Um belo cortejo até antes da meia-noite. Segunda escola da Série Ouro a entrar na Avenida, na noite de desfiles desta quinta-feira (21), a Inocentes de Belford Roxo, ao contrário do que seu enredo, A Noite dos Tambores Silenciosos propôs, fez bastante barulho. Com o tema do carnavalesco Lucas Milato, a agremiação fez um belo desfile. + […]
POR Beatriz Chaves Ribeiro22/04/2022|10 min de leitura
Inocentes 2022. Foto: Matheus Siqueira/SRzd
Um belo cortejo até antes da meia-noite. Segunda escola da Série Ouro a entrar na Avenida, na noite de desfiles desta quinta-feira (21), a Inocentes de Belford Roxo, ao contrário do que seu enredo, A Noite dos Tambores Silenciosos propôs, fez bastante barulho. Com o tema do carnavalesco Lucas Milato, a agremiação fez um belo desfile.
+ Galeria de fotos do desfile da Inocentes de Belford Roxo
“A noite de hoje continua um luxo: o ótimo samba da Inocentes foi cantado num andamento confortável e com boa receptividade dos componentes. Eventuais falhas na evolução, com buracos abertos aqui e ali, não comprometeram a beleza da celebração”.
“A Inocentes é uma escola que já tem experiência na Série A. As fantasias estavam belíssimas, com acabamento primoroso, mas uma coisa que me incomoda muito é a falta de leitura do enredo. Você passa pelas fantasias e não consegue entender qual é o enredo. As alegorias eram caixotes que levavam pessoas. Muito bonita, mas longe de disputar o Carnaval”.
A comissão de frente da Inocentes de Belford Roxo abriu abriu a escola clamando por justiça social e com o auxílio da espiritualidade. Vestidos de “Elo Entre Os Dois Mundos”, fazendo referência ao ritual no pátio do terço, onde dois mundos se ligam a partir da comunicação entre o àiyé (terra) e òrun (céu), e é estabelecida por Oyá Igbalé.
Segundo o comentarista do SRzd Marcio Moura, os jurados precisarão de um olhar mais apurado para entender a profundidade da apresentação: “Juliana Frathane apresenta um grupo de intérpretes muito bem ensaiados, com uma coreografia que ocupava todo o espaço e bom controle cênico. O tripé na forma de tambor trazia sua personagem principal: a Oya Igbalé. Uma linda aparição que arrancou aplausos da plateia. O figurino dos intérpretes em determinado momento deixava a mostra questionamentos sobre injustiças e impunidades. Muitos podem se assustar com uma Oya vestida de branco. Mas basta uma rápida pesquisada para ver que essa qualidade se veste sim. Tomara que os jurados tenham recebido essa informação”, avaliou.
Jaçanã Ribeiro e Douglas Vale, primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Inocentes, mostraram sincronia e leveza.
Vestidos em tons de escuros, a roupa deu ainda mais destaque ao bailado da dupla, a “Penumbra da Meia-Noite” que remetia ao “Momento Sagrado da Noite dos Tambores Silenciosos”, uma espécie de troca de energia entre o céu e a terra.
O casal passou com bastante sintonia, típica de quem tem entrosamento e parceria de muitos anos. Outro destaque foi o segundo casal da agremiação, Winnie Delmar e Paulo Erick, que vieram como rei e rainha do Maracatu. Os dois mostraram interação e um bailado aguerrido. Para a comentarista do SRzd Eliane Santos, o casal da escola tal foi “um luxo!”:
“Um luxo a performance do casal, que trouxe o bailado clássico, enriquecido por gestos da dança afro-religiosa, realizada com suavidade, delicadeza e muita cortesia do mestre-sala que, abriu espaços para a dança, sempre atento aos movimentos de sua dama. Jaçanã Ribeiro deslizou no Abano, executando giros com equilíbrio e muita gentileza! Douglas Vale, com um estilo garboso, apresentou com propriedade os movimentos obrigatórios de sua coreografia!
O casal fez uma linda Apresentação da Bandeira! e mais, uma maneira bonita de se despedir e se retirar do espaço destinado a exibição do bailado preservado”, disse a comentarista.
A escola trouxe para a Avenida o número mínimo de alegorias, apenas três, mas o suficiente para admirar cada detalhe das propostas escolhidas por Lucas Milato. Destaque para o segundo carro, chamado “O Rei Coroado” que trouxe soluções criativas com cores fortes, atraindo o olha do público. O conjunto alegórico da Inocentes foi uma grata surpresa.
De acordo com o comentarista do SRzd Jaime Cezário, o conjunto alegórico da escola estava caprichado: “As alegorias estavam muito bem acabadas e grandes. Tinham um formato padrão, um grande caixote com queijos laterais e esculturas ladeando e/ou frontais que impactaram pelo tamanho. Dessa maneira foi mostrado pela escola o rito”, afirmou o comentarista.
As fantasias da Inocentes de Belford Roxo agradaram os olhos do público presente. Volumosas, coloridas e com bastante referências à festa que foi homenageada: A Noite dos Tambores Silenciosos. As fantasias transitavam entre a arte sacra, o maracatu e dialogavam bastante com a penumbra de mistério que envolve o enredo.
Segundo o comentarista do SRzd Jaime Cezário, o conjunto de fantasias da Inocentes de Belford Roxo dialogava com o enredo de forma acessível: “A Inocente trouxe como enredo a noite dos tambores silenciosos, segundo a defesa , que acontece no Carnaval do Recife/PE. Nas fantasias vimos um desfile de personagens dos Cortejos do Rei do Congo, Maracatu e Orixás, que segundo a defesa fornecida compõem o rito. As fantasias defenderam corretamente o que estava descrito, embora assumo aos leitores que precisaria ser um conhecedor maior do acontecimento para dar o parecer se o que foi apresentado está correto ou não”, ponderou.
Segundo o comentarista do SRzd Marcelo Masô, o desenvolvimento do enredo da Inocentes não obteve clareza: “A Inocente de Belford Roxo adotou como enredo a manifestação cultural afro-brasileira, que ocorre no cCrnaval de Recife. O encadeamento do enredo teve como elemento condutor o Maracatu. Embora plasticamente bonita, a escola não conseguiu apresentar de forma clara em que consiste a noite dos tambores silenciosos, o que infelizmente prejudicou a compreensão do enredo”, criticou.
Assinado por nomes de peso como Claudio Russo, Tem Tem Jr, Júnior Fioda, Lequinho e companhia, o samba-enredo de Belford Roxo esteve entre os mais comentados da Série Ouro.
Um samba denso, sem grandes explosões, mas com um refrão firme e que atraiu a atenção dos admiradores do estilo durante a passagem da escola da Baixada.
Segundo o comentarista do SRzd Cadu Zugliani, o samba-enredo da Inocentes de Belford Roxo não teve um desempenho equilibrado na Avenida: “Samba da Inocentes tem ótima letra e boa melodia, no andamento certo ajudou a puxar o canto da comunidade. Achei só que cansou um pouco no final e não manteve a pegada na reta final do desfile”, disse Cadu.
A bateria de Mestre Julinho fez uma apresentação equilibrada. Trajados de São Benedito, a Cadência da Baixada atravessou o sambódromo com um desempenho equilibrado, segundo o comentarista do SRzd Cláudio Francioni: “Muito bom o desfile da bateria da Inocentes de Belford Roxo na estreia de Mestre Juninho. Manteve um bom andamento, teve as bossas bem executadas nos módulos e o grande destaque vai para a ótima afinação das marcações”, afirmou.
Auxiliada por um ótimo samba-enredo, a Inocentes passou com entrosamento entre carro de som, comunidade e bateria. Algumas alas, no entanto, deixaram a desejar no canto.
A obra, de letra difícil e com palavras mais complicadas de serem enteadas, não facilitou a vida de alguns componentes. Com a conhecida força da comunidade, a impressão deixada pela escola era de que o desfile poderia ter sido mais “quente”. Para a comentarista Célia Souto, apesar dos deslizes, a escola conseguiu se destacar positivamente.
“A escola desenvolveu o desfile demonstrando ótimo entrosamento entre ritmo e melodia, os componentes desempenharam o canto de forma vibrante e fluente”, disse.
Embora com boa passagem pela Avenida, a escola pode sofrer na apuração por deslizes no quesito. A agremiação abriu grande buraco em frente ao segundo box e também deixou a desejar no espaçamento em frente ao abre-alas. O desempenho dos componentes também poderia ter sido mais vigoroso.
“No início do desfile um pequeno buraco entre a ala que antecede o carro abre-alas fez com que o chão perdesse um pouco o equilíbrio no andamento do chão, mas no contexto geral a evolução fluiu durante o desfile”, concluiu Célia.
Enredo: “A Meia-Noite dos Tambores Silenciosos”
Presidente: Reginaldo Gomes
Carnavalesco: Lucas Milato
Intérprete: Luizinho Andanças
Mestre de Bateria: Mestre Julinho
Rainha de Bateria: Natália Lage
Comissão de Frente: Juliana Frathane
Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Jaçanã Ribeiro e Douglas Valle
+ Ouça os sambas de enredo da Série Ouro 2022
+ Ordem dos desfiles do Grupo Especial 2022
+ Ordem dos desfiles da Série Ouro 2022
+ Veja a ordem dos desfiles do Grupo de Avaliação e da Série Bronze
Um belo cortejo até antes da meia-noite. Segunda escola da Série Ouro a entrar na Avenida, na noite de desfiles desta quinta-feira (21), a Inocentes de Belford Roxo, ao contrário do que seu enredo, A Noite dos Tambores Silenciosos propôs, fez bastante barulho. Com o tema do carnavalesco Lucas Milato, a agremiação fez um belo desfile.
+ Galeria de fotos do desfile da Inocentes de Belford Roxo
“A noite de hoje continua um luxo: o ótimo samba da Inocentes foi cantado num andamento confortável e com boa receptividade dos componentes. Eventuais falhas na evolução, com buracos abertos aqui e ali, não comprometeram a beleza da celebração”.
“A Inocentes é uma escola que já tem experiência na Série A. As fantasias estavam belíssimas, com acabamento primoroso, mas uma coisa que me incomoda muito é a falta de leitura do enredo. Você passa pelas fantasias e não consegue entender qual é o enredo. As alegorias eram caixotes que levavam pessoas. Muito bonita, mas longe de disputar o Carnaval”.
A comissão de frente da Inocentes de Belford Roxo abriu abriu a escola clamando por justiça social e com o auxílio da espiritualidade. Vestidos de “Elo Entre Os Dois Mundos”, fazendo referência ao ritual no pátio do terço, onde dois mundos se ligam a partir da comunicação entre o àiyé (terra) e òrun (céu), e é estabelecida por Oyá Igbalé.
Segundo o comentarista do SRzd Marcio Moura, os jurados precisarão de um olhar mais apurado para entender a profundidade da apresentação: “Juliana Frathane apresenta um grupo de intérpretes muito bem ensaiados, com uma coreografia que ocupava todo o espaço e bom controle cênico. O tripé na forma de tambor trazia sua personagem principal: a Oya Igbalé. Uma linda aparição que arrancou aplausos da plateia. O figurino dos intérpretes em determinado momento deixava a mostra questionamentos sobre injustiças e impunidades. Muitos podem se assustar com uma Oya vestida de branco. Mas basta uma rápida pesquisada para ver que essa qualidade se veste sim. Tomara que os jurados tenham recebido essa informação”, avaliou.
Jaçanã Ribeiro e Douglas Vale, primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da Inocentes, mostraram sincronia e leveza.
Vestidos em tons de escuros, a roupa deu ainda mais destaque ao bailado da dupla, a “Penumbra da Meia-Noite” que remetia ao “Momento Sagrado da Noite dos Tambores Silenciosos”, uma espécie de troca de energia entre o céu e a terra.
O casal passou com bastante sintonia, típica de quem tem entrosamento e parceria de muitos anos. Outro destaque foi o segundo casal da agremiação, Winnie Delmar e Paulo Erick, que vieram como rei e rainha do Maracatu. Os dois mostraram interação e um bailado aguerrido. Para a comentarista do SRzd Eliane Santos, o casal da escola tal foi “um luxo!”:
“Um luxo a performance do casal, que trouxe o bailado clássico, enriquecido por gestos da dança afro-religiosa, realizada com suavidade, delicadeza e muita cortesia do mestre-sala que, abriu espaços para a dança, sempre atento aos movimentos de sua dama. Jaçanã Ribeiro deslizou no Abano, executando giros com equilíbrio e muita gentileza! Douglas Vale, com um estilo garboso, apresentou com propriedade os movimentos obrigatórios de sua coreografia!
O casal fez uma linda Apresentação da Bandeira! e mais, uma maneira bonita de se despedir e se retirar do espaço destinado a exibição do bailado preservado”, disse a comentarista.
A escola trouxe para a Avenida o número mínimo de alegorias, apenas três, mas o suficiente para admirar cada detalhe das propostas escolhidas por Lucas Milato. Destaque para o segundo carro, chamado “O Rei Coroado” que trouxe soluções criativas com cores fortes, atraindo o olha do público. O conjunto alegórico da Inocentes foi uma grata surpresa.
De acordo com o comentarista do SRzd Jaime Cezário, o conjunto alegórico da escola estava caprichado: “As alegorias estavam muito bem acabadas e grandes. Tinham um formato padrão, um grande caixote com queijos laterais e esculturas ladeando e/ou frontais que impactaram pelo tamanho. Dessa maneira foi mostrado pela escola o rito”, afirmou o comentarista.
As fantasias da Inocentes de Belford Roxo agradaram os olhos do público presente. Volumosas, coloridas e com bastante referências à festa que foi homenageada: A Noite dos Tambores Silenciosos. As fantasias transitavam entre a arte sacra, o maracatu e dialogavam bastante com a penumbra de mistério que envolve o enredo.
Segundo o comentarista do SRzd Jaime Cezário, o conjunto de fantasias da Inocentes de Belford Roxo dialogava com o enredo de forma acessível: “A Inocente trouxe como enredo a noite dos tambores silenciosos, segundo a defesa , que acontece no Carnaval do Recife/PE. Nas fantasias vimos um desfile de personagens dos Cortejos do Rei do Congo, Maracatu e Orixás, que segundo a defesa fornecida compõem o rito. As fantasias defenderam corretamente o que estava descrito, embora assumo aos leitores que precisaria ser um conhecedor maior do acontecimento para dar o parecer se o que foi apresentado está correto ou não”, ponderou.
Segundo o comentarista do SRzd Marcelo Masô, o desenvolvimento do enredo da Inocentes não obteve clareza: “A Inocente de Belford Roxo adotou como enredo a manifestação cultural afro-brasileira, que ocorre no cCrnaval de Recife. O encadeamento do enredo teve como elemento condutor o Maracatu. Embora plasticamente bonita, a escola não conseguiu apresentar de forma clara em que consiste a noite dos tambores silenciosos, o que infelizmente prejudicou a compreensão do enredo”, criticou.
Assinado por nomes de peso como Claudio Russo, Tem Tem Jr, Júnior Fioda, Lequinho e companhia, o samba-enredo de Belford Roxo esteve entre os mais comentados da Série Ouro.
Um samba denso, sem grandes explosões, mas com um refrão firme e que atraiu a atenção dos admiradores do estilo durante a passagem da escola da Baixada.
Segundo o comentarista do SRzd Cadu Zugliani, o samba-enredo da Inocentes de Belford Roxo não teve um desempenho equilibrado na Avenida: “Samba da Inocentes tem ótima letra e boa melodia, no andamento certo ajudou a puxar o canto da comunidade. Achei só que cansou um pouco no final e não manteve a pegada na reta final do desfile”, disse Cadu.
A bateria de Mestre Julinho fez uma apresentação equilibrada. Trajados de São Benedito, a Cadência da Baixada atravessou o sambódromo com um desempenho equilibrado, segundo o comentarista do SRzd Cláudio Francioni: “Muito bom o desfile da bateria da Inocentes de Belford Roxo na estreia de Mestre Juninho. Manteve um bom andamento, teve as bossas bem executadas nos módulos e o grande destaque vai para a ótima afinação das marcações”, afirmou.
Auxiliada por um ótimo samba-enredo, a Inocentes passou com entrosamento entre carro de som, comunidade e bateria. Algumas alas, no entanto, deixaram a desejar no canto.
A obra, de letra difícil e com palavras mais complicadas de serem enteadas, não facilitou a vida de alguns componentes. Com a conhecida força da comunidade, a impressão deixada pela escola era de que o desfile poderia ter sido mais “quente”. Para a comentarista Célia Souto, apesar dos deslizes, a escola conseguiu se destacar positivamente.
“A escola desenvolveu o desfile demonstrando ótimo entrosamento entre ritmo e melodia, os componentes desempenharam o canto de forma vibrante e fluente”, disse.
Embora com boa passagem pela Avenida, a escola pode sofrer na apuração por deslizes no quesito. A agremiação abriu grande buraco em frente ao segundo box e também deixou a desejar no espaçamento em frente ao abre-alas. O desempenho dos componentes também poderia ter sido mais vigoroso.
“No início do desfile um pequeno buraco entre a ala que antecede o carro abre-alas fez com que o chão perdesse um pouco o equilíbrio no andamento do chão, mas no contexto geral a evolução fluiu durante o desfile”, concluiu Célia.
Enredo: “A Meia-Noite dos Tambores Silenciosos”
Presidente: Reginaldo Gomes
Carnavalesco: Lucas Milato
Intérprete: Luizinho Andanças
Mestre de Bateria: Mestre Julinho
Rainha de Bateria: Natália Lage
Comissão de Frente: Juliana Frathane
Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Jaçanã Ribeiro e Douglas Valle
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