamado ao Palácio da Alvorada pelo presidente. “O clima já era outro”. “Ele me disse então: ‘Marcelo, eu tenho muito apreço por você, mas essa decisão tomada pelo Iphan nos causou bastante estranheza. E me causou dificuldades operacionais.”

Segundo Calero, Temer queria que ele enviasse o caso para a Advocacia-Geral da União (AGU), comandada pela ministra Grace Mendonça. “Em menos de 24 horas, todo aquele respaldo que ele me havia garantido, ele me retira. Me determina que eu criasse uma manobra, um artifício, uma chicana como se diz no mundo jurídico, pra que o caso fosse levado à AGU. E aí, eu não sou leviano, não sei o que que a AGU faria. Não sei se a ministra Grace estava ou não sabendo, enfim, não posso afirmar isso categoricamente. Embora tenha indícios”.

Ao final da conversa, Temer teria dito ao ex-ministro que “‘a política tem dessas coisas; a política tem esse tipo de pressão’, como se tivesse dando um conselho, um ensinamento a uma pessoa que chegava agora à política”.

Calero falou ainda das acusações de que ele estava sendo desleal como servidor público. “O servidor público tem que ser leal, mas ele não pode ser cúmplice”.

O ex-ministro contou que fez as gravações telefônicas, por sugestão de amigos da Polícia Federal, para se proteger e para dar lastro probatório a seu depoimento. Ele afirmou que não houve gravação dentro do gabinete da presidência. “Isso é um absurdo. Só serve para alimentar campanha difamatória. Essa seria uma conduta muito típica dos políticos tradicionais de Brasília, que se gravam mutuamente. Eu jamais entraria no gabinete presidencial por ser diplomata, por respeitar a liturgia dos lugares que eu frequento, com um ardil, com uma ferramenta sorrateira dessa natureza”.

“Altas autoridades da República perdiam seu tempo em favor de um assunto paroquial, que se referia a interesse particular, pessoal, de um ministro”. Ao ser perguntado se gravou conversa com Elizeu Padilha e Geddel Vieira Lima, Calero afirmou que não poderia responder a pergunta para que não atrapalhasse as investigações.

Ao ser perguntado como se sente após desencadear uma crise no governo, Calero diz que “não desejava isso para mim. Não desejava isso para o governo. O Brasil vive um momento de crise muito grave e, portanto, todos devíamos estar imbuídos no espírito de tirar o Brasil da crise. Mas me choca, realmente, ver que interesses particulares ainda possam prevalecer na dinâmica de um governo. Certamente eles acharam que, para preservar o meu cargo de ministro, eu faria qualquer negócio. Eu jamais faria qualquer negócio para preservar cargo nenhum”.

O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero contou, em entrevista ao “Fantástico” deste domingo (27), que gravou a conversa telefônica com o presidente Michel Temer e seu conteúdo foi “burocrático” e “protocolar”. “Entre essas gravações [telefônicas] existe uma gravação com o presidente Temer, mas uma conversa absolutamente burocrática”, declarou Calero. “Eu ainda fiz questão essa conversa fosse muito protocolar, que é conversa da minha demissão. Eu tive a preocupação de não induzir o presidente a criar prova contra si”. Segundo o ex-ministro, essa foi a única gravação que tem de Temer.

“Três conversas presenciais que tive com presidente Temer a respeito desse tema”. Calero disse que se sentiu “muito satisfeito” com o respaldo de Temer na primeira conversa. Depois, Calero conta que foi chamado ao Palácio da Alvorada pelo presidente. “O clima já era outro”. “Ele me disse então: ‘Marcelo, eu tenho muito apreço por você, mas essa decisão tomada pelo Iphan nos causou bastante estranheza. E me causou dificuldades operacionais.”

Segundo Calero, Temer queria que ele enviasse o caso para a Advocacia-Geral da União (AGU), comandada pela ministra Grace Mendonça. “Em menos de 24 horas, todo aquele respaldo que ele me havia garantido, ele me retira. Me determina que eu criasse uma manobra, um artifício, uma chicana como se diz no mundo jurídico, pra que o caso fosse levado à AGU. E aí, eu não sou leviano, não sei o que que a AGU faria. Não sei se a ministra Grace estava ou não sabendo, enfim, não posso afirmar isso categoricamente. Embora tenha indícios”.

Ao final da conversa, Temer teria dito ao ex-ministro que “‘a política tem dessas coisas; a política tem esse tipo de pressão’, como se tivesse dando um conselho, um ensinamento a uma pessoa que chegava agora à política”.

Calero falou ainda das acusações de que ele estava sendo desleal como servidor público. “O servidor público tem que ser leal, mas ele não pode ser cúmplice”.

O ex-ministro contou que fez as gravações telefônicas, por sugestão de amigos da Polícia Federal, para se proteger e para dar lastro probatório a seu depoimento. Ele afirmou que não houve gravação dentro do gabinete da presidência. “Isso é um absurdo. Só serve para alimentar campanha difamatória. Essa seria uma conduta muito típica dos políticos tradicionais de Brasília, que se gravam mutuamente. Eu jamais entraria no gabinete presidencial por ser diplomata, por respeitar a liturgia dos lugares que eu frequento, com um ardil, com uma ferramenta sorrateira dessa natureza”.

“Altas autoridades da República perdiam seu tempo em favor de um assunto paroquial, que se referia a interesse particular, pessoal, de um ministro”. Ao ser perguntado se gravou conversa com Elizeu Padilha e Geddel Vieira Lima, Calero afirmou que não poderia responder a pergunta para que não atrapalhasse as investigações.

Ao ser perguntado como se sente após desencadear uma crise no governo, Calero diz que “não desejava isso para mim. Não desejava isso para o governo. O Brasil vive um momento de crise muito grave e, portanto, todos devíamos estar imbuídos no espírito de tirar o Brasil da crise. Mas me choca, realmente, ver que interesses particulares ainda possam prevalecer na dinâmica de um governo. Certamente eles acharam que, para preservar o meu cargo de ministro, eu faria qualquer negócio. Eu jamais faria qualquer negócio para preservar cargo nenhum”.

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