‘Estou pronto, presidente’: Thiago Bispo relembra desfile emocionante com Adriana Gomes na Mancha Verde
Desafiador. Este foi o termo que simboliza a atuação de Thiago Bispo, mestre-sala que bailou, ao lado da porta-bandeira Adriana Gomes, com o pavilhão principal da Mancha Verde no Carnaval 2024. Segundo mestre-sala da escola oriunda da maior torcida organizada do Palmeiras, ele teve que substituir Marcelo Silva, diagnosticado com dengue, dias antes do desfile […]
POR Redação SRzd21/06/2024|7 min de leitura
Desafiador. Este foi o termo que simboliza a atuação de Thiago Bispo, mestre-sala que bailou, ao lado da porta-bandeira Adriana Gomes, com o pavilhão principal da Mancha Verde no Carnaval 2024.
Segundo mestre-sala da escola oriunda da maior torcida organizada do Palmeiras, ele teve que substituir Marcelo Silva, diagnosticado com dengue, dias antes do desfile oficial.
Em entrevista especial ao SRzd, o sambista contou detalhes dos momentos que antecederam o desafio de entrar no lugar do amigo, formar dupla com um dos nomes mais expressivos da dança da folia paulistana, e, ainda por cima, buscar a nota máxima na Avenida pelo pavilhão que defende desde 2015.
O “Estou pronto, presidente”, em resposta dada para Paulo Serdan, comandante da verde e branca, foi o ponto de partida para uma experiência inesquecível, tanto para Thiago e Adriana, como também para toda a comunidade da Mancha. Adrenalina, emoção e um final bastante feliz com a meta conquistada. Leia a entrevista na íntegra, a seguir:
SRzd – Quando você recebeu a notícia de que seria o parceiro da Adriana no desfile oficial? Thiago Bispo: Na quarta-feira de Carnaval, por volta das 12h, estava trabalhando quando recebi uma ligação do Serdan informando que o Marcelo, o primeiro mestre-sala, estava com dengue. Em uma reunião com a diretoria, foi decidido que eu seria o primeiro mestre-sala ao lado da Adriana no desfile de 2024. ‘Estou pronto, presidente’, respondi, mesmo que apreensivo e preocupado. Solicitei uma licença de dois dias do escritório aos meus sócios para realizar um intensivo de ensaios com a Adriana na Fábrica do Samba e, às 17h do mesmo dia, iniciamos os trabalhos. Embora a função do segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira seja substituir o primeiro em circunstâncias extraordinárias, jamais imaginei que isso aconteceria em nossa escola, especialmente a 48h do Carnaval e em uma situação como essa, uma questão de saúde. Também não imaginei vivenciar isso sem a Miriam, minha parceira de 10 anos. Deixá-la me angustiou muito. Naquele segundo momento, eu tinha duas preocupações: realizar um bom trabalho para apresentar no desfile com a Adriana e ajudar a Miriam a encontrar um bom mestre-sala para acompanhá-la – e que tivesse um porte físico semelhante ao meu para entrar na minha fantasia. Em reunião com a diretoria, nosso apresentador, André, e a Miriam, o primeiro nome que me veio à mente foi o do Alan, segundo mestre-sala do Peruche, membro da comissão de frente da São Lucas e grande amigo, que, ao ser contatado, não acreditou no meu convite, achou que se tratava de uma brincadeira, mas assim que percebeu a seriedade da conversa, topou fazer parte do desafio – um dos maiores da minha vida. E o Alan estava entrando em férias do trabalho, então também pôde se dedicar integralmente aos testes de fantasia e ensaios. Muito obrigado, deuses do Carnaval! Assumir um primeiro pavilhão sempre foi meu sonho, mas jamais nessas circunstâncias. De todo modo, só tenho a agradecer pela confiança que a agremiação, a diretoria, o presidente, a Adriana e o Marcelo depositaram em mim. Acho válido registrar, inclusive, o tratamento humanizado que recebi do Serdan, mesmo naquela situação adversa e de grande pressão. Orgulho em fazer parte da família Mancha Verde!
SRzd – Como foi a preparação num espaço tão curto de tempo? Thiago Bispo: No mesmo dia em que recebi a notícia, Adriana e eu mergulhamos na Fábrica e montamos a coreografia para o jurado: pegamos um pouco da minha coreografia com a Mi, da dela com o Marcelo e do que achamos importante inserir durante a execução. Em 2h30, tínhamos definida a sequência de passos, e fomos até 2h da manhã refinando sob os olhares e apoio da Miriam, do André, do diretor do quadro de casais, Brandão, e da preparadora de casais, Dani Renzo. Também testei a fantasia do Marcelo, que embora tenha ficado um pouco justa, me serviu bem, demandando poucas adaptações. Mesmo com o susto da tarde, o clima era leve e otimista: Adriana, com seu bom astral, animando e incentivando a preparação. Uma das falas mais marcantes desse Carnaval – e que com certeza levarei para todos os próximos e para a vida – foi dita por ela: “Entre naquela pista e faça com felicidade, pois se você não estiver feliz fazendo o que está fazendo, o Carnaval não faz sentido”. Na quinta pela manhã, ainda na Fábrica, realizei alguns ensaios individuais, refinando os movimentos que utilizaria na coreografia para o jurado. Em seguida, solicitei aprovação na academia onde treino para realizar ensaios específicos para melhoria de movimentação corporal com a Renzo. Já no final da tarde, retornamos para a Fábrica para novo teste de fantasia e continuidade dos ensaios com a Adriana, que durou até o início da madrugada. Na sexta-feira, a preparação física/técnica foi menos intensa. Aproveitei o período para estar próximo e conversar com pessoas queridas, como meus apoios de casal, Marisa (mãe) e Tay (namorada), Miriam e André, e amigos de longa data que tenho grande carinho, como o Samuka e a Paulinha (casal convidado do Rosas) e Diego e Jussara (primeiro casal do Tatuapé). O apoio dessas pessoas foi tão fundamental quanto os ensaios específicos realizados para que eu tivesse uma boa performance na avenida. Só tenho a agradecer pela paciência e atenção recebidas.
SRzd – Qual foi o seu maior receio antes do desfile? Thiago Bispo: Sendo bem sincero, não senti receio, por exemplo, em relação à performance em pista. Creio que meu histórico de participação em competições de futebol, luta e outras atividades que envolvem certa pressão psicológica me prepararam nesse sentido. Meu principal receio dizia respeito à questão técnica da apresentação: sincronismo numa coreografia nova e pouco ensaiada, bem como a alteração no regulamento de julgamento no quesito casal, que demandava uma mudança na forma de entrar no julgamento e desenvolver a apresentação.
SRzd – Qual sua maior lembrança do desfile? Thiago Bispo: Minha maior lembrança foi o instante em que estava me posicionando para entrar na pista e, ao olhar para trás, vi a emoção nos olhos das pessoas que costumam estar ao meu lado nesse momento: a Miriam, André e os nossos apoios. Acho que posso citar também o momento em que cheguei na quadra, pós apuração, e fui recepcionado pela comunidade com muito carinho e fraternidade. Aliás, quanto carinho recebi da comunidade, de amigos, conhecidos, pessoas que não conheço pessoalmente, mas tenho grande admiração… Foram tantas mensagens, tanta energia positiva… Me senti muito feliz!
SRzd- Como você descreve e avalia essa experiência e o que ela agregou para a sua carreira no Carnaval? Thiago Bispo: Ainda que não tenha sido nas melhores condições, como descrito acima, creio que foi uma experiência positiva para mim, tendo em vista que pude demonstrar minha capacidade técnica, resiliência e garra para defender um primeiro pavilhão. Posso dizer que foi importante também, a nível pessoal, para minha carreira no Carnaval, para uma maior visibilidade da minha dança, né?! Não frequento muitas quadras, mas sou absolutamente apaixonado por Carnaval, acompanho e conheço tudo relacionado a essa festividade, e fico feliz por saber que o Carnaval pôde me conhecer um pouquinho também!
Desafiador. Este foi o termo que simboliza a atuação de Thiago Bispo, mestre-sala que bailou, ao lado da porta-bandeira Adriana Gomes, com o pavilhão principal da Mancha Verde no Carnaval 2024.
Segundo mestre-sala da escola oriunda da maior torcida organizada do Palmeiras, ele teve que substituir Marcelo Silva, diagnosticado com dengue, dias antes do desfile oficial.
Em entrevista especial ao SRzd, o sambista contou detalhes dos momentos que antecederam o desafio de entrar no lugar do amigo, formar dupla com um dos nomes mais expressivos da dança da folia paulistana, e, ainda por cima, buscar a nota máxima na Avenida pelo pavilhão que defende desde 2015.
O “Estou pronto, presidente”, em resposta dada para Paulo Serdan, comandante da verde e branca, foi o ponto de partida para uma experiência inesquecível, tanto para Thiago e Adriana, como também para toda a comunidade da Mancha. Adrenalina, emoção e um final bastante feliz com a meta conquistada. Leia a entrevista na íntegra, a seguir:
SRzd – Quando você recebeu a notícia de que seria o parceiro da Adriana no desfile oficial? Thiago Bispo: Na quarta-feira de Carnaval, por volta das 12h, estava trabalhando quando recebi uma ligação do Serdan informando que o Marcelo, o primeiro mestre-sala, estava com dengue. Em uma reunião com a diretoria, foi decidido que eu seria o primeiro mestre-sala ao lado da Adriana no desfile de 2024. ‘Estou pronto, presidente’, respondi, mesmo que apreensivo e preocupado. Solicitei uma licença de dois dias do escritório aos meus sócios para realizar um intensivo de ensaios com a Adriana na Fábrica do Samba e, às 17h do mesmo dia, iniciamos os trabalhos. Embora a função do segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira seja substituir o primeiro em circunstâncias extraordinárias, jamais imaginei que isso aconteceria em nossa escola, especialmente a 48h do Carnaval e em uma situação como essa, uma questão de saúde. Também não imaginei vivenciar isso sem a Miriam, minha parceira de 10 anos. Deixá-la me angustiou muito. Naquele segundo momento, eu tinha duas preocupações: realizar um bom trabalho para apresentar no desfile com a Adriana e ajudar a Miriam a encontrar um bom mestre-sala para acompanhá-la – e que tivesse um porte físico semelhante ao meu para entrar na minha fantasia. Em reunião com a diretoria, nosso apresentador, André, e a Miriam, o primeiro nome que me veio à mente foi o do Alan, segundo mestre-sala do Peruche, membro da comissão de frente da São Lucas e grande amigo, que, ao ser contatado, não acreditou no meu convite, achou que se tratava de uma brincadeira, mas assim que percebeu a seriedade da conversa, topou fazer parte do desafio – um dos maiores da minha vida. E o Alan estava entrando em férias do trabalho, então também pôde se dedicar integralmente aos testes de fantasia e ensaios. Muito obrigado, deuses do Carnaval! Assumir um primeiro pavilhão sempre foi meu sonho, mas jamais nessas circunstâncias. De todo modo, só tenho a agradecer pela confiança que a agremiação, a diretoria, o presidente, a Adriana e o Marcelo depositaram em mim. Acho válido registrar, inclusive, o tratamento humanizado que recebi do Serdan, mesmo naquela situação adversa e de grande pressão. Orgulho em fazer parte da família Mancha Verde!
SRzd – Como foi a preparação num espaço tão curto de tempo? Thiago Bispo: No mesmo dia em que recebi a notícia, Adriana e eu mergulhamos na Fábrica e montamos a coreografia para o jurado: pegamos um pouco da minha coreografia com a Mi, da dela com o Marcelo e do que achamos importante inserir durante a execução. Em 2h30, tínhamos definida a sequência de passos, e fomos até 2h da manhã refinando sob os olhares e apoio da Miriam, do André, do diretor do quadro de casais, Brandão, e da preparadora de casais, Dani Renzo. Também testei a fantasia do Marcelo, que embora tenha ficado um pouco justa, me serviu bem, demandando poucas adaptações. Mesmo com o susto da tarde, o clima era leve e otimista: Adriana, com seu bom astral, animando e incentivando a preparação. Uma das falas mais marcantes desse Carnaval – e que com certeza levarei para todos os próximos e para a vida – foi dita por ela: “Entre naquela pista e faça com felicidade, pois se você não estiver feliz fazendo o que está fazendo, o Carnaval não faz sentido”. Na quinta pela manhã, ainda na Fábrica, realizei alguns ensaios individuais, refinando os movimentos que utilizaria na coreografia para o jurado. Em seguida, solicitei aprovação na academia onde treino para realizar ensaios específicos para melhoria de movimentação corporal com a Renzo. Já no final da tarde, retornamos para a Fábrica para novo teste de fantasia e continuidade dos ensaios com a Adriana, que durou até o início da madrugada. Na sexta-feira, a preparação física/técnica foi menos intensa. Aproveitei o período para estar próximo e conversar com pessoas queridas, como meus apoios de casal, Marisa (mãe) e Tay (namorada), Miriam e André, e amigos de longa data que tenho grande carinho, como o Samuka e a Paulinha (casal convidado do Rosas) e Diego e Jussara (primeiro casal do Tatuapé). O apoio dessas pessoas foi tão fundamental quanto os ensaios específicos realizados para que eu tivesse uma boa performance na avenida. Só tenho a agradecer pela paciência e atenção recebidas.
SRzd – Qual foi o seu maior receio antes do desfile? Thiago Bispo: Sendo bem sincero, não senti receio, por exemplo, em relação à performance em pista. Creio que meu histórico de participação em competições de futebol, luta e outras atividades que envolvem certa pressão psicológica me prepararam nesse sentido. Meu principal receio dizia respeito à questão técnica da apresentação: sincronismo numa coreografia nova e pouco ensaiada, bem como a alteração no regulamento de julgamento no quesito casal, que demandava uma mudança na forma de entrar no julgamento e desenvolver a apresentação.
SRzd – Qual sua maior lembrança do desfile? Thiago Bispo: Minha maior lembrança foi o instante em que estava me posicionando para entrar na pista e, ao olhar para trás, vi a emoção nos olhos das pessoas que costumam estar ao meu lado nesse momento: a Miriam, André e os nossos apoios. Acho que posso citar também o momento em que cheguei na quadra, pós apuração, e fui recepcionado pela comunidade com muito carinho e fraternidade. Aliás, quanto carinho recebi da comunidade, de amigos, conhecidos, pessoas que não conheço pessoalmente, mas tenho grande admiração… Foram tantas mensagens, tanta energia positiva… Me senti muito feliz!
SRzd- Como você descreve e avalia essa experiência e o que ela agregou para a sua carreira no Carnaval? Thiago Bispo: Ainda que não tenha sido nas melhores condições, como descrito acima, creio que foi uma experiência positiva para mim, tendo em vista que pude demonstrar minha capacidade técnica, resiliência e garra para defender um primeiro pavilhão. Posso dizer que foi importante também, a nível pessoal, para minha carreira no Carnaval, para uma maior visibilidade da minha dança, né?! Não frequento muitas quadras, mas sou absolutamente apaixonado por Carnaval, acompanho e conheço tudo relacionado a essa festividade, e fico feliz por saber que o Carnaval pôde me conhecer um pouquinho também!