Abraço à cidade maravilhosa

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O Rio de Janeiro permanece lindo! Durante dez anos foi a primeira vez que visitei a cidade em busca de entretenimento, ao invés de trabalhar para o Carnaval. Cheguei na data em que ocorria mais um clássico “Fla-Flu”, no Maracanã, com resultado de 2X1 para o rubro-negro. No mesmo dia, a quadra do Salgueiro, em […]

POR Redação SRzd 16/5/2017| 4 min de leitura

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Cristo Redentor. Foto: Reprodução/Facebook

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O Rio de Janeiro permanece lindo!

Durante dez anos foi a primeira vez que visitei a cidade em busca de entretenimento, ao invés de trabalhar para o Carnaval. Cheguei na data em que ocorria mais um clássico “Fla-Flu”, no Maracanã, com resultado de 2X1 para o rubro-negro. No mesmo dia, a quadra do Salgueiro, em Andaraí, velava o corpo do sambista e compositor Almir Guineto, um dos maiores representantes do samba de raiz, além de fundador do grupo Fundo de Quintal. O domingo era de aplausos, nos dois sentidos.

À noite, no teatro Carlos Gomes, era exibido o musical Cartola – o mundo é um moinho. Na plateia, a presença da dama do teatro, Fernanda Montenegro, que, ao final, entonou palavras de motivação ao elenco e ao público, em meio à crise que se estende pelo país: “Isso é um dos maiores exemplos de brasilidade”. Em meu assento, as lágrimas teimavam em cair. Fernanda é, sem dúvida, um diamante de nossa cultura.

Na segunda-feira, conferi o Samba do Trabalhador, no Clube Renascença (Andaraí), sob o comando do sambista Moacyr Luz. A casa é um dos endereços frequentados por bambas, com gente bonita e talentosa. Logo depois, perto da Cidade do Samba e da Gamboa, fui ao Samba da Pedra do Sal – em referência à importância para a cultura negra carioca e aos amantes do samba e do choro. A região também é considerada como o núcleo simbólico da Pequena África, no passado, repleta de casas coletivas, ocupadas por escravizados. Nomes marcantes, como Donga, João da Baiana, Pixinguinha e Heitor dos Prazeres frequentavam a Pedra do Sal. Pelo acesso dos degraus escavados na pedra, chega-se ao Morro da Conceição, local de importância histórica e arquitetônica.

Famosa por seus ladrilhos, Copacabana é uma das áreas, na Zona Sul, mais procuradas. E o número de imigrantes despertou minha atenção. De um lado, europeus e americanos curtiam a paisagem, e de outro, argentinos e haitianos dividiam o espaço para atrair a clientela. O comércio incluía alimentos e acessórios. A “Princesinha do Mar” é um grande ponto de encontro étnico.

Em coro, a população local clama por segurança. Vivenciei alguns momentos intrigantes. Ao solicitar um serviço de transporte particular, compartilhado, o motorista “cortou” caminho por áreas de risco, em que o próprio aplicativo sinalizava. Em outra corrida, assim que desci do carro, ouvi disparos. Dentro de uma estação de metrô, correria. A polícia fora chamada – era à tarde, cerca de 17 horas – para socorrer vítimas de assalto. Passei a usar o serviço individual, dos carros particulares. Ainda assim, quis experimentar uma viagem de VLT – veículo leve sobre trilhos.

O passeio tinha como destino a Praça Mauá, na zona portuária carioca. No interior do VLT, temperatura e acomodação agradáveis. E o veículo deslizava, pelos trilhos. Olhava tudo, feito criança. Era novidade. Ao desembarcar, uma paisagem linda do porto até chegar ao Museu do Amanhã, que atualmente está com a exposição “Inovanças – Criações à Brasileira”. Outro impacto. O prédio, inaugurado há menos de dois anos, tem cerca de 30 mil m2 e usa recursos naturais para os espelhos d’agua. Os jardins são lindos também. Tudo sob a assinatura do arquiteto espanhol Santiago Calatrava. Acredito, sem pretensão, que entendi o recado. A mensagem é clara quanto aos cuidados que devemos ter com nosso meio ambiente, em função dos perigos das mudanças climáticas. Caminhamos, velozmente, para uma degradação ambiental e isso, leva-nos à falência social.

E por falar em sociedade, assisti ao espetáculo na Cinelândia, centro da cidade carioca. O evento, organizado por artistas do Theatro Municipal, protestava contra o atraso de salários há mais de dos meses. No concerto teve a participação do coro, orquestra, balé e outros servidores. Da execução do Hino Nacional Brasileiro ao último ao, vi muitas pessoas emocionadas. Um paradoxo. Apresentação linda e triste.

À luz do dia, e à noite, olhava para o Corcovado. O Cristo Redentor, de braços abertos, sempre me lembrava da canção de Gilberto Gil, feita em 1969, no período de seu exílio, em Londres, na Inglaterra. “Aquele Abraço” sinalizava os anos de chumbo da ditadura. A melodia, também famosa na voz de Tim Maia, trouxe certo conforto para meu olhar. Da janela, suspirei. Veio a catarse. Os braços abertos do Cristo hão de mudar o cenário atual do Rio de Janeiro e de todo o povo brasileiro. Para mim, e para você, aquele abraço!

O Rio de Janeiro permanece lindo!

Durante dez anos foi a primeira vez que visitei a cidade em busca de entretenimento, ao invés de trabalhar para o Carnaval. Cheguei na data em que ocorria mais um clássico “Fla-Flu”, no Maracanã, com resultado de 2X1 para o rubro-negro. No mesmo dia, a quadra do Salgueiro, em Andaraí, velava o corpo do sambista e compositor Almir Guineto, um dos maiores representantes do samba de raiz, além de fundador do grupo Fundo de Quintal. O domingo era de aplausos, nos dois sentidos.

À noite, no teatro Carlos Gomes, era exibido o musical Cartola – o mundo é um moinho. Na plateia, a presença da dama do teatro, Fernanda Montenegro, que, ao final, entonou palavras de motivação ao elenco e ao público, em meio à crise que se estende pelo país: “Isso é um dos maiores exemplos de brasilidade”. Em meu assento, as lágrimas teimavam em cair. Fernanda é, sem dúvida, um diamante de nossa cultura.

Na segunda-feira, conferi o Samba do Trabalhador, no Clube Renascença (Andaraí), sob o comando do sambista Moacyr Luz. A casa é um dos endereços frequentados por bambas, com gente bonita e talentosa. Logo depois, perto da Cidade do Samba e da Gamboa, fui ao Samba da Pedra do Sal – em referência à importância para a cultura negra carioca e aos amantes do samba e do choro. A região também é considerada como o núcleo simbólico da Pequena África, no passado, repleta de casas coletivas, ocupadas por escravizados. Nomes marcantes, como Donga, João da Baiana, Pixinguinha e Heitor dos Prazeres frequentavam a Pedra do Sal. Pelo acesso dos degraus escavados na pedra, chega-se ao Morro da Conceição, local de importância histórica e arquitetônica.

Famosa por seus ladrilhos, Copacabana é uma das áreas, na Zona Sul, mais procuradas. E o número de imigrantes despertou minha atenção. De um lado, europeus e americanos curtiam a paisagem, e de outro, argentinos e haitianos dividiam o espaço para atrair a clientela. O comércio incluía alimentos e acessórios. A “Princesinha do Mar” é um grande ponto de encontro étnico.

Em coro, a população local clama por segurança. Vivenciei alguns momentos intrigantes. Ao solicitar um serviço de transporte particular, compartilhado, o motorista “cortou” caminho por áreas de risco, em que o próprio aplicativo sinalizava. Em outra corrida, assim que desci do carro, ouvi disparos. Dentro de uma estação de metrô, correria. A polícia fora chamada – era à tarde, cerca de 17 horas – para socorrer vítimas de assalto. Passei a usar o serviço individual, dos carros particulares. Ainda assim, quis experimentar uma viagem de VLT – veículo leve sobre trilhos.

O passeio tinha como destino a Praça Mauá, na zona portuária carioca. No interior do VLT, temperatura e acomodação agradáveis. E o veículo deslizava, pelos trilhos. Olhava tudo, feito criança. Era novidade. Ao desembarcar, uma paisagem linda do porto até chegar ao Museu do Amanhã, que atualmente está com a exposição “Inovanças – Criações à Brasileira”. Outro impacto. O prédio, inaugurado há menos de dois anos, tem cerca de 30 mil m2 e usa recursos naturais para os espelhos d’agua. Os jardins são lindos também. Tudo sob a assinatura do arquiteto espanhol Santiago Calatrava. Acredito, sem pretensão, que entendi o recado. A mensagem é clara quanto aos cuidados que devemos ter com nosso meio ambiente, em função dos perigos das mudanças climáticas. Caminhamos, velozmente, para uma degradação ambiental e isso, leva-nos à falência social.

E por falar em sociedade, assisti ao espetáculo na Cinelândia, centro da cidade carioca. O evento, organizado por artistas do Theatro Municipal, protestava contra o atraso de salários há mais de dos meses. No concerto teve a participação do coro, orquestra, balé e outros servidores. Da execução do Hino Nacional Brasileiro ao último ao, vi muitas pessoas emocionadas. Um paradoxo. Apresentação linda e triste.

À luz do dia, e à noite, olhava para o Corcovado. O Cristo Redentor, de braços abertos, sempre me lembrava da canção de Gilberto Gil, feita em 1969, no período de seu exílio, em Londres, na Inglaterra. “Aquele Abraço” sinalizava os anos de chumbo da ditadura. A melodia, também famosa na voz de Tim Maia, trouxe certo conforto para meu olhar. Da janela, suspirei. Veio a catarse. Os braços abertos do Cristo hão de mudar o cenário atual do Rio de Janeiro e de todo o povo brasileiro. Para mim, e para você, aquele abraço!

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