VARIG: “Seria melhor ter falido do que estar nas mãos de estrangeiros”

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Ã? o que afirma o economista e consultor do setor aeronáutico Paulo Roberto Bittencourt Sampaio. Leia a entrevista aqui no SRZD.

POR Redação SRzd01/08/2006|4 min de leitura

VARIG: “Seria melhor ter falido do que estar nas mãos de estrangeiros”
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Alguns especialistas do setor aéreo têm dito que os novos gestores da Varig, vendida no dia 20 de julho para investidores brasileiros e norte-americanos da Varig Log, poderão fazer a companhia aérea voltar a ser a gigante da aviação que foi no passado. Estimam que, em um ano, a empresa possa voltar a ser uma companhia de grande porte tanto no mercado doméstico quanto no internacional.

Nos tempos áureos, há 13 anos, a Varig chegou a abocanhar 53% do mercado aéreo doméstico. Em junho, poucas semanas antes de ser leiloada, estava com apenas 10,5%. Em julho, viu sua participação encolher para 4,9%. O ano de 1993 foi escolhido como base de comparação porque foi o ápice das operações da companhia, de acordo com o economista e consultor do setor aeronáutico Paulo Roberto Bittencourt Sampaio. Leia mais sobre o que diz o especialista:

SRZD: A Varig poderá voltar a ser uma companhia de grande porte?

Estou profundamente desanimado, por causa dos recentes acontecimentos. Poucas horas depois de a Varig ser vendida, já havia cancelado todas as rotas, menos Santos Dumont ‘ Congonhas. É como se uma empresa que fornecesse energia elétrica para a cidade de São Paulo comunicasse através da imprensa que, para se reorganizar, de uma hora para a outra suspenderia o fornecimento e só retornaria quando puder. Em vez de abastecer São Paulo, decide que só vai ter luz na Avenida Paulista. Na Varig, nós tivemos milhares de passageiros privados do transporte aéreo depois da venda da companhia, em todas as partes do mundo. Isso mostra a disposição dessas pessoas que compraram a Varig. Trata-se de um fundo de investimento especializado em comprar empresas falidas, que já tem um péssimo antecedente com uma empresa americana de transporte aéreo chamada ATA, comprada e esvaziada. Hoje, a companhia é uma fração do que já foi. Não vejo disposição nessa empresa em investir na Varig para recuperá-la.

SRZD: A Variglog pode não dar conta das atividades da Varig?

O grupo que está por trás da Varig Log não tem a menor disposição de investir, tem disposição de ganhar dinheiro. Eles devem vender ativos, fazer alguma coisa para ela sobreviver pequenininha, não voltando ao esplendor anterior. E, logo que puderem, vão passar a companhia adiante com um bom lucro, isso é o que eles costumam fazer nos Estados Unidos.

SRZD: As outras companhias aéreas têm condições de absorver a demanda dos passageiros nesse primeiro momento?

No setor doméstico têm sim, está havendo um grande esforço das companhias para atender o mercado interno. Mas no setor internacional, a situação é caótica; os aviões de todas as companhias estão voando lotados, não é possível conseguir passagens por preços razoáveis. As companhias não aceitam mais grupos de agências de viagem , você tem que pagar tarifa cheiaâ?¦ Não estou vendo nenhum investimento previsto para a Varig voltar a voar intensamente. A situação é muito difícil.

SRZD: Qual é a situação financeira das outras companhias aéreas atualmente?

De um lado, temos uma Varig falida e com grandes dificuldades. De outro, temos a TAM e a Gol, que são, desde 1927, as companhias mais capitalizadas, com os melhores balanços e ações negociadas na bolsas de São Paulo e Nova York. São conhecidas por sua pujança financeira. Fico triste porque na Europa não existe crise no setor aéreo, no Brasil também não, nos Estados Unidos a crise está quase debelada e aqui temos uma Varig encolhendo. Talvez tivesse sido melhor a falência do que ser vendida a estrangeiros.

SRZD: O que levou a Varig a essa situação?

Uma administração muito ruim. O foco estava errado. Uma companhia de serviço público tem que ter como público-alvo o usuário – a Varig priorizava seus funcionários. E para financiar todos os privilégios de seus empregados, ela entrou em deterioração e chegou à situação atual.

SRZD: Quais devem ser as prioridades da nova Varig nesta fase de reestruturação?

Deve ser o mercado internacional, especialmente o europeu. Botar o máximo de os aviões que puder em rotas intercontinentais, porque é onde as linhas estão mais congestionadas. Em primeiro lugar, dar prioridade à rota São Paulo-Frankfurt. Depois São Paulo-Londres e São Paulo-Milão. Temos que pensar também na oferta para os Estados Unidos, pois as companhias americanas têm 99 vôos para o Brasil, a TAM tem 28 e a Varig tem apenas seis.

Alguns especialistas do setor aéreo têm dito que os novos gestores da Varig, vendida no dia 20 de julho para investidores brasileiros e norte-americanos da Varig Log, poderão fazer a companhia aérea voltar a ser a gigante da aviação que foi no passado. Estimam que, em um ano, a empresa possa voltar a ser uma companhia de grande porte tanto no mercado doméstico quanto no internacional.

Nos tempos áureos, há 13 anos, a Varig chegou a abocanhar 53% do mercado aéreo doméstico. Em junho, poucas semanas antes de ser leiloada, estava com apenas 10,5%. Em julho, viu sua participação encolher para 4,9%. O ano de 1993 foi escolhido como base de comparação porque foi o ápice das operações da companhia, de acordo com o economista e consultor do setor aeronáutico Paulo Roberto Bittencourt Sampaio. Leia mais sobre o que diz o especialista:

SRZD: A Varig poderá voltar a ser uma companhia de grande porte?

Estou profundamente desanimado, por causa dos recentes acontecimentos. Poucas horas depois de a Varig ser vendida, já havia cancelado todas as rotas, menos Santos Dumont ‘ Congonhas. É como se uma empresa que fornecesse energia elétrica para a cidade de São Paulo comunicasse através da imprensa que, para se reorganizar, de uma hora para a outra suspenderia o fornecimento e só retornaria quando puder. Em vez de abastecer São Paulo, decide que só vai ter luz na Avenida Paulista. Na Varig, nós tivemos milhares de passageiros privados do transporte aéreo depois da venda da companhia, em todas as partes do mundo. Isso mostra a disposição dessas pessoas que compraram a Varig. Trata-se de um fundo de investimento especializado em comprar empresas falidas, que já tem um péssimo antecedente com uma empresa americana de transporte aéreo chamada ATA, comprada e esvaziada. Hoje, a companhia é uma fração do que já foi. Não vejo disposição nessa empresa em investir na Varig para recuperá-la.

SRZD: A Variglog pode não dar conta das atividades da Varig?

O grupo que está por trás da Varig Log não tem a menor disposição de investir, tem disposição de ganhar dinheiro. Eles devem vender ativos, fazer alguma coisa para ela sobreviver pequenininha, não voltando ao esplendor anterior. E, logo que puderem, vão passar a companhia adiante com um bom lucro, isso é o que eles costumam fazer nos Estados Unidos.

SRZD: As outras companhias aéreas têm condições de absorver a demanda dos passageiros nesse primeiro momento?

No setor doméstico têm sim, está havendo um grande esforço das companhias para atender o mercado interno. Mas no setor internacional, a situação é caótica; os aviões de todas as companhias estão voando lotados, não é possível conseguir passagens por preços razoáveis. As companhias não aceitam mais grupos de agências de viagem , você tem que pagar tarifa cheiaâ?¦ Não estou vendo nenhum investimento previsto para a Varig voltar a voar intensamente. A situação é muito difícil.

SRZD: Qual é a situação financeira das outras companhias aéreas atualmente?

De um lado, temos uma Varig falida e com grandes dificuldades. De outro, temos a TAM e a Gol, que são, desde 1927, as companhias mais capitalizadas, com os melhores balanços e ações negociadas na bolsas de São Paulo e Nova York. São conhecidas por sua pujança financeira. Fico triste porque na Europa não existe crise no setor aéreo, no Brasil também não, nos Estados Unidos a crise está quase debelada e aqui temos uma Varig encolhendo. Talvez tivesse sido melhor a falência do que ser vendida a estrangeiros.

SRZD: O que levou a Varig a essa situação?

Uma administração muito ruim. O foco estava errado. Uma companhia de serviço público tem que ter como público-alvo o usuário – a Varig priorizava seus funcionários. E para financiar todos os privilégios de seus empregados, ela entrou em deterioração e chegou à situação atual.

SRZD: Quais devem ser as prioridades da nova Varig nesta fase de reestruturação?

Deve ser o mercado internacional, especialmente o europeu. Botar o máximo de os aviões que puder em rotas intercontinentais, porque é onde as linhas estão mais congestionadas. Em primeiro lugar, dar prioridade à rota São Paulo-Frankfurt. Depois São Paulo-Londres e São Paulo-Milão. Temos que pensar também na oferta para os Estados Unidos, pois as companhias americanas têm 99 vôos para o Brasil, a TAM tem 28 e a Varig tem apenas seis.

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