Clóvis Bersot Munhoz, presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro, o Cremerj, está sendo investigado pela Polícia Civil após ser acusado de assédio sexual.
A denúncia foi feita por uma técnica de enfermagem, de 26 anos, que afirma que o cirurgião ortopédico, de 72 anos, teria feito comentários de cunho sexual no centro cirúrgico de um hospital privado na Zona Sul da cidade. A vítima pediu demissão do local, pois afirma que a instituição não tomou nenhuma providência sobre o caso.
A ocorrência foi registrada em julho de 2021. A 9ª DP (Catete) é a responsável pela investigação. De acordo com o titular da unidade, Munhoz foi intimidado para depor duas vezes, mas nunca compareceu. O médico foi indiciado pelo crime e o inquérito foi encaminhado para o Ministério Público do Rio de Janeiro.
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Entre os comentários feitos pelo cirurgião, a mulher conta que ele já chegou a questionar se ela tinha interesse em trair o marido. Além disso, teria dito que ela era “muito quente” e havia insinuado que a profissional precisava ter mais relações sexuais, pois havia se casado muito cedo. Uma testemunha confirmou os relatos às autoridades.
“Tem uma testemunha que confirma a versão da vítima. Não ouviu todo, mas parte do diálogo entre a vítima e o médico. A testemunha disse ainda que o cirurgião tem essa fama de desrespeitar mulheres dentro do hospital“, afirmou o delegado, Rafael Barcia.
Na noite da última quinta-feira (21), após o caso ter sido divulgado pelo jornal O Globo, Munhoz anunciou o afastamento do cargo. “Prezando pela lisura e pelo comprometimento com a transparência, o Cremerj informa que o conselheiro Clovis Bersot Munhoz, que atualmente ocupa o cargo de presidente do conselho, decidiu, junto à diretoria, se afastar. Isso porque será aberta uma sindicância em seu nome para apurar a denúncia sobre assédio sexual veiculada na imprensa”, diz um trecho da nota.
O documento explica ainda que a investigação será encaminhada ao Conselho Federal de Medicina, CFM, para que uma outra regional seja responsável pela apuração do caso, havendo assim isenção e imparcialidade.
“O conselho reafirma seu repúdio por qualquer tipo de assédio e trabalha junto das autoridades para coibir essa prática antiética e criminosa”, encerrava o comunicado.
Na última semana, o caso do médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra veio à tona após ele ser preso em flagrante por estuprar uma paciente durante um parto cesariana em um hospital em São João Meriti, no estado do Rio de Janeiro.
Logo, o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro aprovou a suspensão provisória do médico. Bezerra está impedido de exercer a medicina em todo o país.