Neguinho compartilha áudio onde esclarece decisão por aposentadoria; ouça

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Fim de uma era. Neguinho da Beija-Flor, o mais longevo dos intérpretes de samba-enredo do Carnaval carioca em atividade, vai parar. Ele anunciou a aposentadoria da Marquês de Sapucaí e 2025 será seu último ano comandando o carro de som da escola de Nilópolis. Em recente entrevista ao DIA, o cantor fez um desabafo que […]

POR Redação SRzd15/01/2025|6 min de leitura

Neguinho compartilha áudio onde esclarece decisão por aposentadoria; ouça

Neguinho da Beija-Flor. Foto: Divulgação/Eduardo Hollanda

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Fim de uma era. Neguinho da Beija-Flor, o mais longevo dos intérpretes de samba-enredo do Carnaval carioca em atividade, vai parar.

Ele anunciou a aposentadoria da Marquês de Sapucaí e 2025 será seu último ano comandando o carro de som da escola de Nilópolis.

Em recente entrevista ao DIA, o cantor fez um desabafo que provoca ampla reflexão para o segmento.

Neguinho destacou, principalmente, o que avalia como a desvalorização enfrentada pelos intérpretes das escolas de samba (leia na íntegra abaixo).

As suas considerações, geraram repercussão nas redes sociais. E diante delas, o artista compartilhou nesta  tarde em seu perfil no Instagram um longo áudio onde justifica sua decisão e como enxerga a sua longa jornada no Carnaval.

“No dia 4 de dezembro de 2024, tive uma conversa com o meu sobrinho Ronaldo, um dos jovens intérpretes que compõem o carro de som da Beija-Flor. Foi um desabafo grande, feito no WhatsApp, onde falo detalhadamente sobre a minha parada com a Beija-Flor, na função de intérprete oficial da escola. Eu devo muito à Beija-Flor, por tudo aquilo que ela me proporcionou na minha carreira e no meu eu profissional, amor que vem desde 1975, quando integrei a ala de compositores da escola. Foi a primeira e única escola que me acolheu e lá pude construir uma base sólida e grandes amigos. Nós somos uma família. Esse áudio desmente qualquer tipo de informações contrárias à minha amada Beija-Flor. O maior motivo pela minha parada vai por questões físicas. Hoje, eu tenho 75 anos de idade, não tenho o mesmo vigor de antes. A minha decisão não foi fácil, mas foi necessária”, legendou o vídeo (ouça):

+ relembre o que Neguinho disse ao DIA:

“Não posso me aposentar como intérprete. Tenho uma esposa e uma filha de 16 anos, e preciso continuar trabalhando para ter uma aposentadoria de classe média. É por isso que, a partir do ano que vem, vou correr atrás de remuneração em eventos ligados ao carnaval, como muitos dos meus amigos já fazem. Os intérpretes são os artistas mais exigidos do Carnaval, assim como os mestres de bateria, mas também os menos valorizados”, declarou.

“Lá pela década de 60, o samba era puxado por um coro. Inventaram o ‘puxador’ para economizar e, geralmente, era o ‘pretinho da comunidade’ com uma boa voz, mas sem reconhecimento”. Ele destacou a luta de intérpretes como Jamelão, da Mangueira, para que os puxadores fossem reconhecidos.

“Hoje, somos intérpretes, mas o reconhecimento ainda é escasso. Os camarotes faturam alto, com shows de grandes artistas que recebem cachês altíssimos. Enquanto isso, nós, anfitriões da festa, ficamos no zero a zero. Já cantei com ambulância e médico ao lado, durante sessões de quimioterapia. Fiquei tão debilitado que não consegui participar do desfile das campeãs. Fazemos sessões de canto, fonoaudiologia, vamos ao pneumologista e tomamos remédios para cuidar da voz. Nós nos cuidamos o ano inteiro para não correr o risco de chegar rouco no carnaval. E, exatamente por esses cuidados, nos dedicamos cem por cento à escola de samba, sem poder pegar compromissos remunerados fora. Já terminei desfile e voltei de metrô com minha mulher e minha filha. Todo mundo fatura no carnaval, menos os intérpretes. Não é justo que, após 50 anos de dedicação, ainda precise correr atrás de renda para garantir o futuro da minha família”, detalhou.

Neguinho contou que, em todos esses anos como intérprete, nunca pôde aproveitar o carnaval como espectador. Após o desfile, sua rotina é simples: voltar para casa, muitas vezes de metrô ou carona com sua sobrinha Carol Medeiros. “Só vejo os desfiles depois, pela televisão. Antes eu não assisto, fico muito nervoso. Uma vez, ao ouvir o samba ‘Papagaio Vintém’, fiquei arrepiado e pensei: ‘Meu Deus, e agora?’. Desde então, prefiro ir direto para a Sapucaí sem assistir antes.”

Apesar de tudo, Neguinho reafirma sua gratidão à Beija-Flor:

“Sou eternamente grato à escola. Foram 50 anos que me fizeram conhecido no mundo inteiro. Mas não posso me conformar em ver meus irmãozinhos intérpretes sendo desvalorizados. Minha luta é pelos meus irmãos que dão a vida pela escola e, muitas vezes, passam despercebidos. Um artista que não seja intérprete jamais faria o que nós fazemos”, disse.

Rodapé - carnaval rio

Fim de uma era. Neguinho da Beija-Flor, o mais longevo dos intérpretes de samba-enredo do Carnaval carioca em atividade, vai parar.

Ele anunciou a aposentadoria da Marquês de Sapucaí e 2025 será seu último ano comandando o carro de som da escola de Nilópolis.

Em recente entrevista ao DIA, o cantor fez um desabafo que provoca ampla reflexão para o segmento.

Neguinho destacou, principalmente, o que avalia como a desvalorização enfrentada pelos intérpretes das escolas de samba (leia na íntegra abaixo).

As suas considerações, geraram repercussão nas redes sociais. E diante delas, o artista compartilhou nesta  tarde em seu perfil no Instagram um longo áudio onde justifica sua decisão e como enxerga a sua longa jornada no Carnaval.

“No dia 4 de dezembro de 2024, tive uma conversa com o meu sobrinho Ronaldo, um dos jovens intérpretes que compõem o carro de som da Beija-Flor. Foi um desabafo grande, feito no WhatsApp, onde falo detalhadamente sobre a minha parada com a Beija-Flor, na função de intérprete oficial da escola. Eu devo muito à Beija-Flor, por tudo aquilo que ela me proporcionou na minha carreira e no meu eu profissional, amor que vem desde 1975, quando integrei a ala de compositores da escola. Foi a primeira e única escola que me acolheu e lá pude construir uma base sólida e grandes amigos. Nós somos uma família. Esse áudio desmente qualquer tipo de informações contrárias à minha amada Beija-Flor. O maior motivo pela minha parada vai por questões físicas. Hoje, eu tenho 75 anos de idade, não tenho o mesmo vigor de antes. A minha decisão não foi fácil, mas foi necessária”, legendou o vídeo (ouça):

+ relembre o que Neguinho disse ao DIA:

“Não posso me aposentar como intérprete. Tenho uma esposa e uma filha de 16 anos, e preciso continuar trabalhando para ter uma aposentadoria de classe média. É por isso que, a partir do ano que vem, vou correr atrás de remuneração em eventos ligados ao carnaval, como muitos dos meus amigos já fazem. Os intérpretes são os artistas mais exigidos do Carnaval, assim como os mestres de bateria, mas também os menos valorizados”, declarou.

“Lá pela década de 60, o samba era puxado por um coro. Inventaram o ‘puxador’ para economizar e, geralmente, era o ‘pretinho da comunidade’ com uma boa voz, mas sem reconhecimento”. Ele destacou a luta de intérpretes como Jamelão, da Mangueira, para que os puxadores fossem reconhecidos.

“Hoje, somos intérpretes, mas o reconhecimento ainda é escasso. Os camarotes faturam alto, com shows de grandes artistas que recebem cachês altíssimos. Enquanto isso, nós, anfitriões da festa, ficamos no zero a zero. Já cantei com ambulância e médico ao lado, durante sessões de quimioterapia. Fiquei tão debilitado que não consegui participar do desfile das campeãs. Fazemos sessões de canto, fonoaudiologia, vamos ao pneumologista e tomamos remédios para cuidar da voz. Nós nos cuidamos o ano inteiro para não correr o risco de chegar rouco no carnaval. E, exatamente por esses cuidados, nos dedicamos cem por cento à escola de samba, sem poder pegar compromissos remunerados fora. Já terminei desfile e voltei de metrô com minha mulher e minha filha. Todo mundo fatura no carnaval, menos os intérpretes. Não é justo que, após 50 anos de dedicação, ainda precise correr atrás de renda para garantir o futuro da minha família”, detalhou.

Neguinho contou que, em todos esses anos como intérprete, nunca pôde aproveitar o carnaval como espectador. Após o desfile, sua rotina é simples: voltar para casa, muitas vezes de metrô ou carona com sua sobrinha Carol Medeiros. “Só vejo os desfiles depois, pela televisão. Antes eu não assisto, fico muito nervoso. Uma vez, ao ouvir o samba ‘Papagaio Vintém’, fiquei arrepiado e pensei: ‘Meu Deus, e agora?’. Desde então, prefiro ir direto para a Sapucaí sem assistir antes.”

Apesar de tudo, Neguinho reafirma sua gratidão à Beija-Flor:

“Sou eternamente grato à escola. Foram 50 anos que me fizeram conhecido no mundo inteiro. Mas não posso me conformar em ver meus irmãozinhos intérpretes sendo desvalorizados. Minha luta é pelos meus irmãos que dão a vida pela escola e, muitas vezes, passam despercebidos. Um artista que não seja intérprete jamais faria o que nós fazemos”, disse.

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