Brasil. O governo Lula recomendou à Justiça que Rogério Andrade, preso na semana passada, seja transferido para o presídio de segurança máxima de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.
Andrade está à disposição da Justiça desde 29 de outubro e encontra-se isolado em uma cela do presídio de Bangu I, no Complexo de Gericinó, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
A 1ª Vara Criminal da Capital (Rio de Janeiro) determinou que ele seja levado para um presídio Federal de segurança máxima com Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).
A transferência ainda não foi feita porque era preciso primeiro que a Senappen, que é subordinada ao Ministério da Justiça, escolhesse a unidade mais adequada para encaminhá-lo, além de planejar o esquema de logística e segurança para a transferência.
A transferência só acontece após análise que leva em conta o perfil do preso, quem estará com ele na unidade penitenciária e ainda o contexto do crime.
O assassino confesso da vereadora Marielle Franco (PSOL), Ronnie Lessa, que já trabalhou para o bicheiro, está encarcerado no Complexo Penitenciário de Tremembé, em São Paulo. Por isso, o local foi descartado.
A Justiça ainda precisa dar a palavra final e determinar que sejam feitos os trâmites legais e burocráticos para a transferência, como a preparação de uma escolta aérea.
O Tribunal de Justiça do Rio já negou dois pedidos de habeas corpus em favor de Andrade. O primeiro, pedia a revogação da prisão preventiva; o segundo, solicitava a suspensão dos efeitos da decisão que determinou a “inclusão de Rogério Andrade no Regime Disciplinar Diferenciado”.
O que aconteceu? O Ministério Público do Rio de Janeiro prendeu o contraventor Rogério Andrade, patrono da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel e considerado o maior bicheiro do Rio de Janeiro.
A motivação da prisão foi um desdobramento de nova denúncia do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), ligado ao MP-RJ, que levou à Operação Último Ato. Segundo a investigação, Andrade mandou matar Fernando Iggnácio.
Iggnácio era genro e herdeiro do também contraventor Castor de Andrade, um dos símbolos do jogo do Bicho no país. Fernando foi executado em 10 de novembro de 2020 em uma emboscada no Recreio dos Bandeirantes ao desembarcar de um helicóptero, vindo de Angra dos Reis. Os tiros foram de fuzil 556.
Rogério Andrade foi preso em sua casa, num condomínio de luxo na Barra da Tijuca. Na mesma diligência foi detido é Gilmar Eneas Lisboa, em Duque de Caxias. Os mandados foram expedidos pela 1ª Vara Criminal do Tribunal do Júri e a Justiça determinou que Rogério fique em um presídio Federal.
Histórico. Castor de Andrade morreu de infarto em 1997. Rogério era seu sobrinho. Paulo Roberto de Andrade, o Paulinho, filho de Castor, e a Fernando Iggnácio, ficaram com a incumbência de assumir os negócios de Castor.
Na divisão, Iggnácio foi cuidar dos caça-níqueis, e Paulinho passou a tomar conta das bancas do bicho. Rogério, porém, considerava ter direito à herança
Paulinho foi assassinado em 1998. Investigações da Polícia Federal mostram que a disputa entre Rogério Andrade e Fernando Iggnácio entre 1999 e 2007 resultou em 50 mortes.
No ano de 2001, Rogério foi vítima de uma tentativa de assassinato e Iggnácio foi apontado como um dos mandantes. Em abril de 2010, o filho de Rogério, de 17 anos, morreu num atentado a bomba na Barra da Tijuca. O adolescente dirigia o carro do pai, que seria o verdadeiro alvo.
Preso em 2006, pela Polícia Federal, Fernando Iggnácio chegou a cumprir pena no presídio de Bangu 8, mas conseguiu um habeas corpus do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e deixou a prisão em pouco tempo.