“Flor de Liz conta, canta e encanta os amores de Xangô” é o título do enredo que a Flor de Liz disputará o Grupo de Acesso de Bairros 1 da União das Escolas de Samba Paulistanas (Uesp) em 2021. O projeto será desenvolvido por uma comissão de Carnaval, cujo os nomes serão divulgados em breve.
Leia a sinopse do enredo:
||| APRESENTAÇÃO:
Vem para o xirê! Ojuobá ao trovão anunciou. O chão vai se abrir, as pedras vão rolar e do Orun, os éboras vem para encantar. A Flor de Liz iluminada, bate-cabeça engalanada para saudar os orixás.
O Adjá anuncia: é hora da encantaria! Laroiê Emojubá! Seu Pedra Negra chega para a vitória anunciar! O encanto é a magia. E, a magia é o amor. Uma condição capaz de derreter ferro, formar raios e desaguar rios terra à dentro para alcançar o coração do mundo.
E, foi exatamente o que aconteceu. Uma fusão de paixões em vários corações que na alma do mundo foi morar.
O que é o amor se não multiplicar?
Pelas cercanias de Oraniã, o amor se viu brotar. Xangô, nobre Alafin, de Oyó se encantou com o amor. Desposou quantas mulheres quis frente ao seu charme e beleza. Vaidoso saltava aos olhos das mulheres. Porém, o seu coração foi fisgado e amarrado. Dentre os seus desejos, casou com as três mulheres marcantes do Orun das quais junto dele se transformaram em orixás.
Roda a gira, gira a roda! Corta a mão no couro batuqueiro, pisa forte no terreiro, que a história vai começar.
||| SINOPSE:
A seca e a morte rondava a tribo de Obá. A solitária e respeitada guerreira se viu repleta de compaixão e de joelhos clamou ao Orun pelo milagre da chuva para a colheita e fartura de sua tribo.
Uma mulher madura, mas não menos bonita ouviu o trovão e logo mais as gotas de chuvas acariciaram o seu belo rosto como homem algum foi capaz de tocá-la. Diante de si, o forte negro de coroa e tranças se materializou tocando o seu rosto.
O olhar de Obá cintilou para Xangô que se apaixonou pela força e dignidade estampada em seu rosto. O romance perdurou alguns dias até que Xangô a desposou e a levou para seu enorme castelo.
Mas, Xangô, um guerreiro inquieto, de posse de seu oxé seguia pelas trilhas do destino em busca de fortalecer o seu reinado. Porém um dia, conheceu o reino abastado de Orunmilá. Ao ver sua linda filha, a jovem Oxum, apaixonou-se perdidamente, contudo, sabia do frisson que sua riqueza causava. Vestido como mendigo colocou-se a pedir coisas à porta do castelo e Oxum, que já não tinha mais crença no amor, se compadeceu da sorte daquele “pobre-homem”. O ajudou e passou um tempo em sua amizade, mas, Xangô precisou sumir e retomar seu caminho pelas guerras por suas terras.
Um dia, Orunmilá, desgostoso com a chorosa Oxum, fez um baile a fim de que a filha escolhesse por definitivo um noivo e, se não o fizesse, ela deveria casar com quem ele escolhesse. Foi quando apareceu Xangô. Encantada com retorno do mendigo durante a festa, ela o escolheu para a surpresa de todos e desgosto de Olumirá.
Foi quando um grande raio caiu sobre o mendigo o transformando no imponente Xangô que, publicamente queria ser reconhecido por si próprio e não pela sua riqueza e seus reinos. Assim, levou Oxum, sua paixão maior para morar no castelo.
O tempo passou e, durante as viagens de Xangô, o mesmo conheceu uma mulher de gênio forte, misteriosa e feiticeira. Ela era casada com Ogum. Num dos dias, flertando com Iansã a mesma decidiu fugir dele e se esconder. Mas, quando o mesmo a encontrou, ela não resistiu ao encanto e se entregou ao viril Xangô, indo com ele morar.
Porém, bravia como um búfalo e rápida como o vento, a mesma fugiu de seu temperamento colérico. Mesmo assim foi encontrada e voltou para os seus braços onde viveu tomando conta dos Eguns, a quem Xangô procurava manipular, justamente por temer os mortos e a morte.
||| ASSIM VIRARAM ORIXÁS:
Num dia, as três mulheres de temperamento forte dominaram Xangô. Obá, se sentindo esquecida por Oxum pede uma simpatia para o amor, e Oxum manda-lhe servir a própria orelha para que o marido lhe devote mais amor. Assim o fez. Notando que Xangô enfurecera-se, Obá e Oxum iniciaram uma batalha sem fim.
Irado, Xangô bradou como um trovão fazendo com que as duas se transformassem em rios e escorressem terra adentro. Restando-lhe apenas Iansã, Xangô quis aprender a dominar os raios e subindo as montanhas desenvolveu com a sua mulher uma forma de emanar raios para combater os inimigos. Quando voltara ao reino, tudo estava dizimado. Todos mortos.
Xangô, não compreendendo e não aceitando a morte, num gesto maior de furor pisou a terra com força a fazendo abrir e assim, com os rios Obá e Oxum, adentrou o coração do mundo, fazendo Iansã terminar nas águas das demais esposas. Ali, nasceram tais orixás.
||| OJUOBÁ, NOSSO PROTETOR:
Culpar-se pela morte de inocentes e tentar buscar o equilíbrio nas ações é que transformaram Xangô no senhor da justiça. Assim, desde sempre, a humanidade e os seguidores desse orixá são pessoas dignas, diretas e que estão sempre em busca dessa razão. Sendo o orixá que acolhe a Flor de Liz, clamamos também por Justiça e igualdade social.