Brasília 2017: ‘Vazante’ mostra a contemporaneidade arcaica do Brasil escravocrata

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Nem sempre um Festival de Cinema é o melhor lugar para se assistir a um filme. Tal paradoxo se confirmou mais uma vez ontem (16), primeira noite da mostra competitiva deste 50º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Após três curtas (dois deles, inclusive, beirando os 30 minutos cada), um longa e um intervalo, chegou […]

POR Celso Sabadin17/09/2017|2 min de leitura

Brasília 2017: ‘Vazante’ mostra a contemporaneidade arcaica do Brasil escravocrata

Vazante. Foto: Divulgação

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Nem sempre um Festival de Cinema é o melhor lugar para se assistir a um filme. Tal paradoxo se confirmou mais uma vez ontem (16), primeira noite da mostra competitiva deste 50º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Após três curtas (dois deles, inclusive, beirando os 30 minutos cada), um longa e um intervalo, chegou finalmente a vez da exibição de “Vazante”, que encontrou diante de si uma plateia cansada não apenas pela extensa programação, como também – e talvez principalmente – pelo atraso já superior a uma hora na sessão como um todo.

Ao apresentar seu longa, a diretora Daniela Thomas pediu um pouco de paciência e boa vontade à plateia, pois o esforço valeria a pena. Como de fato valeu.

Ambientado no interior de Minas nos anos 1820, “Vazante” é um retrato denso e real da formação de nós mesmos. O roteiro, escrito pela própria diretora e por Beto Amaral, conta a história do fazendeiro Antonio, que ao voltar de uma longa viagem descobre que sua mulher morreu em trabalho de parto. Sozinho, ele busca um novo casamento com Beatriz, ainda uma menina, numa época e num patamar social em que mal se diferenciam os limites entre esposas, gado e escravos.

Com o rigor técnico que sempre caracteriza a obra de Daniela, e uma belíssima fotografia em preto e branco, “Vazante” é um painel histórico-social-antropológico brasileiro travestido de drama familiar. Mostra o Brasil das estruturas humanas apodrecidas, da mercantilização escravocrata, do domínio do poderio elitista das terras improdutivas. Um país arcaico por natureza, submisso e submetido, terreno fértil de violências e traições perpetuadas por estruturas que lutam ferozmente contra mudanças significativas. Onde o fazendeiro Antonio e sua Beatriz são apenas a pequena representação simbólica individualizada de uma ampla tragédia nacional que parece ter entrado em moto contínuo. Uma preciosidade.

No elenco, Adriano Carvalho, Luana Nastas, Sandra Corveloni, Juliana Carneiro Da Cunha, Roberto Audio, Fabrício Boliveira, Vinicius Dos Anjos, Maria Helena Dias.

 

Celso Sabadin viajou a Brasília a convite da organização do evento

 

Nem sempre um Festival de Cinema é o melhor lugar para se assistir a um filme. Tal paradoxo se confirmou mais uma vez ontem (16), primeira noite da mostra competitiva deste 50º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Após três curtas (dois deles, inclusive, beirando os 30 minutos cada), um longa e um intervalo, chegou finalmente a vez da exibição de “Vazante”, que encontrou diante de si uma plateia cansada não apenas pela extensa programação, como também – e talvez principalmente – pelo atraso já superior a uma hora na sessão como um todo.

Ao apresentar seu longa, a diretora Daniela Thomas pediu um pouco de paciência e boa vontade à plateia, pois o esforço valeria a pena. Como de fato valeu.

Ambientado no interior de Minas nos anos 1820, “Vazante” é um retrato denso e real da formação de nós mesmos. O roteiro, escrito pela própria diretora e por Beto Amaral, conta a história do fazendeiro Antonio, que ao voltar de uma longa viagem descobre que sua mulher morreu em trabalho de parto. Sozinho, ele busca um novo casamento com Beatriz, ainda uma menina, numa época e num patamar social em que mal se diferenciam os limites entre esposas, gado e escravos.

Com o rigor técnico que sempre caracteriza a obra de Daniela, e uma belíssima fotografia em preto e branco, “Vazante” é um painel histórico-social-antropológico brasileiro travestido de drama familiar. Mostra o Brasil das estruturas humanas apodrecidas, da mercantilização escravocrata, do domínio do poderio elitista das terras improdutivas. Um país arcaico por natureza, submisso e submetido, terreno fértil de violências e traições perpetuadas por estruturas que lutam ferozmente contra mudanças significativas. Onde o fazendeiro Antonio e sua Beatriz são apenas a pequena representação simbólica individualizada de uma ampla tragédia nacional que parece ter entrado em moto contínuo. Uma preciosidade.

No elenco, Adriano Carvalho, Luana Nastas, Sandra Corveloni, Juliana Carneiro Da Cunha, Roberto Audio, Fabrício Boliveira, Vinicius Dos Anjos, Maria Helena Dias.

 

Celso Sabadin viajou a Brasília a convite da organização do evento

 

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