Barracão: Onde o sonho se transforma em realidade

  • Icon instagram_blue
  • Icon youtube_blue
  • Icon x_blue
  • Icon facebook_blue
  • Icon google_blue

Raul Diniz possui trabalhos como carnavalesco por diversas agremiações, entre elas estão: Mocidade Alegre, Tom Maior, Barroca Zona Sul, Camisa Verde e Branco, Gaviões da Fiel, Império de Casa Verde, Mancha Verde, Rosas de Ouro, Nenê de Vila Matilde, Vai-Vai, X-9 Paulistana e Unidos do Peruche. Atualmente, o artista mora na Espanha e trabalha com pintura, […]

POR Redação SRzd19/12/2019|6 min de leitura

Barracão: Onde o sonho se transforma em realidade

Barracão da Mancha Verde para o Carnaval 2019. Foto: Divulgação – Igor Carneiro

| Siga-nos Google News

Raul Diniz possui trabalhos como carnavalesco por diversas agremiações, entre elas estão: Mocidade Alegre, Tom Maior, Barroca Zona Sul, Camisa Verde e Branco, Gaviões da Fiel, Império de Casa Verde, Mancha Verde, Rosas de Ouro, Nenê de Vila Matilde, Vai-Vai, X-9 Paulistana e Unidos do Peruche.

Atualmente, o artista mora na Espanha e trabalha com pintura, participando de exposições e feiras de arte. Ele também produz o Carnaval da Ilha da Madeira, em Portugal.

Nesta quinta-feira (19) a série “Tbt SRzd” traz um dos textos do então colunista do SRzd, publicado em 2012, que aborda o trabalho nos barracões das escolas de samba.

Barracão: Onde o sonho se transforma em realidade

O que é um barracão de alegorias? É o palco iluminado onde artistas trabalham para dar vida ao delírio dos carnavalescos. Gigantescos e cobiçados, os barracões guardam os segredos que encantam, emocionam, surpreendem e ficam na memória dos espectadores do Carnaval.

É onde começa e termina o trabalho para abrilhantar uma festa que dura exatamente o tempo dos nossos sonhos da folia. No barracão, tudo acontece!

Tudo começa com a leitura do enredo, as idéias começam a surgir no interior do galpão. É lá que se materializam as alegorias de uma escola de samba, onde o sonho começa a se tornar uma realidade. É um palco de artistas anônimos, que transformam seus conhecimentos na confecção dos gigantescos carros alegóricos que desfilam na passarela. É uma grande equipe de ferreiros, escultores, pintores, carpinteiros, eletricistas, costureiras, aderecistas, decoradores, e dezenas de outros profissionais e aprendizes de artistas que trabalham para dar vida ao delírio deslumbrante do carnavalesco.

Durante meses, num esforço sem parar, esses artistas desconhecidos fazem de tudo para surpreender e fazer história na memória dos que assistem e amam o Carnaval. As vezes, não é possível realizar o que está no papel ou na cabeça do criador. Isto por dois motivos básicos: primeiro pela questão financeira, e o segundo e não menos importante, o da ideia impossível de executar.

Barracão da Mancha Verde 2019. Foto: Divulgação – Igor Carneiro

No processo criativo é muito comum ocorrer mudanças na alegoria, quer por motivos resultantes do próprio processo de criação, onde vários artistas somam idéias à inicial, ou por vezes conflitam com elas, quer por fatores externos que pouco ou nada têm haver com a ideia inicial. O show de criatividade que os artistas empregam na decoração dos carros, nos adereços e fantasias, provém de materiais inimagináveis que se transformam em alegorias deslumbrantes aos olhos dos espectadores. Estes, são os operários da alegria, trabalhando no anonimato, eles transformam muitas vezes lixo no luxo que os carros alegóricos apresentam na passarela.

Mas nem tudo é tranquilo, existem coisas difíceis de administrar, principalmente quando há diferenças de pensamentos que mexem com a vaidade dos artistas. Surgem conflitos e competições nem sempre saudáveis entre os criadores. Quando as divergências surgem no sentido de acrescentar, o trabalho ganha em qualidade, porém, quando as divergências carregam o tom da valorização do ego pessoal, a intermediação do carnavalesco é fundamental para equilibrá-las, senão o trabalho perde em qualidade, em produtividade e em eficácia.

Há também situações alheias ao entorno do barracão, quando algum integrante de escola, acredita que pode, sem ter conhecimento, criticar e muitas vezes dificultar o trabalho dos profissionais. Os envolvidos no projeto precisam estar seguros do que pretendem apresentar aos dirigentes, só assim serão capazes de satisfazer suas expectativas, porque na maioria das vezes, essas pessoas que tem muito poder dentro da agremiação, entendem pouco, ou nada, do que esta sendo executado. Todo o conjunto envolve uma gama infinita de profissionais das mais diversas áreas, além de uma diversidade de materiais, e só quem é do ramo sabe o que se pretende para fazer com que o cenário fique mais interessante, atraente e cativante.

Um carro alegórico tem que começar por uma sólida estrutura de ferro, depois forrado com madeira para poder em seguida receber os materiais de acabamento, forração com tecidos, adereços e as esculturas. Além da montagem, há que pensar e ter muito cuidado com a saída do barracão, pois, na maioria das vezes a altura final das alegorias não é a mesma durante o transporte ao local de concentração. É muito importante observar o trajeto, checar as alturas e larguras para não ter problemas. Os acidentes costumam ser comuns no transporte, ocasionados na sua maioria por falta de planejamento. É preciso avaliar o trajeto por onde circulam esses carros, desde seus barracões até a área da concentração.

Alegorias da Mancha Verde 2019 na concentração do Anhembi. Foto: Divulgação – Igor Carneiro

É na concentração que vem o trabalho mais delicado. Esculturas e adereços que não puderam vir montados, pela própria fragilidade, ou pelo tamanho, tem que ser agora incorporados à alegoria, fazendo desta um cenário ainda maior. Todo cuidado é pouco, há sempre riscos eminentes, quer por quebra de alguma obra, ou por utilização de alguns materiais como a solda, pois o perigo de incêndio está sempre presente. A preocupação com a segurança das pessoas que desfilarão nos locais determinados na alegoria, que pulam e dançam a mais de cinco metros de altura ou em alguns casos com fantasias gigantes a mais de 10 metros, é tema de constante inquietude por parte do carnavalesco, que busca sempre associar segurança e bem estar com beleza e glamour. Só assim haverá a certeza de um desfile perfeito.

Esse quesito é responsável por muita perda de pontos. Durante o desfile não pode haver nada que não esteja dentro do projeto, materiais ou objetos estranhos serão penalizados pelos jurados. Imagens religiosas também não são permitidas, dessa forma os carnavalescos precisam ter muito cuidado e evitar o seu uso.

O barracão é o espaço onde se fabrica loucuras geniais. É um grande caldeirão onde uma mistura de profissionais e amadores utilizam todo tipo de material em uma alquimia carnavalesca.

Barracão: Onde coisas inimagináveis se transformam no brilho luxuoso das alegorias e fantasias do Carnaval… É onde o sonho vira realidade!

Raul Diniz possui trabalhos como carnavalesco por diversas agremiações, entre elas estão: Mocidade Alegre, Tom Maior, Barroca Zona Sul, Camisa Verde e Branco, Gaviões da Fiel, Império de Casa Verde, Mancha Verde, Rosas de Ouro, Nenê de Vila Matilde, Vai-Vai, X-9 Paulistana e Unidos do Peruche.

Atualmente, o artista mora na Espanha e trabalha com pintura, participando de exposições e feiras de arte. Ele também produz o Carnaval da Ilha da Madeira, em Portugal.

Nesta quinta-feira (19) a série “Tbt SRzd” traz um dos textos do então colunista do SRzd, publicado em 2012, que aborda o trabalho nos barracões das escolas de samba.

Barracão: Onde o sonho se transforma em realidade

O que é um barracão de alegorias? É o palco iluminado onde artistas trabalham para dar vida ao delírio dos carnavalescos. Gigantescos e cobiçados, os barracões guardam os segredos que encantam, emocionam, surpreendem e ficam na memória dos espectadores do Carnaval.

É onde começa e termina o trabalho para abrilhantar uma festa que dura exatamente o tempo dos nossos sonhos da folia. No barracão, tudo acontece!

Tudo começa com a leitura do enredo, as idéias começam a surgir no interior do galpão. É lá que se materializam as alegorias de uma escola de samba, onde o sonho começa a se tornar uma realidade. É um palco de artistas anônimos, que transformam seus conhecimentos na confecção dos gigantescos carros alegóricos que desfilam na passarela. É uma grande equipe de ferreiros, escultores, pintores, carpinteiros, eletricistas, costureiras, aderecistas, decoradores, e dezenas de outros profissionais e aprendizes de artistas que trabalham para dar vida ao delírio deslumbrante do carnavalesco.

Durante meses, num esforço sem parar, esses artistas desconhecidos fazem de tudo para surpreender e fazer história na memória dos que assistem e amam o Carnaval. As vezes, não é possível realizar o que está no papel ou na cabeça do criador. Isto por dois motivos básicos: primeiro pela questão financeira, e o segundo e não menos importante, o da ideia impossível de executar.

Barracão da Mancha Verde 2019. Foto: Divulgação – Igor Carneiro

No processo criativo é muito comum ocorrer mudanças na alegoria, quer por motivos resultantes do próprio processo de criação, onde vários artistas somam idéias à inicial, ou por vezes conflitam com elas, quer por fatores externos que pouco ou nada têm haver com a ideia inicial. O show de criatividade que os artistas empregam na decoração dos carros, nos adereços e fantasias, provém de materiais inimagináveis que se transformam em alegorias deslumbrantes aos olhos dos espectadores. Estes, são os operários da alegria, trabalhando no anonimato, eles transformam muitas vezes lixo no luxo que os carros alegóricos apresentam na passarela.

Mas nem tudo é tranquilo, existem coisas difíceis de administrar, principalmente quando há diferenças de pensamentos que mexem com a vaidade dos artistas. Surgem conflitos e competições nem sempre saudáveis entre os criadores. Quando as divergências surgem no sentido de acrescentar, o trabalho ganha em qualidade, porém, quando as divergências carregam o tom da valorização do ego pessoal, a intermediação do carnavalesco é fundamental para equilibrá-las, senão o trabalho perde em qualidade, em produtividade e em eficácia.

Há também situações alheias ao entorno do barracão, quando algum integrante de escola, acredita que pode, sem ter conhecimento, criticar e muitas vezes dificultar o trabalho dos profissionais. Os envolvidos no projeto precisam estar seguros do que pretendem apresentar aos dirigentes, só assim serão capazes de satisfazer suas expectativas, porque na maioria das vezes, essas pessoas que tem muito poder dentro da agremiação, entendem pouco, ou nada, do que esta sendo executado. Todo o conjunto envolve uma gama infinita de profissionais das mais diversas áreas, além de uma diversidade de materiais, e só quem é do ramo sabe o que se pretende para fazer com que o cenário fique mais interessante, atraente e cativante.

Um carro alegórico tem que começar por uma sólida estrutura de ferro, depois forrado com madeira para poder em seguida receber os materiais de acabamento, forração com tecidos, adereços e as esculturas. Além da montagem, há que pensar e ter muito cuidado com a saída do barracão, pois, na maioria das vezes a altura final das alegorias não é a mesma durante o transporte ao local de concentração. É muito importante observar o trajeto, checar as alturas e larguras para não ter problemas. Os acidentes costumam ser comuns no transporte, ocasionados na sua maioria por falta de planejamento. É preciso avaliar o trajeto por onde circulam esses carros, desde seus barracões até a área da concentração.

Alegorias da Mancha Verde 2019 na concentração do Anhembi. Foto: Divulgação – Igor Carneiro

É na concentração que vem o trabalho mais delicado. Esculturas e adereços que não puderam vir montados, pela própria fragilidade, ou pelo tamanho, tem que ser agora incorporados à alegoria, fazendo desta um cenário ainda maior. Todo cuidado é pouco, há sempre riscos eminentes, quer por quebra de alguma obra, ou por utilização de alguns materiais como a solda, pois o perigo de incêndio está sempre presente. A preocupação com a segurança das pessoas que desfilarão nos locais determinados na alegoria, que pulam e dançam a mais de cinco metros de altura ou em alguns casos com fantasias gigantes a mais de 10 metros, é tema de constante inquietude por parte do carnavalesco, que busca sempre associar segurança e bem estar com beleza e glamour. Só assim haverá a certeza de um desfile perfeito.

Esse quesito é responsável por muita perda de pontos. Durante o desfile não pode haver nada que não esteja dentro do projeto, materiais ou objetos estranhos serão penalizados pelos jurados. Imagens religiosas também não são permitidas, dessa forma os carnavalescos precisam ter muito cuidado e evitar o seu uso.

O barracão é o espaço onde se fabrica loucuras geniais. É um grande caldeirão onde uma mistura de profissionais e amadores utilizam todo tipo de material em uma alquimia carnavalesca.

Barracão: Onde coisas inimagináveis se transformam no brilho luxuoso das alegorias e fantasias do Carnaval… É onde o sonho vira realidade!

Notícias Relacionadas

Ver tudo