Rio. Em 1990, sob o comando de Fátima Bernardes, a Rede Globo promoveu um debate com Miro Garcia, Anísio Abrãao David, capitão Guimarães, Castor de Andrade e outros integrantes da cúpula do jogo do bicho e das escolas de samba.

O responsável pelo encontro foi Boni, um dos homens fortes da emissora carioca por décadas. “Eu não sou juiz, nem fui delegado. Para mim, jogo do bicho era contravenção. Criminosos eram as pessoas que estavam no governo. Enquanto no jogo do bicho, valia o que tava escrito, no governo, valia o que tava na cueca”, disse Boni, vice-presidente da Globo na época.

“Nós resolvemos fazer mesa redonda na Globo para que ela fosse proveitosa para o desfile. Hoje, seria impossível fazer por causa da baboseira do politicamente correto. Nada pior que a censura do politicamente correto”, completou Boni, que ainda citou que programas como “Os Trapalhões” não teria espaço na TV.

Ali Kamel, que deixou a direção de jornalismo da Globo neste ano, também falou sobre o episódio: “Naquela época, era meio que aceitável esse tipo de relação. Eram bicheiros, mas a polícia não prendia, nada transitou em julgado. É presidente de escola de samba, eu entrevisto numa boa. Nós somos escravos do momento em que a gente vive. Aquela época, era possível, hoje já não seria feito”, afirmou ao UOL.