Rio. A Polícia Civil do Rio de Janeiro colocou na rua, nesta quarta-feira (5), a Operação Ouro Negro, mirando integrantes de uma quadrilha especializada em furto de petróleo e derivados de dutos subterrâneos da Petrobras.
Segundo as autoridades, o grupo é comandado por Vinicius Drumond, filho de Luizinho Drummond, e teria fortes conexões com o jogo do bicho que financiaria as operações ilícitas. Foram realizados mandados de busca e apreensão em residências dos alvos, empresas de fachada e depósitos clandestinos.
A Polícia Civil apreendeu joias, R$ 200 mil em espécie, celulares e carros de luxo em uma mansão da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, na casa de Vinicius. Ele é o herdeiro de uma das mais antigas redes de contravenção do Rio.
Na casa, os agentes recolheram, entre outros itens, gargantilhas e cordões de ouro. Um deles ostentava um pingente com o logo da escola de samba Imperatriz Leopoldinense. Também foram apreendidos quatro relógios, sendo ao menos três deles da marca suíça Rolex.
Vinícius Drumond é vice-presidente executivo da Imperatriz e apontado pelas autoridades de segurança pública como integrante da nova cúpula do jogo do bicho no Rio, ao lado de Adilson Coutinho Oliveira Filho, o Adilsinho, e Rogério Andrade, sobrinho de Castor de Andrade.
A ação visa impactar o esquema de furto de combustível e as bases financeiras da contravenção. Segundo as investigações, a organização funcionava com uma estrutura hierarquizada, com setores especializados em perfuração de dutos, transporte e armazenamento de combustíveis furtados, além de uma rede de informantes para monitorar ações dos policiais e empresas de fachada para lavagem de dinheiro. Todas as atividades eram financiadas com dinheiro do jogo do bicho.
De acordo com as investigações, Vinicius também tem envolvimento em diversas atividades ilícitas, como agiotagem, lavagem de dinheiro e corrupção, mas sua atuação é marcada pelo uso de “laranjas”, o que dificulta o rastreamento pelas autoridades.
Segundo a Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD), as provas coletadas evidenciam sua participação direta e liderança nesse esquema. Além de Vinicius, também são alvos da operação Franz Dias Costa e Mauro Pereira Gabry.
De acordo com o delegado Pedro Brasil, que chefiou a operação, a organização criminosa era bem estruturada.
As investigações apontaram ainda uma possível relação do grupo com a morte do advogado Rodrigo Marinho Crespo, alvo de disparos em frente ao prédio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), no Centro do Rio, em 26 de fevereiro de 2024. Esse crime teria relação com possíveis conflitos internos da contravenção.
Transpetro se pronuncia sobre o caso:
“A Transpetro é vítima do crime de furto de petróleo e derivados em dutos e tem como maior preocupação a preservação da vida e a segurança das pessoas e do meio ambiente. Para reduzir a ocorrência dessa prática criminosa nos dutos que opera, a companhia adota uma estratégia focada em três ações.
A utilização de uma tecnologia de ponta realizada pelo Centro Nacional de Controle e Logística (CNCL) da Transpetro, que permite a rápida localização de derivações clandestinas; o trabalho de relacionamento comunitário focado na conscientização com a população que vive no entorno dos ativos, o qual inclui a divulgação do número 168, um canal de comunicação direta entre a Transpetro e a população; além dos convênios com órgãos de segurança pública.
Essa estratégia tem resultado numa redução nos números de derivações clandestinas. Desde 2020, reduzimos em cerca de 90% o número de furtos e suas tentativas nas nossas faixas. Em 2020, foram 201 ocorrências e, no ano passado, 25.
O transporte de combustíveis por dutos é seguro e eficiente, mas intervenções criminosas podem trazer riscos à comunidade. A companhia disponibiliza o telefone 168, um canal gratuito que funciona 24 horas por dia, nos sete dias da semana, para receber denúncias sobre movimentação suspeita nas faixas de dutos, com sigilo garantido”.
