Secretários do Ministério da Saúde realizaram uma reunião na última terça-feira (21) com conhecidas figuras negacionistas e contrárias à vacinação contra a Covid-19 para discutir a consulta pública sobre a imunização de crianças a partir de cinco anos que será aberta nesta quinta-feira (23).
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já liberou o uso de vacinas da Pfizer para essa faixa etária e o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou prazo para que o governo federal se posicione sobre o assunto.
O presidente Jair Bolsonaro e integrantes do primeiro escalão do governo, incluindo o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, porém, tem se posicionado de forma contrária à imunização de crianças e adolescentes.
De acordo com o site “Metrópoles”, participaram da reunião pelo lado do governo, Mayra Pinheiro, que ficou conhecida como Capitã Cloroquina em função da sua defesa de remédios sem eficácia científica comprovada, como a cloroquina e hidroxicloroquina, e o médico olavista Hélio Angotti Neto.
Mayra e Angotti tiveram seus pedidos de indiciamento sugeridos pela CPI da Covid-19 em outubro pelos crimes de “epidemia com resultado morte, prevaricação e crime contra a humanidade” e “epidemia com resultado morte e incitação ao crime”, respectivamente
Além deles, participaram como convidados Bruno Campello de Souza e Ellen Guimarães, que integraram a comitiva do governo federal que viajou à Manaus em janeiro e que indicou remédios e procedimentos sem eficácia contra a Covid-19, em meio a uma crise de falta de oxigênio hospitalar que matou milhares de pessoas por sufocamento.
Outros participantes do encontro foram Roberta Lacerda de Miranda e Edmilson de Carvalho, que assinaram um documento enviado à Anvisa defendendo a não vacinação de crianças e adolescentes, clamando pela não liberação da imunização para crianças de 5 a 11 anos.
Em conversa com jornalistas, o ministro da Saúde afirmou que a autorização da Anvisa não é decisão suficiente para viabilizar a vacinação para esse grupo.
“A introdução desse produto dentro de uma política pública requer uma análise mais aprofundada. E, no caso de imunizantes, a análise técnica é feita com o apoio da Câmara Técnica Assessora de Imunizações”, disse Queiroga.
Consulta pública
A consulta pública ficará aberta até o dia 2 de janeiro. O ministério promete se posicionar de forma definitiva sobre o assunto até o dia 5 de janeiro.
O aval da Anvisa abriu uma crise com a cúpula do governo e Jair Bolsonaro ameaçou divulgar nomes de integrantes da autarquia que aprovaram a medida. Queiroga também defendeu a exposição dos profissionais que vêm sendo ameaçados de morte por extremistas antivacina e bolsonaristas.
As contribuições devem ser enviadas por meio do endereço eletrônico https://www.gov.br/saude/pt-br. No site do Ministério da Saúde estão disponíveis os documentos sobre a consulta pública, conforme o Diário Oficial dessa quarta-feira (22).
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