As escolas de samba do Rio de Janeiro vivem um dos momentos mais importantes desta fase de pré-Carnaval; a escolha do hino para os desfiles na Avenida.
Por tratar-se de um espetáculo destacadamente musical e visual, a canção é um dos elementos fundamentais. É ela quem conduz os desfilantes na pista, canta a história proposta pelos carnavalescos e ainda tem a missão de proporcionar a comunicação com o público no sambódromo.
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Ao longo das décadas, esse processo foi passando por muitas modificações. No último ano, devido a pandemia de Covid-19, as sempre quentes eliminatórias migraram para um estúdio de televisão.
Nas quadras, interferências de dirigentes nos resultados e na própria criação dos poetas, além dos altos custos para tornar uma parceria competitiva, são ingredientes que foram fomentando a discussão sobre o formato.
As alas de compositores das escolas, antes um pilar cultural dentro de cada agremiação, assistem a invasão de grupos, as chamadas firmas, que concorrem indiscriminadamente em diferentes concursos, criando uma certa “reserva de mercado”.
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Como resultado, não são raros os casos de descontentamento com a condução e o resultado das disputas. Isso também se reflete em quem acompanha o Carnaval o ano todo e olha bem de perto esse momento importante, embora ainda distante na medida temporal do grande dia de Carnaval.
É também tema de reflexão que esses aspectos todos tem contribuído para que a folia não produza os famosos clássicos. Sambas de enredo que ultrapassavam os limites da passarela e das comunidades e tomavam o país. A amplitude destas criações era tamanha, que merecia, inclusive, regravações nas vozes de grandes nomes da música popular brasileira.
Uma suposta queda na qualidade e engessamento do processo criativo, somado a ausência gradual deste
repertório no rádio e na televisão, acabaram por levar os sambas cada vez mais para consumo do segmento e para o desfile do ano.
Entre os fãs de Carnaval, ainda existe um outro cenário de desconforto; as disputas geralmente acontecem nas madrugadas, são longas e impõem aos sambistas energia, disponibilidade e muita paciência. Até para uma cobertura da imprensa, no modelo atual, a dificuldade de dar visibilidade ao processo, se torna cada vez maior. Na sua opinião, o modelo deve ser revisto? Deixe seu comentário na página do SRzd ou nas redes sociais.