A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou nesta quinta-feira (25) exigir vacinação para Covid-19 para entrada de viajantes no Brasil. Nesta sexta-feira (26), a agência recomendou a proibição da entrada de viajantes procedentes da África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue no país, em razão da identificação de nova variante da Covid-19, a B.1.1.529.
A descoberta foi anunciada nessa quinta-feira (25) pelo virologista brasileiro Túlio de Oliveira em entrevista coletiva on-line supervisionada pelo Ministério da Saúde da África do Sul.
A Anvisa também pede que os estrangeiros vindos dessas localidades sejam impedidos de desembarcar no Brasil, incluindo os que não são africanos, mas estiveram nos países nos últimos 14 dias. As exceções devem ser estabelecidas pelo governo federal, através de portaria interministerial.
No caso de viajantes brasileiros e acompanhantes legais vindo da África, a instrução é pela realização de quarentena logo após o desembarque.
O presidente da Anvisa, Antonio Barra Torres, afirmou que o Brasil não deve se tornar destino de passageiros não vacinados durante as festas de final de ano.
“Estamos na época do inverno no hemisfério norte, muitas pessoas desejam passar os seus períodos de inverno em países mais quentes, como o Brasil. Inclusive com a questão da moeda, temos uma moeda que, para o estrangeiro, está bastante atraente para passar as férias. Temos o Natal, o Ano Novo. Então o Brasil se torna atraente para o turista, como sempre foi”, disse Barra Torres em entrevista à GloboNews.
“Agora, o Brasil não pode ser atraente para o turismo antivacina. Isso não é razoável, não é aceitável, e nós iremos às ultimas consequências defendendo as nossas posições embasadas em ciência para proteger o nosso cidadão”, complementou o diretor da Anvisa.
Até as últimas informações, foram registrados 77 casos na África do Sul, quatro casos na Botsuana, um em Hong Kong (uma pessoa que voltou de uma viagem à África do Sul) e um em Israel (uma pessoa que voltou do Malaui).
Os cientistas ainda não têm certeza da eficácia das vacinas contra a Covid-19 existentes contra a nova variante.
A efetivação das medida depende de portaria interministerial editada pela Casa Civil, pelo Ministério da Saúde, pelo Ministério da Infraestrutura e pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública.
A política de entrada que está em vigor no Brasil hoje não exige a vacinação – seja por terra ou ar. A entrada de estrangeiros por rodovias ou quaisquer outros meios terrestres está proibida, com algumas exceções. A recomendação da agência é só permitir a entrada de pessoas por este modal se estiverem vacinadas. O ministro da Justiça, Anderson Torres, disse que a pasta é contra essa exigência.
“É uma variante que possui características mais agressivas e que, obviamente, requer das autoridades sanitárias mundiais medidas imediatas. É exatamente o que fizemos há poucos minutos. Já enviamos nossas notas técnicas para os ministérios da Casa Civil, Saúde, Infraestrutura e Justiça no sentido que voos vindos desses países, são países localizados no sul do continente africano, sejam temporariamente bloqueados, não venham para o Brasil”, explicou Barra Torres.