Artigo: Dois lados da mesma moeda

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*por Cadu Zugliani Nada mais no Brasil pode ser discutido sem que haja uma polarização motivada por política. Falou mal disso? “Ahhh você é fascista”, falou mal daquilo? “Ahhh você é comunista” afirmações tão ignorantes quanto os “donos da razão”. No carnaval essa discussão descambou para o lado dos enredos sobre ancestralidade afro-brasileira. Alguns combatendo […]

POR Redação SRzd 3/3/2025| 3 min de leitura

Desfiles das escolas de samba do Rio. Foto: SRzd/Juliana Dias

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*por Cadu Zugliani

Nada mais no Brasil pode ser discutido sem que haja uma polarização motivada por política. Falou mal disso? “Ahhh você é fascista”, falou mal daquilo? “Ahhh você é comunista” afirmações tão ignorantes quanto os “donos da razão”. No carnaval essa discussão descambou para o lado dos enredos sobre ancestralidade afro-brasileira. Alguns combatendo os enredos, outros defendendo os enredos. Pra mim, que sou um amante do carnaval há 45 anos essa discussão é absolutamente infrutífera por não tocar no ponto principal da questão.

Não existe excesso de enredos afros, até por que eles são em parte origem desta festa absurdamente cultural. O problema é que a cultura deve ser também e principalmente um ensinamento. As histórias por trás destes enredos são sensacionais, caberiam livros em colégios se não fosse a radicalização dos lados políticos. Não pessoal, não sou macumbeiro, espírita, não sou preto, não sou lacrador.

Sou apenas um amante do carnaval que sente falta da facilidade de se entender o que está sendo contado na avenida. Sou fã dos carnavais dos anos 80 e 90 em que a leitura dos enredos era fácil e divertida. O que realmente me entristece é a necessidade do Academicismo pra se contar as histórias. Quando falamos do menor interesse que os desfiles vem despertando, temos que passar e repensar essa forma de contar as histórias. O exagero técnico e de termos fazem com que a pessoa mais leiga fique completamente perdida na leitura do que está passando na sua frente.

Fomos levados a isso pelo julgamento que passou a ditar tendências em vez de ajudar a caminhar para a popularização, Malunguinho, Parawaras, o Itã de Oxalá são histórias maravilhosas mas não são acessíveis ao povo pra que ele se prepare e entenda o que está passando na avenida. Aquilo ali vira um belo prato difícil de saborear. Acompanhados de sambas que estão cada vez mais iguais e recheados de termos incompreensíveis para os leigos. O carnaval é do povo e o Brasil é laico, se o enredo for Nossa Senhora, tem que ser bem contado.

Se for Odin, Rá, Osiris, idem. Precisamos urgentemente conversar com os cabeças da festa e repensar, chamar o público de volta, mostrar a eles que enredos são ensinamentos de belíssimas histórias que ajudaram a construir quem somos, de onde viemos. Pouco me importa se os doze enredos forem “afro”, só quero que o público, em sua maioria, tenha a possibilidade de olhar e entender o que está acontecendo. Garanto que isso agrega mais do que prejudica. Vamos fazer esse esforço pela maior Festa do Planeta, o que acham?

*O texto não reflete, necessariamente, a opinião do portal SRzd

Rodapé - brasil

*por Cadu Zugliani

Nada mais no Brasil pode ser discutido sem que haja uma polarização motivada por política. Falou mal disso? “Ahhh você é fascista”, falou mal daquilo? “Ahhh você é comunista” afirmações tão ignorantes quanto os “donos da razão”. No carnaval essa discussão descambou para o lado dos enredos sobre ancestralidade afro-brasileira. Alguns combatendo os enredos, outros defendendo os enredos. Pra mim, que sou um amante do carnaval há 45 anos essa discussão é absolutamente infrutífera por não tocar no ponto principal da questão.

Não existe excesso de enredos afros, até por que eles são em parte origem desta festa absurdamente cultural. O problema é que a cultura deve ser também e principalmente um ensinamento. As histórias por trás destes enredos são sensacionais, caberiam livros em colégios se não fosse a radicalização dos lados políticos. Não pessoal, não sou macumbeiro, espírita, não sou preto, não sou lacrador.

Sou apenas um amante do carnaval que sente falta da facilidade de se entender o que está sendo contado na avenida. Sou fã dos carnavais dos anos 80 e 90 em que a leitura dos enredos era fácil e divertida. O que realmente me entristece é a necessidade do Academicismo pra se contar as histórias. Quando falamos do menor interesse que os desfiles vem despertando, temos que passar e repensar essa forma de contar as histórias. O exagero técnico e de termos fazem com que a pessoa mais leiga fique completamente perdida na leitura do que está passando na sua frente.

Fomos levados a isso pelo julgamento que passou a ditar tendências em vez de ajudar a caminhar para a popularização, Malunguinho, Parawaras, o Itã de Oxalá são histórias maravilhosas mas não são acessíveis ao povo pra que ele se prepare e entenda o que está passando na avenida. Aquilo ali vira um belo prato difícil de saborear. Acompanhados de sambas que estão cada vez mais iguais e recheados de termos incompreensíveis para os leigos. O carnaval é do povo e o Brasil é laico, se o enredo for Nossa Senhora, tem que ser bem contado.

Se for Odin, Rá, Osiris, idem. Precisamos urgentemente conversar com os cabeças da festa e repensar, chamar o público de volta, mostrar a eles que enredos são ensinamentos de belíssimas histórias que ajudaram a construir quem somos, de onde viemos. Pouco me importa se os doze enredos forem “afro”, só quero que o público, em sua maioria, tenha a possibilidade de olhar e entender o que está acontecendo. Garanto que isso agrega mais do que prejudica. Vamos fazer esse esforço pela maior Festa do Planeta, o que acham?

*O texto não reflete, necessariamente, a opinião do portal SRzd

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