Carnaval 2026: Leia a sinopse do enredo do Paraíso do Tuiuti; samba será encomendado

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Carnaval 2026. Em noite de celebração ao Dia de Preto Velho, o Paraíso do Tuiuti lançou a sinopse e a logo do enredo Lonã Ifá Lucumí. O texto, desenvolvido pelo carnavalesco Jack Vasconcelos, servirá de inspiração para os compositores Cláudio Russo, Gustavo Clarão e Luiz Antônio Simas. Eles serão os autores da canção da azul […]

POR Redação SRzd 14/5/2025| 6 min de leitura

Tuiuti 2026

Paraíso do Tuiuti 2026. Arte: Antonio Vieira

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Carnaval 2026. Em noite de celebração ao Dia de Preto Velho, o Paraíso do Tuiuti lançou a sinopse e a logo do enredo Lonã Ifá Lucumí.

O texto, desenvolvido pelo carnavalesco Jack Vasconcelos, servirá de inspiração para os compositores Cláudio Russo, Gustavo Clarão e Luiz Antônio Simas. Eles serão os autores da canção da azul e amarelo de São Cristóvão do próximo ano. A logo foi feita pelo designer Antonio Vieira. Ele se inspirou em artistas cubanos para criar a marca.

+ Leia a sinopse:

“Laroiê, Eleguá! Agô.

No princípio era o axé…
Quando Olodumare, o supremo criador da existência, do universo e dos
orixás, soprou o Emi (energia vital) para que o primeiro ser humano moldado
por Obatalá ganhasse vida com seu Orí divinizado, consciente e portador
daquele destino, Orunmila estava presente e tudo assistiu. Todos os seres
foram conectados energeticamente e os orixás, regentes das forças da
natureza, passaram a comandar cada aspecto e expressão da vida humana.
Orunmila, o Èléri Ípìn, a testemunha da criação, portanto, recebeu de
Olodumare a dádiva de ser seu porta-voz no oráculo de Ifá para guiar a
humanidade pelo bom caminho e cada pessoa ao melhor cumprimento de seu
destino na dimensão terrena, o Ayiê, através da comunicação espiritual com a
dimensão sobrenatural das divindades, o Orún.
Epá Ojú Olorun! Ifá Ò! (Viva os olhos do Criador! Ele é Ifá!)
Na cidade sagrada de Ilé Ifé, fundada por Odudua e onde os primeiros
humanos moldados por Obatalá iniciaram sua caminhada na Terra, Orunmila, o
profeta dos destinos e guardião da sabedoria, transmitiu o conhecimento
oracular do Ifá aos Babalaôs Iorubás.
Sentados sobre a esteira de palha, aprenderam a decifrar as mensagens
de Orunmila contidas nos Odús que se desenham ao jogarem o cordão aberto
(o princípio e o fim) trançado com oito metades de favas de Opelê sobre o
tabuleiro de madeira Oponifá.
Lònà Ifá (Caminho de Ifá)
Assim, os Babalaôs Iorubás levaram o Ifá praticado na sagrada Ifé, e na
cidade de Oyó, mundo antigo afora semeando a palavra de Orunmila. Pelas
rotas comerciais para além do Saara, de Kemet à Babilônia, os sacerdotes
contaram as histórias e ensinamentos contidos nos Patakis, louvaram Orikis
para as divindades e ofereceram os ebós pedidos nos Odús revelados nas
caídas dos seus Opelês sobre os Oponifás.
Até que o caminho de Ifá cruzou o Atlântico, à força, acorrentado no
destino dos Iorubás escravizados e traficados para a exploração do Novo
Mundo. Olokun, divindade soberana dos mares e dos segredos da vida e da
morte, transportou em suas águas a tradição religiosa africana até o mar
caribenho para que a ancestralidade iorubana fosse recebida pela ancestralidade indígena de Taínos e Ciboneys naquela ilha que seus originários
chamavam Cubanacan ou, simplesmente, Cuba.
Mo júbà! Oluku mi! (Vos saúdo! Somos amigos!)
Com a chegada dos Iorubás de Ifé e Oyó em terras cubanas para o
trabalho nas fazendas de cana-de-açúcar e café, nasceu a nação Lucumí. Para
o regime escravagista espanhol, lucumis eram todos os cativos iorubanos em
geral, porém, os próprios escravizados se identificavam sinalizando suas
origens, como: Lucumí-Oyó, Lucumí-Egba, Lucumí- Ekiti, Lucumí-Ijebu…
Sob a irradiação aguerrida de Oggun, o primeiro rei de Ifé, os lucumis
levantaram os metais de seus facões diversas vezes contra a tirania dos
colonizadores. Na província de Matanzas, a escravizada iorubá Carlota Lucumí
liderou a Insurreição do Engenho Triunvirato, que destruiu vários engenhos,
eliminou colonos, incendiou fazendas e libertou centenas de escravizados.
Oggun Ye! Mo ye! (Ogum está vivo! Eu estou vivo!)
Matanzas, aliás, foi o berço do Ifá cubano e o pai foi o babalaô Remígio
Herrera, o Adechina. Um ex-cativo de engenho açucareiro que, quando
alforriado, foi para Nigéria ser consagrado em Oyó. Com a missão dada por
Orunmila de fundar o primeiro Cabildo Lucumí na América hispânica, retornou
a Cuba trazendo os fundamentos da Regla de Ifá e iniciou o primeiro babaláo
em solo cubano: Tata Gaytán.
O Ifá cubano se expandiu e adquiriu caráter próprio. A língua Lucumí
assimilou influência de falas indígenas e espanholas e “lucumizou” as
expressões. Altas deidades e Orishas, maiores e menores, formaram o
panteão divino. O Obí advinhação com cocos, rachados em quatro partes para
que as combinações entre as faces claras (o interior) e escuras (a casca)
respondam pelas divindades ao serem lançadas no chão, se tornou marca do
Ifá cubano. Os filhos de Orula (Orunmila) iniciados passaram a ser identificados
pelo uso do Ileké no pescoço ou do Idefá no pulso esquerdo para lembrar do
pacto que Orula fez com a morte para que ela não leve os seus antes do tempo
destinado. Ambos feitos de contas verdes e amarelas que representam a união
da sabedoria de Orula (o verde do viço das folhas frescas) com a fertilidade de
Oshun (o amarelo da decomposição das folhas) que nos lembram do inevitável
ciclo da vida.
Para despistar a perseguição aos cultos de matriz africana, Iorubás
identificaram seus Orixás com santos católicos e criaram a Santería, também
conhecida como Regla de Ocha ou Regla Lucumí, onde o Ifá é o centro
oracular divinatório. Se expandiu pela ilha após a Revolução Cubana e ficou
ainda mais popular depois que o Estado mudou de ateu para laico com a
extinção soviética. Hoje, a mão de Orula está presente na vida de grande parte do povo cubano e os tambores Batá ressoam consagrados em Ifá peloscabildos de Havana.
Agô Ilé. (Peço licença para entrar)
Existe uma conexão espiritual entre Cuba e o Brasil, enraizada em
nossa reverência aos Orixás e aos nossos ancestrais africanos, que nos
enlaçam culturalmente e energeticamente há gerações. O destino quis que o
Ifá Lucumí se ramificasse até aqui e se consolidasse no Rio de Janeiro através
do Opelê e do Oponifá do Babalaô cubano de linhagem dos veneráveis
Adeshina e Tata Gaytán, Rafael Zamora. Dessa bendita rama continua a
florescer Babalaôs brasileiros, afilhados, famílias em Ifá e comunidades-terreiro
dedicados ao culto de Orunmila.
Num momento tão difícil para a humanidade na Terra como este, com
tantos conflitos e desequilíbrios, que Ifá nos guie no caminho para o bom
caráter, respeito e a harmonia entre as pessoas e a natureza. Que Orunmila
ordene o mundo nos caminhos do bem.
Iboru Iboya Ibosheshe! (Que nossas súplicas sejam ouvidas!)”.

Na Avenida este ano o Tuiuti cantou o enredo Quem tem medo de Xica Manicongo?, assinado pelo carnavalesco Jack Vasconcelos.

O samba-enredo foi encomendado e leva a assinatura Claudio Russo e Gustavo Clarão.O desfile rendeu o 10º lugar para a agremiação.

Rodapé - carnaval rio

Carnaval 2026. Em noite de celebração ao Dia de Preto Velho, o Paraíso do Tuiuti lançou a sinopse e a logo do enredo Lonã Ifá Lucumí.

O texto, desenvolvido pelo carnavalesco Jack Vasconcelos, servirá de inspiração para os compositores Cláudio Russo, Gustavo Clarão e Luiz Antônio Simas. Eles serão os autores da canção da azul e amarelo de São Cristóvão do próximo ano. A logo foi feita pelo designer Antonio Vieira. Ele se inspirou em artistas cubanos para criar a marca.

+ Leia a sinopse:

“Laroiê, Eleguá! Agô.

No princípio era o axé…
Quando Olodumare, o supremo criador da existência, do universo e dos
orixás, soprou o Emi (energia vital) para que o primeiro ser humano moldado
por Obatalá ganhasse vida com seu Orí divinizado, consciente e portador
daquele destino, Orunmila estava presente e tudo assistiu. Todos os seres
foram conectados energeticamente e os orixás, regentes das forças da
natureza, passaram a comandar cada aspecto e expressão da vida humana.
Orunmila, o Èléri Ípìn, a testemunha da criação, portanto, recebeu de
Olodumare a dádiva de ser seu porta-voz no oráculo de Ifá para guiar a
humanidade pelo bom caminho e cada pessoa ao melhor cumprimento de seu
destino na dimensão terrena, o Ayiê, através da comunicação espiritual com a
dimensão sobrenatural das divindades, o Orún.
Epá Ojú Olorun! Ifá Ò! (Viva os olhos do Criador! Ele é Ifá!)
Na cidade sagrada de Ilé Ifé, fundada por Odudua e onde os primeiros
humanos moldados por Obatalá iniciaram sua caminhada na Terra, Orunmila, o
profeta dos destinos e guardião da sabedoria, transmitiu o conhecimento
oracular do Ifá aos Babalaôs Iorubás.
Sentados sobre a esteira de palha, aprenderam a decifrar as mensagens
de Orunmila contidas nos Odús que se desenham ao jogarem o cordão aberto
(o princípio e o fim) trançado com oito metades de favas de Opelê sobre o
tabuleiro de madeira Oponifá.
Lònà Ifá (Caminho de Ifá)
Assim, os Babalaôs Iorubás levaram o Ifá praticado na sagrada Ifé, e na
cidade de Oyó, mundo antigo afora semeando a palavra de Orunmila. Pelas
rotas comerciais para além do Saara, de Kemet à Babilônia, os sacerdotes
contaram as histórias e ensinamentos contidos nos Patakis, louvaram Orikis
para as divindades e ofereceram os ebós pedidos nos Odús revelados nas
caídas dos seus Opelês sobre os Oponifás.
Até que o caminho de Ifá cruzou o Atlântico, à força, acorrentado no
destino dos Iorubás escravizados e traficados para a exploração do Novo
Mundo. Olokun, divindade soberana dos mares e dos segredos da vida e da
morte, transportou em suas águas a tradição religiosa africana até o mar
caribenho para que a ancestralidade iorubana fosse recebida pela ancestralidade indígena de Taínos e Ciboneys naquela ilha que seus originários
chamavam Cubanacan ou, simplesmente, Cuba.
Mo júbà! Oluku mi! (Vos saúdo! Somos amigos!)
Com a chegada dos Iorubás de Ifé e Oyó em terras cubanas para o
trabalho nas fazendas de cana-de-açúcar e café, nasceu a nação Lucumí. Para
o regime escravagista espanhol, lucumis eram todos os cativos iorubanos em
geral, porém, os próprios escravizados se identificavam sinalizando suas
origens, como: Lucumí-Oyó, Lucumí-Egba, Lucumí- Ekiti, Lucumí-Ijebu…
Sob a irradiação aguerrida de Oggun, o primeiro rei de Ifé, os lucumis
levantaram os metais de seus facões diversas vezes contra a tirania dos
colonizadores. Na província de Matanzas, a escravizada iorubá Carlota Lucumí
liderou a Insurreição do Engenho Triunvirato, que destruiu vários engenhos,
eliminou colonos, incendiou fazendas e libertou centenas de escravizados.
Oggun Ye! Mo ye! (Ogum está vivo! Eu estou vivo!)
Matanzas, aliás, foi o berço do Ifá cubano e o pai foi o babalaô Remígio
Herrera, o Adechina. Um ex-cativo de engenho açucareiro que, quando
alforriado, foi para Nigéria ser consagrado em Oyó. Com a missão dada por
Orunmila de fundar o primeiro Cabildo Lucumí na América hispânica, retornou
a Cuba trazendo os fundamentos da Regla de Ifá e iniciou o primeiro babaláo
em solo cubano: Tata Gaytán.
O Ifá cubano se expandiu e adquiriu caráter próprio. A língua Lucumí
assimilou influência de falas indígenas e espanholas e “lucumizou” as
expressões. Altas deidades e Orishas, maiores e menores, formaram o
panteão divino. O Obí advinhação com cocos, rachados em quatro partes para
que as combinações entre as faces claras (o interior) e escuras (a casca)
respondam pelas divindades ao serem lançadas no chão, se tornou marca do
Ifá cubano. Os filhos de Orula (Orunmila) iniciados passaram a ser identificados
pelo uso do Ileké no pescoço ou do Idefá no pulso esquerdo para lembrar do
pacto que Orula fez com a morte para que ela não leve os seus antes do tempo
destinado. Ambos feitos de contas verdes e amarelas que representam a união
da sabedoria de Orula (o verde do viço das folhas frescas) com a fertilidade de
Oshun (o amarelo da decomposição das folhas) que nos lembram do inevitável
ciclo da vida.
Para despistar a perseguição aos cultos de matriz africana, Iorubás
identificaram seus Orixás com santos católicos e criaram a Santería, também
conhecida como Regla de Ocha ou Regla Lucumí, onde o Ifá é o centro
oracular divinatório. Se expandiu pela ilha após a Revolução Cubana e ficou
ainda mais popular depois que o Estado mudou de ateu para laico com a
extinção soviética. Hoje, a mão de Orula está presente na vida de grande parte do povo cubano e os tambores Batá ressoam consagrados em Ifá peloscabildos de Havana.
Agô Ilé. (Peço licença para entrar)
Existe uma conexão espiritual entre Cuba e o Brasil, enraizada em
nossa reverência aos Orixás e aos nossos ancestrais africanos, que nos
enlaçam culturalmente e energeticamente há gerações. O destino quis que o
Ifá Lucumí se ramificasse até aqui e se consolidasse no Rio de Janeiro através
do Opelê e do Oponifá do Babalaô cubano de linhagem dos veneráveis
Adeshina e Tata Gaytán, Rafael Zamora. Dessa bendita rama continua a
florescer Babalaôs brasileiros, afilhados, famílias em Ifá e comunidades-terreiro
dedicados ao culto de Orunmila.
Num momento tão difícil para a humanidade na Terra como este, com
tantos conflitos e desequilíbrios, que Ifá nos guie no caminho para o bom
caráter, respeito e a harmonia entre as pessoas e a natureza. Que Orunmila
ordene o mundo nos caminhos do bem.
Iboru Iboya Ibosheshe! (Que nossas súplicas sejam ouvidas!)”.

Na Avenida este ano o Tuiuti cantou o enredo Quem tem medo de Xica Manicongo?, assinado pelo carnavalesco Jack Vasconcelos.

O samba-enredo foi encomendado e leva a assinatura Claudio Russo e Gustavo Clarão.O desfile rendeu o 10º lugar para a agremiação.

Rodapé - carnaval rio

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