Aumentou o número de pessoas que foram parar nas ruas de São Paulo durante a pandemia de Covid-19. Em 2019 havia 24.344 pessoas em situação de rua na capital paulista, número que chegou a 31.844 agora em 2021.
Os dados foram revelados pela Prefeitura de São Paulo e fazem parte do Censo da População de Rua, realizado pela empresa Qualitest Ciência e Tecnologia junto à Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (Smads).
A população de rua na cidade aumentou 31% em relação ao censo de 2019, feito na pré-pandemia. Em relação a 2015, quando havia 15.905, o número dobrou.
Aumentou também a quantidade de pessoas que preferem permanecer nas ruas do que nos abrigos. Em 2019, 52% preferia as calçadas. Em 2021 o percentual é de 60%.
Entre os entrevistados, 28,4% justificaram estar em situação de rua por conta da perda do trabalho e da renda. Os conflitos familiares (34,7%) e dependência de drogas (29,5%) vieram acima entre os principais motivos citados.
“A crise econômica se agravou, o desemprego disparou, a inflação subiu e, nesse período, a política pública da prefeitura para essa população continuou a mesma. Os centros de acolhida não são pensados para as demandas de quem vive na rua”, disse o padre Júlio Lancellotti, da Pastoral do Povo de Rua, ao jornal “Folha de São Paulo”.
Com a piora acentuada do cenário, a Prefeitura de São Paulo anunciou que criará o programa Reencontro, para oferecer moradias transitórias, auxílio financeiro e ações de emprego que diminuam o tamanho dessa população.
Mais famílias nas ruas
O número de “moradias improvisadas” (barracas) mais do que triplicou no período, saindo de 2.051 para 6.778 pontos. Também cresceu a quantidade de entrevistados que revelaram ter a companhia de alguma pessoa da família em situação de rua — de 20% dos entrevistados em 2019 para 28,6% em 2021.
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