Império da Carlota lança sua sinopse para o Carnaval Virtual de 2021

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A vermelho, branco e amarelo de Betim, Minas Gerais, a Império da Carlota, escola fundada em 30 de Setembro de 2016, traz para o Carnaval Virtual 2021 o enredo “Aleluias a Mateus” buscando vencer o Grupo de Acesso 1 e alcançar a tão sonhada vaga no Grupo Especial do ano que vem. Confira a sinopse […]

POR Carnaval Virtual15/05/2021|6 min de leitura

Império da Carlota lança sua sinopse para o Carnaval Virtual de 2021

Logo oficial da agremiação.

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A vermelho, branco e amarelo de Betim, Minas Gerais, a Império da Carlota, escola fundada em 30 de Setembro de 2016, traz para o Carnaval Virtual 2021 o enredo “Aleluias a Mateus” buscando vencer o Grupo de Acesso 1 e alcançar a tão sonhada vaga no Grupo Especial do ano que vem.

Confira a sinopse da escola:

Aleluia, foi esse nobre nome que seu pai lhe deu. 

Logo oficial completo da agremiação.

Aleluia, o louvor celeste que em Cachoeira me fez Mateus.

O sol em sua magnitude nasce todas as manhãs na velha cidade do Recôncavo, os sinos em ritmo intenso anunciam que mais um dia se inicia ali naquele lugar. Cada feixe de luz reflete um pouco da essência cachoeirana, nos altares da fé católica o barroco reluz em dourado um relicário de memórias das mãos negras que ergueram os alicerces da história.

É muito cedo, mas o vale do rio Paraguaçu já é banhando pela luz que invade as ruas e ladeira e adentra os casarios coloniais. Por esses entremeares já se escuta as procissões da pele preta a caminho da matriz enquanto que em cada recanto o som das cantorias e coros já ressoa por ali.

Cachoeira tem dessas coisas, é o sacro-negro em sintonia com o afrobarroco que tentam explicar o que é esta cidade. Depois das missas e consagrações, muita festa se faz para celebrar o que quer que seja. É o louvor do povo, é a sua aleluia que faz das praças e vielas palcos da ancestralidade.

Como falar de Cachoeira sem escutar os sambas de roda, as bandas em desfiles e as cantorias populares. Esse é o clamor do povo enquanto recai a tarde até o findar dos dias.

Mas a noite, em outros altares dessa Bahia, se escuta um som vindo das redondezas. Aos embalos do rum, o rumpi e o lê que invadem as noites com os toques de candomblé, esse batuque recuado toma conta de todo o vale e acalenta as noites de cada cachoeirano.

O ritmo que pulsa vindo dos terreiros é a fala dos orixás emanados pelo chão nesse lugar divino-baiano. Os sons advindos sejam lá da Roça do Ventura ou do Icimimó Aganju Didè, envolvem toda a mítica Cachoeira de ontem e de hoje.

Foi nesse delírio localizado entre os céus divinos e as giras terrenas que a expressão dessa cidade se tornou Mateus.

E assim foi que dessa forma uma ave, que para muitos anuncia maus presságios, fez ressoar um canto ritmado e de constante harmonia com todo esse cenário transcendental. O pássaro tincoã acabou por dar nome a uma manifestação musical que como ninguém resumiu a Bahia; e assim Mateus também se fez Os Tincoãs.

O mais puro sagrado estava ali, onde a gira girava¹ e as coisas de terreiro se faziam presentes. Atabaques choraram², promessas ao Gantois³ foram feitas e os africantos⁴ escutados. Os Tincoãs vibram as forças que sustentam⁵ o viver onde orixás e caboclos convivem em perfeita sintonia com esse chão.

A gira foi aberta e se estendeu até a mãe-ancestral África, e foi ali que a lua de São Jorge ressurgiu⁶ em sonhos da cor crioula. Sobre Angola cantaram⁷ e desse canto fizeram a luta e resistência daquele momento. Quando ali chegaram, sabiam que mais do que nunca estavam mais próximos daqui e que a distância é mera memória das águas. 

Nesse xirê agora giram também os voduns e nkisis que se misturam com os outros corpos santos que baixam lá nos terreiros da Bahia, e assim versam sobre a herança de tempos remotos da África do lado de lá.

Após muito tempo a história reaproxima as baias de Luanda e a de Todos os Santos, o caminho do Atlântico é refeito e desemboca novamente onde tudo começou. Muito mais do que cinco sentidos⁸, o cantar de Mateus é uma chama que arde em quem escuta. Como uma fogueira doce⁹, esse canto não foi no pretérito pois ainda ele é no presente. 

A entidade viva em terra se faz espelho de Olorum¹⁰ no recôncavo da Bahia. O canto é perpetuo no voo infinito enquanto este é celebrado pelas massas novamente em festa.

Eis Mateus Aleluia, a África do lado de cá.

Referências Bibliográficas:

¹ ‘’Meu pai veio da Aruanda e a nossa mãe é Iansã. /Ô, gira, deixa a gira girá’’ . ‘’Deixa a gira girá’’ é a música que abre o segundo disco Os Tincoãs de 1973, o primeiro com a participação de Mateus Aleluia.

² ‘’ Eu fui ao Gantois pagar promessa só./ Levei de ouro maior um adê pra yêyê ô’’.    ‘’ Promessa ao Gantois’’, faixa de sucesso do disco de 1975 composta por Dadinho e Mateus.

³ ‘’Atabaque chora, chora também o amor em mim’’.  ‘’ Atabaque chora’’, faixa do álbum de 1977 composta por Mateus e Dadinho.

‘’O Africanto dos Tincoãs ‘’, disco de 1975 do grupo.

‘’Meu cantar. /Vibram as forças que sustenta o meu viver. / Meu cantar. / É um apelo que eu faço a Nãnaê/ Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê.’’. ’Cordeiro de Nanã’’ é uma das principais músicas do grupo Os Tincoãs, sendo a última faixa do álbum de 1977 composta por Mateus Aleluia.

⁶  ‘’Vieram me contar, o lalá./ Que a lua ressurgiu, o lalá./ E com seu manto revestiu, o lalá’’

‘’Vieram me contar’’, música de 1983 de Martinho da Vila gravada com Os Tincoãs que foi o responsável pela ida do grupo para Angola na África.

⁷ ‘’ Angola vamos cantar!’’ , faixa do disco ‘’Dadinho e Mateus – Os Tincoãs’’ de 1986 sobre as vivencias de  Angola. O último álbum na última formação do grupo.

⁸ Cinco Sentidos – Álbum de 2009 de Mateus Aleluia responsável pelo resgate da obra dos Tincoãs

⁹ Fogueira Doce – Álbum de 2017 de Mateus Aleluia

¹⁰ Olorum – Álbum solo mais recente de Mateus Aleluia lançado em 2020 

A vermelho, branco e amarelo de Betim, Minas Gerais, a Império da Carlota, escola fundada em 30 de Setembro de 2016, traz para o Carnaval Virtual 2021 o enredo “Aleluias a Mateus” buscando vencer o Grupo de Acesso 1 e alcançar a tão sonhada vaga no Grupo Especial do ano que vem.

Confira a sinopse da escola:

Aleluia, foi esse nobre nome que seu pai lhe deu. 

Logo oficial completo da agremiação.

Aleluia, o louvor celeste que em Cachoeira me fez Mateus.

O sol em sua magnitude nasce todas as manhãs na velha cidade do Recôncavo, os sinos em ritmo intenso anunciam que mais um dia se inicia ali naquele lugar. Cada feixe de luz reflete um pouco da essência cachoeirana, nos altares da fé católica o barroco reluz em dourado um relicário de memórias das mãos negras que ergueram os alicerces da história.

É muito cedo, mas o vale do rio Paraguaçu já é banhando pela luz que invade as ruas e ladeira e adentra os casarios coloniais. Por esses entremeares já se escuta as procissões da pele preta a caminho da matriz enquanto que em cada recanto o som das cantorias e coros já ressoa por ali.

Cachoeira tem dessas coisas, é o sacro-negro em sintonia com o afrobarroco que tentam explicar o que é esta cidade. Depois das missas e consagrações, muita festa se faz para celebrar o que quer que seja. É o louvor do povo, é a sua aleluia que faz das praças e vielas palcos da ancestralidade.

Como falar de Cachoeira sem escutar os sambas de roda, as bandas em desfiles e as cantorias populares. Esse é o clamor do povo enquanto recai a tarde até o findar dos dias.

Mas a noite, em outros altares dessa Bahia, se escuta um som vindo das redondezas. Aos embalos do rum, o rumpi e o lê que invadem as noites com os toques de candomblé, esse batuque recuado toma conta de todo o vale e acalenta as noites de cada cachoeirano.

O ritmo que pulsa vindo dos terreiros é a fala dos orixás emanados pelo chão nesse lugar divino-baiano. Os sons advindos sejam lá da Roça do Ventura ou do Icimimó Aganju Didè, envolvem toda a mítica Cachoeira de ontem e de hoje.

Foi nesse delírio localizado entre os céus divinos e as giras terrenas que a expressão dessa cidade se tornou Mateus.

E assim foi que dessa forma uma ave, que para muitos anuncia maus presságios, fez ressoar um canto ritmado e de constante harmonia com todo esse cenário transcendental. O pássaro tincoã acabou por dar nome a uma manifestação musical que como ninguém resumiu a Bahia; e assim Mateus também se fez Os Tincoãs.

O mais puro sagrado estava ali, onde a gira girava¹ e as coisas de terreiro se faziam presentes. Atabaques choraram², promessas ao Gantois³ foram feitas e os africantos⁴ escutados. Os Tincoãs vibram as forças que sustentam⁵ o viver onde orixás e caboclos convivem em perfeita sintonia com esse chão.

A gira foi aberta e se estendeu até a mãe-ancestral África, e foi ali que a lua de São Jorge ressurgiu⁶ em sonhos da cor crioula. Sobre Angola cantaram⁷ e desse canto fizeram a luta e resistência daquele momento. Quando ali chegaram, sabiam que mais do que nunca estavam mais próximos daqui e que a distância é mera memória das águas. 

Nesse xirê agora giram também os voduns e nkisis que se misturam com os outros corpos santos que baixam lá nos terreiros da Bahia, e assim versam sobre a herança de tempos remotos da África do lado de lá.

Após muito tempo a história reaproxima as baias de Luanda e a de Todos os Santos, o caminho do Atlântico é refeito e desemboca novamente onde tudo começou. Muito mais do que cinco sentidos⁸, o cantar de Mateus é uma chama que arde em quem escuta. Como uma fogueira doce⁹, esse canto não foi no pretérito pois ainda ele é no presente. 

A entidade viva em terra se faz espelho de Olorum¹⁰ no recôncavo da Bahia. O canto é perpetuo no voo infinito enquanto este é celebrado pelas massas novamente em festa.

Eis Mateus Aleluia, a África do lado de cá.

Referências Bibliográficas:

¹ ‘’Meu pai veio da Aruanda e a nossa mãe é Iansã. /Ô, gira, deixa a gira girá’’ . ‘’Deixa a gira girá’’ é a música que abre o segundo disco Os Tincoãs de 1973, o primeiro com a participação de Mateus Aleluia.

² ‘’ Eu fui ao Gantois pagar promessa só./ Levei de ouro maior um adê pra yêyê ô’’.    ‘’ Promessa ao Gantois’’, faixa de sucesso do disco de 1975 composta por Dadinho e Mateus.

³ ‘’Atabaque chora, chora também o amor em mim’’.  ‘’ Atabaque chora’’, faixa do álbum de 1977 composta por Mateus e Dadinho.

‘’O Africanto dos Tincoãs ‘’, disco de 1975 do grupo.

‘’Meu cantar. /Vibram as forças que sustenta o meu viver. / Meu cantar. / É um apelo que eu faço a Nãnaê/ Sou de Nanã, euá, euá, euá, ê.’’. ’Cordeiro de Nanã’’ é uma das principais músicas do grupo Os Tincoãs, sendo a última faixa do álbum de 1977 composta por Mateus Aleluia.

⁶  ‘’Vieram me contar, o lalá./ Que a lua ressurgiu, o lalá./ E com seu manto revestiu, o lalá’’

‘’Vieram me contar’’, música de 1983 de Martinho da Vila gravada com Os Tincoãs que foi o responsável pela ida do grupo para Angola na África.

⁷ ‘’ Angola vamos cantar!’’ , faixa do disco ‘’Dadinho e Mateus – Os Tincoãs’’ de 1986 sobre as vivencias de  Angola. O último álbum na última formação do grupo.

⁸ Cinco Sentidos – Álbum de 2009 de Mateus Aleluia responsável pelo resgate da obra dos Tincoãs

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