Rio. Seguiu, na noite deste sábado (1º), a temporada de ensaios técnicos gerais para as escolas de samba do Grupo Especial carioca.
As apresentações simulam os desfiles oficiais na Marquês de Sapucaí e se tornaram um dos momentos mais importantes do universo das agremiações e dos apaixonados pela festa maior da cultura popular no país.
Neste sábado, Paraíso do Tuiuti, celebrando a diversidade representada em seu enredo. Depois, a maior campeã do sambódromo, Beija-Flor de Nilópolis, e fechando o evento, a mais popular das escolas de samba do país, a Estação Primeira de Mangueira. Elas foram as estrelas da noite.
Noite de sambódromo lotado.
A grande presença de público obrigou os organizadores a abrirem os setores localizados após o recuo quando da entrada da Beija-Flor, por volta das 21h30, com um grande atraso em relação ao horário inicial estabelecido pelo cronograma inicial.
E foi justamente na abertura da apresentação da escola de Nilópolis que as lentes do SRzd registraram o momento de maior emoção da noite; um discurso carregado de emoção de Neguinho da Beija-Flor.
O artista, um dos maiores do Carnaval carioca, vive seus últimos atos comandando o canto de uma comunidade apaixonada cujo nome ele carrega e orgulha em seu próprio nome (assista ao momento):



SRzd e Arpoador juntos
A equipe de comentaristas do portal SRzd esteve na Sapucaí, nas instalações do camarote Arpoador, o maior do sambódromo, e conferiu de perto tudo o que rolou. Veja o que eles disseram sobre cada uma das apresentações!
Alex Rangel (comissão de frente e passistas): O Paraíso do Tuiuti abriu com sua Comissão de Frente e um elenco de bailarinas trans coreografadas por Claudia Mota e Edifranc Alves, reverberando a resistência e a luta pela identidade e liberdade de Xica Manicongo considerada a primeira mulher trans do Brasil e enredo da escola.
Com uma coreografia impactante, trouxe efeitos pirotécnicos na sua apresentação e 32 componentes, mostrando a possibilidade de dois elencos ou apoio pra executar o que apresentarão no desfile oficial, vamos aguardar.
A ala de passistas do Tuiuti veio muito bem caracterizada e performática. Porém, senti falta de samba no pé que eu vejo e sei que a ala tem!
A Beija-Flor trouxe na sua Comissão comandada por Jorge Teixeira e Saulo Finelon bailarinos maquiados, vestindo saias feitas com sacos de lixo, um componente em pernas de pau trazendo a representação de Exu e um balé lindo e sincronizado reverenciando o Orixá que veio abrindo os caminhos da escola de Nilópolis.
Agora é aguardar a passagem de som e ver se teremos alguma novidade na apresentação para o desfile oficial.
A “Deusa da Passarela” veio com sua ala de passistas lindamente bem vestida e com o samba no pé que é marcante e característico do povo de Nilópolis.
A Estação Primeira de Mangueira encerrou a noite de ensaios e trouxe na sua Comissão coreografada por Lucas Maciel e Karina Dias um elenco com uma energia incrível, figurinos e maquiagem impecáveis e uma coreografia muito bem executada, com troca de roupa do pivô, transformando a ancestralidade na atualidade da favela.
A ala de passistas mangueirenses representou muito o orgulho de ser favela e toda ancestralidade do rabiscado do sambista! Muito feliz em ver uma ala totalmente misturada se acabando de sambar!
Célia Souto (evolução e harmonia): Os componentes do Tuiuti apresentaram o canto com animação e empenho. A maioria cantando o samba na sua totalidade. Foi possível observar uma maior animação em algumas partes do samba, aliada a movimentos sincronizados que vão definindo a evolução.
A escola passou pela Avenida mantendo o canto e a dança, demonstrando trabalho sério e empenho. O canto apresentou irregularidade no andamento em poucos momentos do ensaio. Alguns componentes cantaram apenas algumas partes do samba.
O Tuiuti apresentou um ensaio técnico promissor, com os componentes demonstrando animação e empenho no canto e na dança. Embora haja alguns pontos a melhorar, a escola mostrou trabalho sério e dedicação para chegar ao desfile.
Beija-Flor: os componentes apresentaram bom desempenho do canto, destaco que estão cantando o samba na sua totalidade com leveza e andamento confortável, entusiasmo, entendimento melódico e auditivo. O andamento do chão está equilibrado, cadenciado com movimentos espontâneos, evolução uniforme e equilibrada das alas. A escola foi evoluindo pela Avenida demonstrando maturidade e bom entrosamento com destaque para a sincronia entre evolução e harmonia. Foi possível observar e ouvir o desempenho melódico do canto o que demonstra que a escola está comprometida em trazer para a Avenida um ótimo desfile.
A Mangueira se apresentou durante o ensaio técnico demonstrando um bom desempenho do canto, cantam com força e domínio em relação a totalidade do samba.
Os componentes demonstram compromisso com a regularidade do andamento do canto em sincronia com a evolução. O chão da escola demonstrou fluidez associada a movimentos leves e ritmados. Porém, a escola começou com uma proposta de andamento no início e, ao decorrer do ensaio, perdeu um pouco a tenacidade, mesmo assim, ainda foi possível observar um bom trabalho de preparação para o desfile.

Cláudio Francioni (samba-enredo): O Paraíso do Tuiuti teve em seu bom samba um dos pontos altos de seu primeiro ensaio técnico. O intérprete Pixulé teve sua voz bem destacada no carro de som e teve um ótimo desempenho.
O samba da Beija-Flor ganhou muita força em seu primeiro ensaio técnico, muito por conta do impressionante canto de seus componentes. Foi o samba que teve a melhor recepção do público até o momento, com vários setores de arquibancadas cantando junto com a escola.
O ótimo trabalho da direção musical da Mangueira fez com que seu samba desse uma evoluída com relação ao que se ouve no disco. O capricho da equipe se percebe desde o esquenta, com carro de som integrado à bateria em todos os arranjos.
Bruno Moraes (bateria): Ótima apresentação da bateria do Tuiuti, comandada por Mestre Marcão. Executou bossas complexas e muito bem encaixadas no samba. Destaque para o excelente andamento encontrado.
A bateria dos mestres Rodney e Plínio se apresentou com a excelência que vem mantendo há um bom tempo. Como de costume, um show de equilíbrio de timbres, com todas as frequências identificadas com facilidade. Também, seguindo sua tradição, emendou as bossas uma atrás da outra. Algumas convenções trazem detalhes rítmicos utilizados em anos em que o homenageado no enredo era diretor de carnaval da escola.
A bateria da Mangueira, comandada pelos mestres Rodrigo Explosão e Taranta Neto, está a cada ano que passa criando um novo conceito de bossas e desenhos de suas peças leves e, em Mangueira, isso está dando muito certo.
Que ritmo e que ala de Xequerê! Talvez, seja o ano com o maior desafio dessa gestão da bateria, porém, eles estão conseguindo fazer com que o samba funcione.
Jaime Cezário (alegoria, fantasia e enredo): O Paraíso do Tuiuti pisou na Sapucaí com seu povo sem medo e querendo dar um basta no preconceito… travestiu-se em Xica Manicongo e saudou todas as travestis, abrindo os ensaios técnicos deste sábado. A comunidade do Morro do Tuiuti veio disposta a pegar o touro à unha e “Pombogirou”! Canto forte, com destaque para o refrão que sacudia: Ê Pajuba! Um começo de ensaio muito promissor, mas com o desenrolar do desfile, o ímpeto inicial foi perdendo força. Não causou arrepios e o fuzuê esperado não se concretizou.
Na melodia do asfalto, o convite ecoa: “Nilópolis, a saudade de João 30 e Laíla nos chama!”. No carro de som, a voz lendária de Neguinho, qual trovão anunciando a tempestade, fez a Avenida tremer. Era o início da despedida do carro de som, mas também a promessa de vivermos algo especial.
E então, o ensaio técnico da “Deusa da Passarela” se iniciou, um turbilhão de emoções à flor da pele.
Os “guerreiros de Laíla”, com a força de mil trovões, mostraram a que vieram, o samba na ponta da língua, a energia contagiante. Uma combinação explosiva que, por capricho do destino, não incendiou a Sapucaí. O ensaio, carregado de emoção, seguiu seu curso, como um rio que encontra obstáculos em seu caminho. Seria o peso da emoção a dominar a Beija-Flor? Uma coisa é certa, João 30 e Laíla estarão no Orum vibrando para tudo dar certo e, dessa forma, ajudar a conquistar mais uma estrela para essa constelação de vitórias.
No coração pulsante da Passarela do Samba, o rufar do surdo ecoou, despertando a multidão. Mangueira, sempre majestosa, levantou a poeira, e o verde e rosa coloriu a Avenida. Um sonho, uma viagem no tempo, para reviver os sambas que marcaram época no seu esquenta.
Em 2025, a voz da comunidade ecoou forte, um clamor do gueto, a força do povo Bantu. O enredo mostrará a herança de uma cultura que se enraizou na alma carioca, nos presenteando com esse jeito único de ser. Uma comunidade guerreira, quilombola, imbuída da ancestralidade Bantu, cantou com garra o samba, mostrando sua força.
O ensaio, impecável na forma, esbarrou na frieza da emoção. Faltou aquela magia que arrebata, o calor que faz a poeira da alma subir. Nesta noite de sábado, o equilíbrio reinou na Avenida. As escolas, lado a lado, mostraram sua força, mas nenhuma incendiou o coração do público.
CURTA +:
+ VEJA AS FOTOS DA NOITE DE ENSAIOS TÉCNICOS NA SAPUCAÍ (em breve)
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Folia que segue, veja a sequência do calendário!
8/2
19h – Vila Isabel
20h30 – Portela
22h – Grande Rio
15/2
19h – Salgueiro
20h30 – Imperatriz Leopoldinense
22h – Viradouro
21/2 (teste de luz e som):
21h – Unidos de Padre Miguel
22h40 – Unidos da Tijuca
0h30 – Mocidade Independente
1h40 – Paraíso do Tuiuti
22/2 (teste de luz e som):
18h – Lavagem
19h – Beija-Flor
20h30 – Mangueira
22h10 – Vila Isabel
23h50 – Portela
23/2 (teste de luz e som):
19h – Salgueiro
20h30 – Grande Rio
22h10 – Imperatriz Leopoldinense
23h50 – Viradouro
*Fotos: Juliana Dias/SRzd

