Mocidade Unida da Mooca: carnavalesco expõe detalhes do enredo sobre Helena Theodoro

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Em busca da inédita vaga no Grupo Especial, a Mocidade Unida da Mooca apresentará no Sambódromo do Anhembi o enredo “Oyá Helena”, que irá enaltecer e evidenciar a história de uma das principais intelectuais do Brasil: Helena Theodoro, pioneira e visionária sobre a cultura do povo preto. A “MUM” será a oitava escola a desfilar no domingo, […]

POR Redação SRzd02/02/2024|7 min de leitura

Mocidade Unida da Mooca: carnavalesco expõe detalhes do enredo sobre Helena Theodoro

Barracão da Mocidade Unida da Mooca. Foto: Divulgação

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Em busca da inédita vaga no Grupo Especial, a Mocidade Unida da Mooca apresentará no Sambódromo do Anhembi o enredo “Oyá Helena”, que irá enaltecer e evidenciar a história de uma das principais intelectuais do Brasil: Helena Theodoro, pioneira e visionária sobre a cultura do povo preto.

A “MUM” será a oitava escola a desfilar no domingo, dia 11 de fevereiro, pelo Grupo de Acesso 1 do Carnaval de 2024 em São Paulo.

Ao SRzd, o carnavalesco Caio Araújo, explicou que a proposta do enredo é celebrar a vida e o legado da Helena Teodoro, e para isso a escola usou o livro mais popular dela, que é o “Iansã: rainha dos ventos e tempestades”.

“Vamos usar a relação de Helena com a Iansã, que é a mãe da cabeça dela. A ideia é pegar momentos e características de Iansã e filhos de Iansã e usar eles como paralelos para falar da carreira da Helena”, revelou.

Caio Araújo. Foto: Divulgação
Caio Araújo. Foto: Divulgação

A trajetória de Helena Theodoro

O artista falou que os desfiles do Acadêmicos do Salgueiro dos anos 60 foram usados como inspiração do no cortejo para este ano. Através de três carros alegóricos, quinze alas e alguns tripés, Caio espera que o desfile possa proporcionar surpresas visuais em todo tempo, para que a apresentação sempre seja dinâmica.

“A gente tem o primeiro momento da tempestade, a Iansã dos ventos e dos relâmpagos, que é Helena que dá a cara dela pra bater e muda os rumos ali academicismos brasileiros, as universidades brasileiras inserem o conhecimento preto, produzido por pessoas pretas, dentro desses lugares que antes eram completamente embranquecidos. Então o primeiro setor trás o nascimento de Helena como a tempestade da mudança. No segundo, a gente vai falar da Iansã das paixões, que não é atoa que uma filha de Iansã se apaixona pela escola que é regida por Xangô, então a gente explora toda relação dela com o Salgueiro e também constrói o repertório dela intelectualmente, porque as escolas de samba já estavam construindo conhecimento preto desde que elas são fundadas e a Helena percebe isso. No terceiro setor, vamos pegar aqui a Iansã que olha para Ossain com todas as folhas, não acha correto e ela gira a saia dela e faz a ventania para espalhar suas folhas para todos os outros orixás”, detalhou.

O sambista destaca que o conhecimento que Helena adquiriu durante sua vida não ficou apenas com ela, mas foi compartilhado com outras pessoas: “Ela populariza, distribui, ela chega em outras pessoas e se torna inspiração para outras mulheres pretas acadêmicas. Essa Helena que adquiriu todo o conhecimento que ela teve ao longo da vida, ela decide distribuir, vai ser professora, escreve livros, foi fazer programas de rádio para espalhar toda a potência preta que ela adquiriu ao longo da vida”.

Barracão da Mocidade Unida da Mooca. Foto: Divulgação
Barracão da Mocidade Unida da Mooca. Foto: Divulgação

Os principais pontos do desfile da Mocidade Unida da Mooca

De acordo com o carnavalesco, a abertura do desfile e o último carro serão destaques. “Fomos buscar nos escritos da Helena, principalmente no livre de Iansã, as inspirações visuais para toda abertura da escola. A gente olha para o império do Benim, que cresceu ao lado do Rio Níger – mas antigamente o nome dele em yorubá era Oya e é o rio que dá nome ao Orixá – e nesses impérios que cresceram ao longo desse rio foram aparecendo ali as primeiras esculturas, os primeiros objetos de culto Iansã. E isso inspirou toda a abertura da escola. Aposto também na nossa última alegoria, acho que este carro vai causar um efeito bem legal na Avenida”, atestou

A relação da MUM com o Salgueiro

Questionado se o Salgueiro – escola do coração de Helena – ajudou de alguma forma na construção do enredo, ou até na ajuda de materiais para o desfile da Mocidade, o carnavalesco contou que esta relação não aconteceu.

“Com o Salgueiro a gente não teve assim uma grande relação. Tivemos uma relação muito mais próxima com o Caxambu do Salgueiro, que é uma entidade que popularizou o Jongo desde muito tempo no Morro do Salgueiro e são bem parceiros da Helena, então em termos de material de pesquisa a gente recorreu muito a eles”, contou.

Dona Helena Theodoro no barracão da MUM. Foto: Bruno Pompeu
Dona Helena Theodoro no barracão da MUM. Foto: Bruno Pompeu

O convívio com Helena Theodoro

Em algumas oportunidades, a última no domingo, 28 de janeiro, durante ensaio técnico realizado no Sambódromo do Anhembi, a homenageada teve contato físico com a direção e parte da comunidade da Mooca.

Perguntado se a escritora fez alguma solicitação em especial para o desfile, Caio garantiu que ela não fez nenhuma exigência, contribuindo apenas com o acesso ao acervo pessoal e relatos.

“No processo de construção do enredo a gente primeiro fez um um grande resumo de como seria contada a história da Helena e aí fomos visitá-la de novo, para ver o que ela achava da ideia de contar a história dela fazendo esses paralelos com o Iansã. Ela adorou, não pediu nenhuma mudança, não fez nenhuma exigência, ela é uma pessoa muito generosa, humilde e tranquila. Saímos bem apaixonados com a conversa que tivemos com ela e torço para que todo mundo que veja nosso desfile também se apaixone por ela como nós”, relatou.

Dona Helena Theodoro no barracão da MUM. Foto: Bruno Pompeu
Dona Helena Theodoro no barracão da MUM. Foto: Bruno Pompeu

Momento da carreira

Caio Araújo é formado em Artes Visuais, pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Depois de trabalhar como educador de 2011 até 2020, em diversas unidades do Sesc São Paulo, teve a oportunidade de atuar na equipe do carnavalesco Jorge Freitas, como desenhista e projetista de alegorias e fantasias.

Em 2023 assumiu o cargo de carnavalesco –  ao lado de William Tadeu, tinha também e o Wallace Vinícius – da Mocidade Unida da Mooca, com o enredo “O Santo Negro da Liberdade”. Para o desfile de 2024, o artista não esconde que há um gosto especial por poder assinar um projeto solo pela primeira vez.

“Este momento da minha carreira está sendo muito especial. Acho que tanto pelo enredo, por ter oportunidade de conhecer Helena Teodoro, como também num ano em que eu estou mais confiante com com tudo que está acontecendo, que eu estou me sentindo mais confortável no cargo que eu ocupo. Ano passado era uma parceria, não era só eu como carnavalesco, tinha o William Tadeu, tinha também e o Wallace Vinícius no comecinho do processo e esse ano tem essa coisa do voo solo também, que facilita um pouco as coisas, porque já tem essa relação estabelecida com a diretoria da escola, essa confiança que já foi se construindo ao longo do Carnaval do ano passado, mas acho que a ansiedade está maior em relação ao ano passado. Todo o processo foi mais tranquilo, gostoso e leve. No geral é um ano que eu me sinto mais seguro com tudo que está acontecendo no barracão e no ateliê de fantasias da Mooca”, finalizou.

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Em busca da inédita vaga no Grupo Especial, a Mocidade Unida da Mooca apresentará no Sambódromo do Anhembi o enredo “Oyá Helena”, que irá enaltecer e evidenciar a história de uma das principais intelectuais do Brasil: Helena Theodoro, pioneira e visionária sobre a cultura do povo preto.

A “MUM” será a oitava escola a desfilar no domingo, dia 11 de fevereiro, pelo Grupo de Acesso 1 do Carnaval de 2024 em São Paulo.

Ao SRzd, o carnavalesco Caio Araújo, explicou que a proposta do enredo é celebrar a vida e o legado da Helena Teodoro, e para isso a escola usou o livro mais popular dela, que é o “Iansã: rainha dos ventos e tempestades”.

“Vamos usar a relação de Helena com a Iansã, que é a mãe da cabeça dela. A ideia é pegar momentos e características de Iansã e filhos de Iansã e usar eles como paralelos para falar da carreira da Helena”, revelou.

Caio Araújo. Foto: Divulgação
Caio Araújo. Foto: Divulgação

A trajetória de Helena Theodoro

O artista falou que os desfiles do Acadêmicos do Salgueiro dos anos 60 foram usados como inspiração do no cortejo para este ano. Através de três carros alegóricos, quinze alas e alguns tripés, Caio espera que o desfile possa proporcionar surpresas visuais em todo tempo, para que a apresentação sempre seja dinâmica.

“A gente tem o primeiro momento da tempestade, a Iansã dos ventos e dos relâmpagos, que é Helena que dá a cara dela pra bater e muda os rumos ali academicismos brasileiros, as universidades brasileiras inserem o conhecimento preto, produzido por pessoas pretas, dentro desses lugares que antes eram completamente embranquecidos. Então o primeiro setor trás o nascimento de Helena como a tempestade da mudança. No segundo, a gente vai falar da Iansã das paixões, que não é atoa que uma filha de Iansã se apaixona pela escola que é regida por Xangô, então a gente explora toda relação dela com o Salgueiro e também constrói o repertório dela intelectualmente, porque as escolas de samba já estavam construindo conhecimento preto desde que elas são fundadas e a Helena percebe isso. No terceiro setor, vamos pegar aqui a Iansã que olha para Ossain com todas as folhas, não acha correto e ela gira a saia dela e faz a ventania para espalhar suas folhas para todos os outros orixás”, detalhou.

O sambista destaca que o conhecimento que Helena adquiriu durante sua vida não ficou apenas com ela, mas foi compartilhado com outras pessoas: “Ela populariza, distribui, ela chega em outras pessoas e se torna inspiração para outras mulheres pretas acadêmicas. Essa Helena que adquiriu todo o conhecimento que ela teve ao longo da vida, ela decide distribuir, vai ser professora, escreve livros, foi fazer programas de rádio para espalhar toda a potência preta que ela adquiriu ao longo da vida”.

Barracão da Mocidade Unida da Mooca. Foto: Divulgação
Barracão da Mocidade Unida da Mooca. Foto: Divulgação

Os principais pontos do desfile da Mocidade Unida da Mooca

De acordo com o carnavalesco, a abertura do desfile e o último carro serão destaques. “Fomos buscar nos escritos da Helena, principalmente no livre de Iansã, as inspirações visuais para toda abertura da escola. A gente olha para o império do Benim, que cresceu ao lado do Rio Níger – mas antigamente o nome dele em yorubá era Oya e é o rio que dá nome ao Orixá – e nesses impérios que cresceram ao longo desse rio foram aparecendo ali as primeiras esculturas, os primeiros objetos de culto Iansã. E isso inspirou toda a abertura da escola. Aposto também na nossa última alegoria, acho que este carro vai causar um efeito bem legal na Avenida”, atestou

A relação da MUM com o Salgueiro

Questionado se o Salgueiro – escola do coração de Helena – ajudou de alguma forma na construção do enredo, ou até na ajuda de materiais para o desfile da Mocidade, o carnavalesco contou que esta relação não aconteceu.

“Com o Salgueiro a gente não teve assim uma grande relação. Tivemos uma relação muito mais próxima com o Caxambu do Salgueiro, que é uma entidade que popularizou o Jongo desde muito tempo no Morro do Salgueiro e são bem parceiros da Helena, então em termos de material de pesquisa a gente recorreu muito a eles”, contou.

Dona Helena Theodoro no barracão da MUM. Foto: Bruno Pompeu
Dona Helena Theodoro no barracão da MUM. Foto: Bruno Pompeu

O convívio com Helena Theodoro

Em algumas oportunidades, a última no domingo, 28 de janeiro, durante ensaio técnico realizado no Sambódromo do Anhembi, a homenageada teve contato físico com a direção e parte da comunidade da Mooca.

Perguntado se a escritora fez alguma solicitação em especial para o desfile, Caio garantiu que ela não fez nenhuma exigência, contribuindo apenas com o acesso ao acervo pessoal e relatos.

“No processo de construção do enredo a gente primeiro fez um um grande resumo de como seria contada a história da Helena e aí fomos visitá-la de novo, para ver o que ela achava da ideia de contar a história dela fazendo esses paralelos com o Iansã. Ela adorou, não pediu nenhuma mudança, não fez nenhuma exigência, ela é uma pessoa muito generosa, humilde e tranquila. Saímos bem apaixonados com a conversa que tivemos com ela e torço para que todo mundo que veja nosso desfile também se apaixone por ela como nós”, relatou.

Dona Helena Theodoro no barracão da MUM. Foto: Bruno Pompeu
Dona Helena Theodoro no barracão da MUM. Foto: Bruno Pompeu

Momento da carreira

Caio Araújo é formado em Artes Visuais, pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Depois de trabalhar como educador de 2011 até 2020, em diversas unidades do Sesc São Paulo, teve a oportunidade de atuar na equipe do carnavalesco Jorge Freitas, como desenhista e projetista de alegorias e fantasias.

Em 2023 assumiu o cargo de carnavalesco –  ao lado de William Tadeu, tinha também e o Wallace Vinícius – da Mocidade Unida da Mooca, com o enredo “O Santo Negro da Liberdade”. Para o desfile de 2024, o artista não esconde que há um gosto especial por poder assinar um projeto solo pela primeira vez.

“Este momento da minha carreira está sendo muito especial. Acho que tanto pelo enredo, por ter oportunidade de conhecer Helena Teodoro, como também num ano em que eu estou mais confiante com com tudo que está acontecendo, que eu estou me sentindo mais confortável no cargo que eu ocupo. Ano passado era uma parceria, não era só eu como carnavalesco, tinha o William Tadeu, tinha também e o Wallace Vinícius no comecinho do processo e esse ano tem essa coisa do voo solo também, que facilita um pouco as coisas, porque já tem essa relação estabelecida com a diretoria da escola, essa confiança que já foi se construindo ao longo do Carnaval do ano passado, mas acho que a ansiedade está maior em relação ao ano passado. Todo o processo foi mais tranquilo, gostoso e leve. No geral é um ano que eu me sinto mais seguro com tudo que está acontecendo no barracão e no ateliê de fantasias da Mooca”, finalizou.

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