Palco encobre estátua de Madrinha Eunice em evento e revolta sambistas

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Desrespeito. O palco de um evento de cultura geek, apoiado pela Subprefeitura Sé e pelo Metrô, realizado neste domingo (17), na Liberdade, no centro de São Paulo, foi montado encostado na escultura de Deolinda Madre, conhecida como Madrinha Eunice, e gerou protestos de sambistas, entidades ligadas ao Carnaval de integrantes do Movimento Negro por conta da […]

POR Redação SRzd18/09/2023|5 min de leitura

Palco encobre estátua de Madrinha Eunice em evento e revolta sambistas

Estátua da sambista negra Madrinha Eunice escondida em evento. Foto: Reprodução/Liga-SP

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Desrespeito. O palco de um evento de cultura geek, apoiado pela Subprefeitura Sé e pelo Metrô, realizado neste domingo (17), na Liberdade, no centro de São Paulo, foi montado encostado na escultura de Deolinda Madre, conhecida como Madrinha Eunice, e gerou protestos de sambistas, entidades ligadas ao Carnaval de integrantes do Movimento Negro por conta da falta respeito e preservação da obra.

A escultura foi instalada em abril do ano passado e fez parte do projeto do Departamento do Patrimônio Histórico da cidade para homenagem a personalidades negras da cultura paulistana. Segundo apurado pela TV Globo, o evento foi encerrado após um grupo de pessoas protestarem no local.

Deolinda Madre, conhecida como Madrinha Eunice, é fundadora de uma das primeiras escolas de samba de São Paulo, a Lavapés, na década de 30, no bairro do Glicério, no Centro. A agremiação mais antiga em atividade, que já foi sete vezes campeã do Grupo Especial nos anos 1950 e 1960, é comandada pelo ator Aílton Graça com o nome Sociedade Recreativa Beneficente Esportiva da Escola de Samba Lavapés Pirata Negro,

Notas e manifestações

Em nota, a A São Paulo Turismo (SPTuris) informou que “foi contratada para apoiar a infraestrutura do Festival de Cultura Geek e participou somente da montagem, cumprindo as determinações do contratante. A localização exata do palco foi definida pelo promotor do evento, que foi realizado por meio de emenda parlamentar do vereador Aurélio Nomura”.

No comunicado, afirma que “a estátua de Madrinha Eunice não foi retirada do local original e todos os cuidados foram tomados para garantir a preservação do patrimônio público. Além de montagem do palco, a empresa ofereceu banheiros químicos, grades, equipamentos de som e iluminação, apoio operacional, entre outros serviços”.

Escultura Madrinha Eunice. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Escultura Madrinha Eunice. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

A Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo, postou uma nota em usas páginas de redes sociais expressão sua consternação diante do ocorrido:

A LIGA-SP expressa profunda consternação em relação à decisão dos organizadores do evento “Festival de Cultura Geek” de montar sua estrutura “escondendo” a estátua da madrinha Eunice, que simboliza a herança do samba.
A estátua da madrinha Eunice é um ícone venerado que representa a história, a tradição e a força do samba. É um símbolo da resistência e da cultura que deve ser celebrado e respeitado por todos nós. Sambista e ativista do movimento negro, Deolinda Madre ficou conhecida como Madrinha Eunice por batizar dezenas de crianças. Foi fundadora da Sociedade Recreativa Beneficente Esportiva da Escola de Samba Lavapés Pirata Negro, a mais antiga da capital paulista ainda em atividade, e é considerada um símbolo do carnaval paulistano.
A decisão de ocultar essa estátua é inaceitável e desrespeitosa para com nossa história e nossa comunidade. Ela mina os esforços de preservação e promoção do samba, que é parte intrínseca de nossa identidade cultural.
Exigimos que os organizadores revejam imediatamente essa ação e restaurem a visibilidade da estátua da madrinha Eunice em seu local de destaque. Além disso, pedimos que se comprometam a valorizar e honrar a herança do samba em todos os aspectos de seus eventos futuros. O samba é nossa paixão e nossa cultura, e não aceitaremos nenhum ato que desrespeite suas raízes e seu significado. Juntos, continuaremos a lutar pela preservação e celebração do samba em sua forma mais autêntica.

Também por meio de nota, a Secretaria Municipal de Cultura disse que “tomou conhecimento sobre a situação e o caso está sendo investigado para que os envolvidos sejam notificados, multados ou aplicadas as sanções que lhe forem cabíveis. Vale salientar que a SMC entende o episódio como desrespeito à memória da sambista Madrinha Eunice e tomará todas as previdências cabíveis para que episódios como esse não se repitam mais”.

Escultura Madrinha Eunice, uma das baluartes do samba de São Paulo. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Escultura Madrinha Eunice, uma das baluartes do samba de São Paulo. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

“A Subprefeitura Sé esclarece que autorizou o evento Festival de Cultura Geek, de acordo com a portaria nº 007-PR-SÉ/ GAB/ 2017, que estabelece instruções quanto a solicitações de autorização de uso de bens públicos municipais para realização de eventos. O evento também possuía Alvará de Autorização para Evento Temporário deferido pela Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL).”

Em nota, a União das Escolas de Samba Paulistanas (Uesp) informou que “hoje (17/9) está acontecendo um evento no bairro Liberdade, justamente na praça em que está a escultura de Madrinha Eunice e vimos com tristeza e indignação que ela foi completamente ignorada, segregada e apagada”.

“A estátua de Madrinha Eunice não está no Bairro Liberdade à toa: a matriarca saiu de Piracicaba aos 12 anos para viver em São Paulo, no Bairro Liberdade. Ali, fundou a Lavapés (hoje Lavapés Pirata Negro), entidade com mais de 80 anos de existência. Esta escultura faz parte do projeto do DPH (Departamento de Patrimônio Histórico), pela grandeza e altivez de Madrinha Eunice”, afirma o comunicado.

E finaliza: “Entendemos e valorizamos todas as manifestações culturais e sabemos da importância do Festival Cultura Geek e das associações nipo-brasileiras. Mas, solicitamos explicações da Subprefeitura da Sé e da Associação Brasil Nippo com relação a esse descaso com esse ícone da cultura popular. Não podemos aceitar que a escultura de Madrinha Eunice seja desprezada, ocultada e escondida”.

Desrespeito. O palco de um evento de cultura geek, apoiado pela Subprefeitura Sé e pelo Metrô, realizado neste domingo (17), na Liberdade, no centro de São Paulo, foi montado encostado na escultura de Deolinda Madre, conhecida como Madrinha Eunice, e gerou protestos de sambistas, entidades ligadas ao Carnaval de integrantes do Movimento Negro por conta da falta respeito e preservação da obra.

A escultura foi instalada em abril do ano passado e fez parte do projeto do Departamento do Patrimônio Histórico da cidade para homenagem a personalidades negras da cultura paulistana. Segundo apurado pela TV Globo, o evento foi encerrado após um grupo de pessoas protestarem no local.

Deolinda Madre, conhecida como Madrinha Eunice, é fundadora de uma das primeiras escolas de samba de São Paulo, a Lavapés, na década de 30, no bairro do Glicério, no Centro. A agremiação mais antiga em atividade, que já foi sete vezes campeã do Grupo Especial nos anos 1950 e 1960, é comandada pelo ator Aílton Graça com o nome Sociedade Recreativa Beneficente Esportiva da Escola de Samba Lavapés Pirata Negro,

Notas e manifestações

Em nota, a A São Paulo Turismo (SPTuris) informou que “foi contratada para apoiar a infraestrutura do Festival de Cultura Geek e participou somente da montagem, cumprindo as determinações do contratante. A localização exata do palco foi definida pelo promotor do evento, que foi realizado por meio de emenda parlamentar do vereador Aurélio Nomura”.

No comunicado, afirma que “a estátua de Madrinha Eunice não foi retirada do local original e todos os cuidados foram tomados para garantir a preservação do patrimônio público. Além de montagem do palco, a empresa ofereceu banheiros químicos, grades, equipamentos de som e iluminação, apoio operacional, entre outros serviços”.

Escultura Madrinha Eunice. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Escultura Madrinha Eunice. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

A Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo, postou uma nota em usas páginas de redes sociais expressão sua consternação diante do ocorrido:

A LIGA-SP expressa profunda consternação em relação à decisão dos organizadores do evento “Festival de Cultura Geek” de montar sua estrutura “escondendo” a estátua da madrinha Eunice, que simboliza a herança do samba.
A estátua da madrinha Eunice é um ícone venerado que representa a história, a tradição e a força do samba. É um símbolo da resistência e da cultura que deve ser celebrado e respeitado por todos nós. Sambista e ativista do movimento negro, Deolinda Madre ficou conhecida como Madrinha Eunice por batizar dezenas de crianças. Foi fundadora da Sociedade Recreativa Beneficente Esportiva da Escola de Samba Lavapés Pirata Negro, a mais antiga da capital paulista ainda em atividade, e é considerada um símbolo do carnaval paulistano.
A decisão de ocultar essa estátua é inaceitável e desrespeitosa para com nossa história e nossa comunidade. Ela mina os esforços de preservação e promoção do samba, que é parte intrínseca de nossa identidade cultural.
Exigimos que os organizadores revejam imediatamente essa ação e restaurem a visibilidade da estátua da madrinha Eunice em seu local de destaque. Além disso, pedimos que se comprometam a valorizar e honrar a herança do samba em todos os aspectos de seus eventos futuros. O samba é nossa paixão e nossa cultura, e não aceitaremos nenhum ato que desrespeite suas raízes e seu significado. Juntos, continuaremos a lutar pela preservação e celebração do samba em sua forma mais autêntica.

Também por meio de nota, a Secretaria Municipal de Cultura disse que “tomou conhecimento sobre a situação e o caso está sendo investigado para que os envolvidos sejam notificados, multados ou aplicadas as sanções que lhe forem cabíveis. Vale salientar que a SMC entende o episódio como desrespeito à memória da sambista Madrinha Eunice e tomará todas as previdências cabíveis para que episódios como esse não se repitam mais”.

Escultura Madrinha Eunice, uma das baluartes do samba de São Paulo. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Escultura Madrinha Eunice, uma das baluartes do samba de São Paulo. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

“A Subprefeitura Sé esclarece que autorizou o evento Festival de Cultura Geek, de acordo com a portaria nº 007-PR-SÉ/ GAB/ 2017, que estabelece instruções quanto a solicitações de autorização de uso de bens públicos municipais para realização de eventos. O evento também possuía Alvará de Autorização para Evento Temporário deferido pela Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL).”

Em nota, a União das Escolas de Samba Paulistanas (Uesp) informou que “hoje (17/9) está acontecendo um evento no bairro Liberdade, justamente na praça em que está a escultura de Madrinha Eunice e vimos com tristeza e indignação que ela foi completamente ignorada, segregada e apagada”.

“A estátua de Madrinha Eunice não está no Bairro Liberdade à toa: a matriarca saiu de Piracicaba aos 12 anos para viver em São Paulo, no Bairro Liberdade. Ali, fundou a Lavapés (hoje Lavapés Pirata Negro), entidade com mais de 80 anos de existência. Esta escultura faz parte do projeto do DPH (Departamento de Patrimônio Histórico), pela grandeza e altivez de Madrinha Eunice”, afirma o comunicado.

E finaliza: “Entendemos e valorizamos todas as manifestações culturais e sabemos da importância do Festival Cultura Geek e das associações nipo-brasileiras. Mas, solicitamos explicações da Subprefeitura da Sé e da Associação Brasil Nippo com relação a esse descaso com esse ícone da cultura popular. Não podemos aceitar que a escultura de Madrinha Eunice seja desprezada, ocultada e escondida”.

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