Tragégia. Alexandre de Silva Rangel, pai de Juliana Leite Rangel, baleada na cabeça na Rodovia Washington Luís, na Baixada Fluminense, quando estava a caminho da ceia de Natal, pensou que os disparos fossem oriundos de bandidos, e não de agentes da Polícia Rodoviária Federal.
“Na hora pensei que o carro da PRF fosse bandido. Pensei que fosse bandido com carro da polícia atirando em mim, porque um policial não iria fazer isso”, disse ele à TV Globo.
“Nunca iria imaginar que um carro da PRF estivesse atirando em mim sem fazer abordagem, sem mandar encostar”, lamentou Rangel.
Alexandre ainda afirmou que, mesmo após parar o veículo por causa dos disparos, os agentes continuaram atirando. No automóvel também estavam o outro filho do casal , de 18 anos, e a namorada do jovem, de 16.
Mais de 30 disparos
A mãe de Juliana, Dayse Rangela, destacou que os agentes da PRF dispararam mais de 30 vezes contra o carro da família.
Ela também disse que o veículo não estava em alta velocidade.
“A gente viu a luz piscando, mas meu marido achou que eles estavam querendo passagem. Meu marido deu, só que eles não passaram, aí a gente voltou para o mesmo lugar. Quando a gente retornou para o mesmo lado, eles começaram a tirar, começaram a metralhar o carro. Foram mais de 30 tiros, que a gente foi contar, pessoal contou as cápsulas lá? Foi mais de 30 tiros no carro da gente”, relatou.
Estado gravíssimo
Juliana Leite Rangel está internada com quadro gravíssimo, de acordo com nota da Secretaria Municipal de Saúde de Duque de Caxias. Ela deu entrada no Hospital Adão Pereira Nunes e passou por um procedimento no centro cirúrgico.
A vítima permanece internada em “coma induzido”, ventilação mecânica e “recebendo medicamento para manter a pressão estável”, de acordo com informações da médica intensivista Juliana Paitach.
A especialista disse ainda que o projétil que atingiu o crânio de Juliana foi retirado durante a cirurgia.
“Apesar da lesão cerebral ser uma lesão grave, ela não tem um sinal de gravidade que a gente faz uma hipertensão intracraniana. Na imagem inicial, você vê que não tem esse sinal de gravidade, então, a gente vai ter que acompanhar, ver como vai evoluir”, explicou a médica.
Agentes afastados
A Corregedoria-Geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) ordenou o afastamento dos agentes envolvidos na ação e determinou a abertura de um procedimento interno para apuração dos fatos relacionados à ocorrência.
Em comunicado, a PRF lamentou o episódio e afirmou que os policiais foram afastados preventivamente de todas as atividades operacionais.
“Por determinação da Direção-Geral, a Coordenação-Geral de Direitos Humanos acompanha a situação e presta assistência à família da jovem Juliana. Por fim, a PRF colabora com a Polícia Federal no fornecimento de informações que auxiliem nas investigações do caso”, diz a nota.